SPILANTHOL COMO TERAPIA ANTITUMORAL VIA REGULAÇÃO DA ATIVIDADE PURINÉRGICA: REVISÃO DA LITERATURA
Resumo
Introdução: O câncer representa um desafio terapêutico devido à sua agressividade e à limitada eficácia dos tratamentos convencionais. A busca por novos alvos terapêuticos tem apontado compostos naturais como candidatos promissores. Objetivo: Elucidar evidências científicas sobre o potencial antitumoral do Spilanthol, principal alcamida proveniente da planta Spilanthes acmella, com ênfase na modulação da sinalização purinérgica. Metodologia: Foi realizada uma revisão da literatura na base PubMed, utilizando os descritores "Spilanthol", "Cancer" e "Cell signaling", sendo selecionados os artigos publicados nos últimos 10 anos, que abordassem os efeitos moleculares do Spilanthol relacionados às vias purinérgicas. Resultados e Discussão: As evidências demonstram que o Spilanthol, composto conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas e antinociceptivas, possui efeitos anti-inflamatórios significativos em células epiteliais pulmonares e queratinócitos humanos induzidos por IL-1β e TNF-α, suprimindo a expressão de ICAM-1, COX-2 e citocinas pró-inflamatórias. Esses efeitos foram mediados pela inibição das vias de sinalização NF-κB, MAPK e JNK, além do aumento da expressão de HO-1. Essas vias interagem funcionalmente com receptores P2X7, amplamente descritos na literatura como moduladores da inflamação, associados a situações de citotoxicidade, aumento da imunogenicidade tumoral e estímulo à apoptose. Isso indica uma possível atuação indireta sobre receptores purinérgicos, desfavorecendo o ambiente intracelular para a progressão tumoral. Em um modelo de câncer gástrico, o Spilanthol exibiu citotoxicidade contra células tumorais, associada a interações moleculares com proteínas JAK1 e JAK2, componentes centrais da via JAK/STAT, frequentemente hiperativada em cânceres e associada à evasão imune e ao crescimento descontrolado. Além disso, o aumento do estresse oxidativo mitocondrial promovido pelo Spilanthol interfere na organização do citoesqueleto e na proliferação celular, processos regulados por receptores P2, reforçando o papel do Spilanthol como modulador da sinalização purinérgica na desestabilização do microambiente tumoral. Conclusões/Considerações Finais: Os dados apontam que o Spilanthol é um composto promissor no contexto terapêutico oncológico, por meio de interações com a sinalização purinérgica. Novos estudos são necessários para aprofundar a compreensão desses mecanismos moleculares nos diversos tipos de tumores.