SINALIZAÇÃO PURINÉRGICA NA HIPÓXIA-ISQUEMIA NEONATAL: INTERAÇÕES ENTRE ADENOSINA E RECEPTORES P2X7 NA GÊNESE DE CONVULSÕES
Palavras-chave:
Hipóxia-Isquemia Neonatal, Receptor P2X7, Adenosina, Convulsões, Sinalização PurinérgicaResumo
Introdução: As convulsões neonatais são manifestações clínicas frequentes após hipóxia-isquemia (HI) neonatal e associam-se a risco aumentado de morbidades neurológicas, como epilepsia e atraso no desenvolvimento. A sinalização purinérgica, composta por receptores ativados por nucleotídeos extracelulares como ATP e seus metabólitos, é cada vez mais consolidada como mediadora essencial da resposta inflamatória e da excitabilidade cerebral em situações de lesões hipóxicas. O receptor P2X7, ativado por altas concentrações de ATP extracelular, contribui para a neuroinflamação e morte celular, enquanto a adenosina tem efeito neuroprotetor, porém sua ação pode ser comprometida pelo aumento da atividade da adenosina deaminase (ADA) após lesões HI. Objetivos: Analisar, com base em evidências atuais, como a interação entre a ativação do receptor P2X7 e a redução da disponibilidade de adenosina contribui para a fisiopatologia das convulsões neonatais após HI, e discutir o potencial desses mecanismos como alvos terapêuticos. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa fundamentada em artigos de acesso aberto indexados na base PubMed. Foram incluídos estudos recentes que investigam a sinalização purinérgica na lesão hipóxico-isquêmica neonatal e sua correlação com eventos convulsivos. Resultados e Discussão: Estudos mostram que, após HI neonatal, há um aumento acentuado da liberação de ATP para o meio extracelular, o qual ativa receptores P2X7 expressos em astrócitos e microglia, que por sua vez promovem a liberação de citocinas pró-inflamatórias e agravam a excitabilidade neuronal. Concomitantemente, a adenosina – derivada da metabolização de ATP – exerce efeito neuroprotetor via receptores A1. Contudo, a elevação da atividade da enzima ADA1 reduz sua biodisponibilidade, o que favorece processos inflamatórios e excitatórios. O desbalanço entre os efeitos pró-inflamatórios do P2X7 e os efeitos moduladores da adenosina pode amplificar a suscetibilidade a convulsões neonatais e suas consequências. Considerações Finais: A interação entre ATP/P2X7 e adenosina/ADA1 configura um eixo central na fisiopatologia das convulsões pós-HI neonatal. Estratégias terapêuticas que inibam o P2X7 e preservem os níveis de adenosina surgem como abordagens promissoras na prevenção de danos neurológicos em neonatos vulneráveis, as quais podem mostrar-se alternativas mais eficazes em relação aos tratamentos da atualidade.