A  LACUNA DE GÊNERO NA PESQUISA CARDIOVASCULAR: MULHERES COMO MINORIA EM ENSAIOS CLÍNICOS

Autores

  • Thais Nascimento Helou
  • Ana Laura Ferrari Fantin UFFS Chapecó
  • Ana Carolina Sheid Demor
  • Ellen Raíssa Borghetti Dorigon
  • Iago Alencar Julião de Menezes
  • Maria Vitória Abreu Sales
  • Samara Ferreira Soares
  • Michelli Fontana

Palavras-chave:

Saúde cardiovascular; Ensaios clínicos; Equidade em saúde; Mulheres; Gênero e Saúde.

Resumo

Introdução: Apesar dos avanços na medicina cardiovascular, as mulheres seguem sub-representadas nos ensaios clínicos, reflexo de uma tradição científica que adotou o corpo masculino como referência. A exclusão ou inclusão não estratificada compromete a aplicabilidade dos resultados às pacientes mulheres e aprofunda desigualdades em saúde. Objetivo: Analisar a sub-representação feminina em ensaios clínicos cardiovasculares e os impactos nos desfechos clínicos e no acesso a terapias baseadas em evidências. Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa da literatura na base PubMed, com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “Cardiovascular Diseases”, “Women” e “Clinical Trials as Topic”, combinados pelo operador booleano “AND”. Os descritores foram escolhidos por permitirem a identificação de estudos sobre doenças cardiovasculares, com foco em mulheres e em ensaios clínicos. Foram encontrados 45 artigos publicados entre 2021 e 2025. Após triagem por título e resumo, 8 artigos atenderam aos critérios de inclusão (ensaios clínicos ou revisões sistemáticas com análise de participação feminina). Resultados e Discussão: Os estudos apontam que a participação feminina permanece abaixo do ideal, especialmente em ensaios de insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio e intervenções invasivas. A maioria utilizou critérios de inclusão ditos “neutros”, que acabam excluindo mulheres por fatores como idade reprodutiva ou comorbidades prevalentes no sexo feminino. Gestantes e lactantes são quase sempre excluídas. Quando incluídas, os dados são raramente estratificados por sexo, o que dificulta a identificação de diferenças importantes, como maior risco de arritmias e assincronia ventricular nas mulheres. Além disso, estudos liderados por pesquisadoras mostraram maior inclusão feminina, evidenciando a importância da equidade na produção científica. Conclusão: A sub-representação das mulheres compromete a validade externa dos estudos e limita o acesso a cuidados baseados em evidências. Promover a inclusão feminina em todas as etapas dos ensaios clínicos é essencial para uma medicina mais precisa, segura e igualitária.

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Publicado

30-05-2025