PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS OCORRIDOS EM DECORRÊNCIA DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E ARTRITE REUMATOIDE EM SANTA CATARINA (2014-2023)
Palavras-chave:
Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite Reumatóide, Doença autoimuneResumo
Introdução: As doenças autoimunes sistêmicas, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide, podem evoluir para complicações multissistêmicas fatais, mas os padrões de mortalidade permanecem pouco descritos em nível populacional. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos óbitos atribuídos em decorrência de lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide ocorridos em Santa Catarina, entre 2014 e 2023. Metodologia: Estudo quantitativo, observacional e retrospectivo, de delineamento ecológico, baseado em registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATASUS). Foram extraídos todos os óbitos com menção de lúpus (CID-10 M32) ou artrite reumatoide (CID-10 M05–M06) como causa base, entre 2014 e 2023. Variáveis analisadas incluíram ano do óbito, sexo, faixa etária, raça, estado civil, escolaridade e causas associadas (capítulos CID-10). O teste qui-quadrado foi realizado no software R (v. 4.5.0), nível de significância de 5 %. Resultados e Discussão: Identificaram-se 385 óbitos, 76,4% em mulheres (n=294) e 23,6% em homens (n=91). A distribuição anual manteve-se relativamente estável, sem diferença entre os sexos (p=0,61). Houve predomínio de faixas etárias ≥ 50 anos, mas a proporção de homens ≥ 70 anos foi maior que a de mulheres (28,6% vs. 17,3%; p=0,029), sugerindo possível retardo no diagnóstico ou pior prognóstico masculino. A maioria dos óbitos ocorreu entre pessoas de raça/cor branca (89,9%), porém a representação de pretos/pardos foi ligeiramente maior entre homens (12,1% vs. 9,5%; p=0,049), indicando desigualdades raciais. Entre as causas associadas, doenças respiratórias (18,2%) e circulatórias (16,6%) lideraram, seguidas por complicações musculoesqueléticas (16,4%), apontando para impacto sistêmico e necessidade de vigilância de comorbidades. Conclusões/Considerações Finais: Os óbitos em decorrência de lúpus e artrite reumatoide em Santa Catarina concentram-se em mulheres, mas homens apresentam mortalidade relativamente maior em idades avançadas e piores indicadores sociodemográficos. As principais causas associadas envolvem sistemas respiratório e circulatório, reforçando a importância de cuidado multidisciplinar contínuo. Achados sugerem disparidades raciais e de escolaridade que podem influenciar o acesso ao diagnóstico e tratamento. Estratégias de saúde pública devem priorizar o rastreamento precoce, o manejo integrado de comorbidades e a redução de iniquidades para mitigar a mortalidade relacionada a doenças autoimunes.