DISPARIDADES REGIONAIS NO IMPACTO DA COBERTURA DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REDUÇÃO DE ÓBITOS INFANTIS EM SANTA CATARINA (2014-2023)
Palavras-chave:
Estratégias de Saúde Nacionais, Mortalidade Infantil, Análise de RegressãoResumo
Introdução: A atenção primária à saúde tem como um de seus pilares a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que atua baseada em macrorregiões. Essas macrorregiões de saúde (MRS) possibilitam a avaliação de condições de saúde de diferentes territórios. Nesse sentido, a avaliação de óbitos infantis é importante para a melhora de indicadores de saúde infantil no estado. Objetivos: Avaliar a associação entre a cobertura da ESF e os óbitos infantis nas MRS de Santa Catarina (SC), no período entre 2014 e 2023. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, observacional e ecológico retrospectivo utilizando os dados de mortalidade infantil obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade, entre 2014 e 2023, estratificados por MRS. Empregou-se regressão linear simples em cada MRS e em nível estadual, com cobertura da ESF como variável preditora e número de óbitos infantis como desfecho, ajustando modelos no software R. Considerou-se significativo o p-valor < 0,05 e calculou-se o R² ajustado (R²aj.) para avaliar o grau de explicação de cada modelo. Resultados e Discussão: Apenas nas MRS Grande Florianópolis e Planalto Norte e Nordeste, bem como em SC como um todo, observou-se associação negativa significativa (p<0,05), indicando que cada acréscimo de 1% na cobertura da ESF correspondeu a uma redução média de 0,43, 0,56 e 0,75 óbitos, respectivamente. Estas três análises apresentaram R²aj. superiores a 0,45, sugerindo boa capacidade explicativa do modelo nesses contextos. Nas demais MRS, os coeficientes foram pouco explicativos (R²aj. entre 0,02 e 0,22, p-valor > 0,05), evidenciando heterogeneidade regional na efetividade da ESF. A ausência de associação nessas regiões reforça a necessidade de considerar determinantes sociais da saúde (DSS) e acesso a serviços complementares além da mera cobertura. Nesse contexto, a variação na força de associação sugere que fatores locais possam modular o impacto da ESF. Ademais, esses achados podem contribuir para orientar políticas mais eficazes. Recomenda-se, portanto, estudos que incorporem variáveis contextuais, de modo a elucidar mecanismos que expliquem as discrepâncias observadas. Conclusões: O aumento da cobertura da ESF mostrou efeito protetor sobre a mortalidade infantil em SC e em algumas MRS, mas não em todas, indicando variabilidade regional. A baixa explicação estatística em várias áreas e o desenho ecológico do estudo sugerem influência de DSS, estruturais e de qualidade do cuidado não capturados pelo modelo.