ESTIGMA ASSOCIADO AO EXAME RETAL DIGITAL: UMA ANÁLISE MULTIFATORIAL NA REGIÃO SUL DO BRASIL

Autores

Palavras-chave:

Exame retal digital. Neoplasia prostática. Câncer de Próstata. Educação em saúde.

Resumo

Introdução: A região Sul do Brasil vivencia uma transição epidemiológica em que a morbidade e mortalidade por tumores tendem a superar as causadas por doenças cardiovasculares, devido ao aumento da expectativa de vida e ao avanço nos métodos diagnósticos. No caso do câncer de próstata — neoplasia mais incidente entre os homens, excetuando os tumores de pele não melanoma — o diagnóstico precoce enfrenta entraves, sobretudo pelo estigma associado ao exame retal digital (ERD). Objetivos: Investigar os fatores que dificultam a realização do ERD. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa, com abordagem qualitativa, realizada em abril de 2025. A busca foi feita na base Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando os descritores “exame preventivo próstata” e “toque retal”. Foram selecionados quatro artigos originais e duas revisões de literatura, publicados entre 2011 e 2023, conforme pertinência temática e acesso gratuito. Resultados e Discussão: Os estudos analisados apontam que as dificuldades na adesão ao ERD podem ser organizadas em três eixos. Individualmente, medo, vergonha e negação do risco foram recorrentes entre os entrevistados. As maiores taxas de realização estão entre homens brancos, de 60 a 64 anos, casados, com maior escolaridade e renda. Em contraste, residentes de áreas rurais e em situação de vulnerabilidade econômica apresentam menor adesão ao rastreamento, sendo os homens negros, acima de 65 anos e com histórico familiar da doença, o grupo de maior risco para o desenvolvimento do câncer de próstata. Do ponto de vista sociocultural, nota-se que a construção da masculinidade associa o autocuidado à perda de virilidade, sobretudo no Sul do Brasil, onde o tradicionalismo acentua o estigma. No aspecto estrutural, destacam-se a concentração dos serviços em áreas urbanas e falhas na abordagem explicativa entre profissionais e pacientes. Observa-se ainda a limitação de algumas práticas à solicitação do exame de PSA (Antígeno Prostático Específico), sem a realização conjunta com o ERD, comprometendo o rastreamento. Além disso, a organização das unidades, voltada à saúde materno-infantil, marginaliza a saúde masculina e afasta esse público. Conclusões/Considerações Finais: A persistência de preconceitos revela a complexidade do tema e reforça a necessidade de estratégias integrativas, com educação em saúde e ações sensíveis às realidades locais, para ampliar a adesão ao exame e promover um cuidado mais acessível, justo e efetivo.

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Publicado

30-05-2025