PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E OS OBSTÁCULOS EPISTEMOLÓGICOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Palavras-chave: metodologias, Residência Pedagógica, Aprendizagem

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo analisar os obstáculos epistemológicos no Ensino de Ciências existente em relatos de experiência de práticas pedagógicas no âmbito do Programa Residência Pedagógica (PRP) de uma Instituição de Ensino Superior (IES) Pública do Sul do Brasil. A pesquisa parte de uma abordagem qualitativa, na qual o corpus de pesquisa constituiu-se a partir de relatos de experiência desenvolvidos pelos residentes do Subprojeto Residência Pedagógica Biologia, Física e Química (2020-2022) e publicados na edição de 2021 do XVII Encontro sobre Investigação na Escola (EIE): Experiências, diálogos e (re) escritas em rede. Assim, os trabalhos foram selecionados e analisados na perspectivas da análise de conteúdo, a qual compreende três etapas: pré-análise, momento em que ocorreu a escolha e organização do corpus de pesquisa, posteriormente o movimento de exploração do material, codificando os trabalhos selecionados e identificando as unidades de registro e de contexto, a fim de identificar os obstáculos epistemológicos e o último movimento foi o tratamento dos resultados, inferências e interpretação, no qual partimos da análise para a teorização, tentando estabelecer conexões e relações que possibilitaram a proposição de novas explicações e interpretações. Por meio do movimento de análise, identificamos as unidades de contexto e com isso observamos os obstáculos epistemológicos presentes no desenvolvimento dessas atividades descritas pelos residentes. Após o movimento de análise identificamos que um dos obstáculos epistemológicos mais encontrados nas práticas pedagógicas foi o da experiência primeira (17/32), este diz respeito às opiniões e observação básica, entende a experiência primeira como um obstáculo inicial para a cultura científica, pois ela é caracterizada como algo pitoresco, colorido, repleto de imagens, que chama a atenção dos estudantes. O obstáculo animista também esteve presente nos relatos de experiência analisados (7/32), este é caracterizado pelo uso de metáforas e analogias biológicas, a uma substância e/ou fenômeno inanimado. Esse recurso lúdico muitas vezes pode desenfrear o pensamento científico nos estudantes. O obstáculo realista foi encontrado (5/32) em geral nos trabalhos que tinham como objetivo a confecção de modelos didáticos. O obstáculo do conhecimento unitário e pragmático encontrado em menor frequência (4/32), evidencia uma generalização extrema, na medida em que se parte de um caso ou conceito particular para elucidar todos os outros fenômenos. Por meio da pesquisa identificamos que, as práticas pedagógicas realizadas no espaço do PRP são importantes e necessárias para o Ensino de Ciências, porém em alguns casos as metodologias utilizadas podem se tornar obstáculos epistemológicos para a aprendizagem, uma vez, algumas atividades impedem e bloqueiam a gênese do conhecimento do real e de novas ideias, representando um imobilismo da ciência, impedindo o progresso dela. Com isso, ressaltamos a importância do papel do professor como mediador no processo de aprendizagem, sendo ele responsável pelas estratégias didáticas.

Biografia do Autor

Tailine Penedo Batista, Universidade Federal da Fronteira Sul

Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Ensino de Ciências (PPGEC- UFFS). Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Cerro Largo. Participante do projeto de extensão Ciclos Formativos em Ensino de Ciências e Matemática e do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática (GEPECIEM)- UFFS, Cerro Largo/RS. Atuou como bolsista de Iniciação Tecnológica e de Inovação (FAPERGS). Foi voluntária no projeto guarda-chuva: Epistemologia e formação de professores. Foi bolsista dos programas: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID período 2017) e Residência Pedagógica (período 2018-2019). Durante a graduação trabalhou com pesquisa na área de formação inicial e continuada de professores e tecnologias educacionais

Eliane Gonçalves dos Santos, Universidade Federal da Fronteira Sul

Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (2002). Especialização em Interdisciplinaridade pela FACIPAL (2003). Mestrado em Ensino Científico e Tecnológico (2011) pela URI. Doutora em Educação nas Ciências (UNIJUÍ), com período sanduíche na Universidade do Minho (Braga, Portugal). Já atuou como professora da Educação Básica. Atualmente professora de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Ciências e Biologia da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Cerro Largo e docente do Programa de Programa de Pós-graduação no Ensino de Ciências (PPGEC), atuando na pesquisa, extensão e docência, principalmente nos temas: formação inicial e continuada de professores, cinema e o ensino de ciências/biologia, educação em saúde, práticas pedagógicas, história da ciência e concepções de ciência, Metodologias de ensino. Coordenou o PIBID/CAPES, Subprojeto Ciências Biológicas, Residência Pedagógica/CAPES, Subprojeto Multidisciplinar 2018/2020 e atualmente coordena o Residência Pedagógica, Subprojeto Biologia, Física, Química. Membro do grupo de pesquisa GEPECIEM.

Publicado
23-10-2023