INTOXICAÇÃO AGUDA POR USO DE ANLODIPINO EM TENTATIVA DE SUICÍDIO

UM RELATO DE CASO

Autores

  • Helamã Moraes dos Santos UFFS
  • Guilherme Vinício de Sousa Silva
  • Heric Carvalho Vieira
  • Ana Elisa Figueiredo de Jesus
  • Maria Julia Pigatti Degli Esposti
  • Maria Luiza Raitz Siqueira
  • Jonatan Pellenz

Palavras-chave:

Suicídio. Autoextermínio. Intoxicação aguda. Anlodipino. Emergências clínicas.

Resumo

Introdução: O suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens no mundo, sendo a sua tentativa um importante fator de risco para a reincidência do episódio. A automedicação como método lesivo é frequente. Entretanto, o uso de Bloqueadores de Canais de Cálcio, como o anlodipino, é raro. Neste relato, apresentamos o caso de uma adolescente que foi levada à emergência por tentativa de suicídio após consumo de alta dose de anlodipino e que resultou em um desfecho clínico favorável. Objetivos: O objetivo deste relato é apresentar um caso de tentativa de autoextermínio através de uma intoxicação aguda por ingestão maciça de anlodipino, além de colaborar com a literatura sobre orientações para o manejo emergencial e estabilização desse quadro. Descrição do caso: Mulher, 14 anos, levada à emergência após tentativa de suicídio ingerindo 200mg de anlodipino. Na apresentação, mostrou-se consciente, sonolenta, pouco comunicativa e colaborativa. A avaliação inicial demonstrou hipotensão arterial (88/51mmHg) e sinais de hipoperfusão. Inicialmente, administrou-se 25 mL/FC de noradrenalina (NA). Sob tais condições, foi admitida na unidade de terapia intensiva, com ajuste da droga vasoativa e hidratação vigorosa. A gasometria arterial demonstrou uma acidose mista compensada. Nessas medidas, mostrava-se eupneica, lúcida, orientada e ainda hipotensa (93/46mmHg). No dia seguinte, iniciou-se o desmame da NA, conforme tolerância, e administrado sulfato de magnésio para correção eletrolítica. O quadro evoluiu com taquipneia e dessaturação, com alterações ecográficas importantes no terço médio de ambos os pulmões, quando foi iniciada uma solução de GlicoInsulina e controle rígido de potássio. Após intervenção, a paciente apresentou melhora clínica e laboratorial, com atenuação da acidose e foi encaminhada à enfermaria clínica após desmame total da NA. Ainda com consolidação pulmonar evidente, porém sem complicações clínicas. Por fim, a avaliação psiquiátrica relatou estabilização do quadro, com ausência de ideação suicida ou pensamentos negativos, recebendo alta. Conclusão: O manejo de intoxicação aguda por uso de anlodipino é desafiador, haja vista a lacuna presente na literatura sobre o assunto. A conduta-base se dá através da regulação hemodinâmica com drogas vasoativas, reposição hidroeletrolítica e outras medidas de suporte. Ressalta-se, também, a importância do acompanhamento psiquiátrico longitudinal a fim de preservar a integridade física e mental da paciente.

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Publicado

21-07-2025