Atividade Purinérgica no Choque por Queimaduras e Possíveis Alvos Terapêuticos

  • Nádia Cristina Paloschi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Rackel Silva Resende
  • Géorgia de Carvalho Braga
  • Marcelo Delmônico Gonçalves
  • Margarete Dulce Bagatini
Palavras-chave: Choque, Queimaduras, Sistema Purinérgico, P2X7.

Resumo

Introdução: Queimaduras são lesões térmicas que podem culminar em respostas imunológicas importantes, sendo que, em pacientes com queimaduras moderadas a graves, o choque é desfecho frequente. Nesse contexto, a principal causa para o desenvolvimento dessa condição é a hiperinflamação, estado que conta com a participação do sistema purinérgico. Objetivos: Compreender a cascata imunológica envolvida no desenvolvimento do choque por queimaduras e analisar a participação da sinalização purinérgica nesse processo, a fim de oferecer novos alvos terapêuticos que possam ser modulados para o combate dessa condição. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura, com análise dos dados da literatura científica relacionados ao choque por queimadura e à atividade purinérgica. Resultados e Discussão: Traumas como as queimaduras provocam uma resposta inflamatória sistêmica, evoluindo para o choque distributivo e séptico. De início, mecanismos pró-inflamatórios se caracterizam por níveis elevados de citocinas, como interleucina-1β (IL-1β) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), com influência na febre e proteínas de fase aguda. A IL-6 atua na ativação de células T e associa-se à gravidade da doença. O interferon-gama (IFN- γ) é secretado por células Natural Killer (NK) e células Th-1 em resposta às lesões. Na posterior fase anti-inflamatória ocorre diminuição na produção de IL-12, levando à diferenciação das células T em células Th-2, produzindo citocinas anti-inflamatórias como IL-4 e IL-10. Ainda, há aumento dos níveis de hormônios glicocorticoides, como cortisol, que inibem a produção de IFN- γ e IL-2, mas não reduzem as citocinas IL-4 e IL-10, mantendo a resposta anti-inflamatória. O choque ocorre devido à liberação desordenada de mediadores inflamatórios. Os receptores purinérgicos P2X7, P2X4 e P2Y1 são implicados nessas condições. P2X7 apresenta influência no inflamassoma NLRP3. P2X4 é ativado em condições neuroinflamatórias e P2Y1 influencia ativação plaquetária. P2Y2 e P2Y6 apresentam efeitos inflamatórios ligados à inflamação vascular. Nesse quadro, ocorre liberação de ATP, ativando P2X7. Antagonistas desse receptor, como A-740003 e colchicina, podem reduzir a inflamação excessiva e IL-1β. P2X4 é inibido por antidepressivos, atualmente como anti-inflamatórios. Conclusões/Considerações finais: Assim, a modulação de receptores purinérgicos pode ter potencial terapêutico em queimaduras, com P2X7 sendo alvo promissor para redução da resposta inflamatória excessiva.

Publicado
04-11-2023