O PAPEL DAS INTERFACES CÉREBRO-MÁQUINA COMO ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO MOTORA EM LESÕES NEUROLÓGICAS GRAVES

Autores/as

  • André Crenak Caldeira Delforge Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ana Paula Gomes Rodrigues Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Mariana Feitosa Fonteles Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Pedro Lucas dos Santos Cardoso Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Daniela Zanini Universidade Federal da Fronteira Sul

Palabras clave:

Interfaces Cérebro-Máquina, Reabilitação Motora, Lesões Neurológicas Graves, Neuroplasticidade

Resumen

Introdução: As Interfaces Cérebro-Máquina (ICMs) são tecnologias capazes de associar a atividade cerebral de pacientes com deficiência motora ao controle de dispositivos externos, com o objetivo de reabilitar a motricidade de membros afetados. Essas neurotecnologias utilizam técnicas de estimulação cerebral que favorecem a reorganização dos circuitos motores por meio da neuroplasticidade. As principais indicações de uso envolvem deficiências neuromusculares associadas a lesões neurológicas graves, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), lesões medulares e Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Objetivos: Investigar o papel das ICMs como recurso tecnológico aplicado à reabilitação motora de pacientes com lesões neurológicas graves, com ênfase em sua eficácia clínica e potencial de integração com outras terapias. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura narrativa, com abordagem qualitativa, realizada por meio de buscas na base de dados PubMed, considerando publicações entre 2020 e 2025 que abordassem o uso de ICMs na reabilitação motora em lesões neurológicas graves. Resultados e Discussão: Os estudos analisados indicam que as ICMs representam um avanço relevante na reabilitação de indivíduos com lesões neurológicas graves. Evidências demonstram melhora funcional significativa, avaliada por escalas como o Fugl-Meyer Assessment (FMA-UE) e o Action Research Arm Test (ARAT), com desempenho superior ao de terapias convencionais isoladas. As ICMs funcionam como sistemas de modulação neurofuncional, integrando os eixos central e periférico na indução da neuroplasticidade. Estudos também relatam melhores desfechos clínicos com a associação de ICMs a outras intervenções terapêuticas, como estimulação elétrica funcional, robótica assistiva e feedback visual. Ainda assim, a literatura aponta variações metodológicas e ausência de consenso sobre a intensidade ideal do treinamento, o que limita a replicabilidade e a aplicação clínica ampla. Considerações Finais: As ICMs demonstram potencial terapêutico relevante, promovendo ativação de vias motoras residuais e ganhos funcionais por meio da plasticidade cerebral. Sua integração com outras terapias favorece abordagens individualizadas. No entanto, a consolidação dessa tecnologia na rotina clínica demanda o fortalecimento de evidências por meio de estudos controlados, além do desenvolvimento de diretrizes éticas e metodológicas que assegurem sua eficácia, segurança, acessibilidade e equidade de uso.

Publicado

30-05-2025