ATRAZINA EM ARROIOS DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO COMANDAÍ

Palavras-chave: Cromatografia, Monitoramento, Agrotóxicos, Riachos

Resumo

Compostos agrotóxicos podem atingir águas superficiais por diferentes formas de transporte, tais como carreamento ou lançamento direto. Atrazina é um herbicida e um dos principais compostos utilizados no Brasil, sendo um dos mais consumidos. O objetivo deste trabalho foi investigar a presença desse agrotóxico em águas superficiais de três arroios situados na sub-bacia hidrográfica do rio Comandaí, a qual se localiza na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Foram realizadas coletas de água superficial de 3 pontos (nascente, intermediário e foz) de cada um dos riachos (Comandaízinho, Giruá e Lambedor), na primavera do ano de 2022. Posteriormente as amostras foram filtradas e submetidas ao preparo de amostra pela técnica de extração em fase sólida (SPE – do inglês Solid Phase Extraction) e a determinação foi realizada por meio de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS). O método de preparo foi validado seguindo as recomendações do Inmetro. O limite de quantificação do método (LQOm) para esse composto é de 0,01 μg L-1. Após análise em LC-MS, verificou-se que, o composto atrazina foi detectado em 4 pontos, sendo abaixo do LQOm em 3 pontos (nascente dos arroios Comandaízinho e Giruá, e intermediário do arroio Giruá) e quantificado em 1 ponto em concentração de 0,021 μg L-1 (foz do arroio Comandaízinho). No arroio Lambedor, o composto não foi detectado em nenhum ponto amostral. A presença desse agrotóxico pode estar relacionada com seu uso nas atividades agrícolas desenvolvidas na região estudada e a escoamentos superficiais provocados por precipitações que os levaram ao corpo hídrico. Tendo em vista a legislação CONAMA n° 357/2005, a qual estabelece o enquadramento e padrões de qualidade para os corpos hídricos superficiais, os resultados atendem o limite de 2 μg L-1 estabelecido para a Classe 2, a qual se inserem os arroios estudados. De acordo com o critério de Goss, um critério que avalia o potencial de contaminação de um composto através do transporte dissolvido na água e transportado em sedimentos, o agrotóxico atrazina, mesmo encontrando em baixas concentrações, representa risco de contaminação das águas, alto quando associado ao transporte dissolvido na água e médio quando associado ao transporte em sedimentos em suspensão. Apesar de dentro dos padrões disponíveis em legislação, a presença desse composto é preocupante, pois o mesmo é classificado como bioacumulativo e não biodegradável, e pode apresentar toxicidade em peixes. Desse modo, os resultados obtidos acendem um alerta para a presença de atrazina nos arroios estudados e denotam que o monitoramento da presença de agrotóxicos em corpos hídricos é de suma importância, principalmente quando consideram aqueles com potencial de contaminação.

Publicado
24-10-2023