MONITORIA ACADÊMICA DOS COMPONENTES DE HISTOLOGIA E BIOLOGIA CELULAR SOB O OLHAR DE MONITORES NEURODIVERGENTES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • Valéria Borges Barichello Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Ana Carolina Scheid Demori Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Carolina Maliska Haack Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Symon Martins Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Leonardo Barbosa Leiria Universidade Federal da Fronteira Sul

Palavras-chave:

Monitoria, Neurodivergente, TEA, TDAH, Histologia

Resumo

Introdução: A monitoria acadêmica (MA) é um recurso complementar à construção do conhecimento no ensino superior para discentes e contribui para aprimorar as habilidades sociais dos monitores. Contudo, organizar e ministrar a MA pode ser desafiador para estudantes com transtornos do neurodesenvolvimento, que possuem déficits que resultam em prejuízos no funcionamento pessoal, social e acadêmico. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. No Transtorno do Espectro Autista (TEA) há déficits na comunicação e interação social, acompanhados de padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades. Objetivos: Relatar a experiência de dois estudantes de medicina com diagnóstico de TEA e TDAH, durante a MA em Histologia e Biologia Celular, destacando os desafios enfrentados, as estratégias adaptativas e os impactos da MA no aprendizado e desenvolvimento pessoal. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo e retrospectivo, do tipo relato de experiência. A reflexão se baseia na vivência de dois estudantes neurodivergentes durante a MA, considerando relatos pessoais. Resultados e Discussão: Para o monitor com TEA, a previsibilidade e a manutenção da rotina durante as atividades facilitaram a experiência. A constância das duplas de trabalho e o padrão da MA favoreceu a adaptação, proporcionando segurança e organização. Relatou preocupação inicial quanto à aceitação, por ser autista e mais jovem que alguns alunos, mas não houve episódios de preconceito. Já o monitor com TDAH enfrentou dificuldades relacionadas à organização e manutenção da atenção, exigindo estratégias específicas para lidar com prazos e foco. O uso de agenda, esquemas visuais, desenhos e analogias nas explicações foram recursos adotados para facilitar tanto o ensino quanto a própria aprendizagem. A prática com lâminas e o caráter visual das atividades foram apontados como facilitadores da aprendizagem e da consolidação de conteúdos estudados em períodos posteriores para ambos os monitores. Conclusões/Considerações Finais: A MA se revelou um espaço de desenvolvimento para além do conteúdo curricular, favorecendo a autonomia e a autoconfiança. A previsibilidade, a estrutura organizacional do programa e o apoio interpessoal foram decisivos para uma experiência positiva, evidenciando a importância de práticas pedagógicas inclusivas no meio acadêmico.

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Publicado

30-05-2025