“PRIVILÉGIO” IMUNOLÓGICO DO CÉREBRO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Resumen

Durante anos o Sistema Nervoso Central (SNC) foi considerado uma região privilegiada imunologicamente devido a presença de células próprias destinada a defesa nervosa e o fato de a barreira hematoencefálica dificultar o trânsito de antígenos entre esse local e o sistema imunológico, visto que essa comunicação ocorre de maneira indireta. O objetivo desse estudo é compreender o funcionamento do sistema imunológico nervoso e desmistificar o suposto “privilégio” imunológico do cérebro. Trata-se de uma revisão de literaturas presentes na plataforma Pubmed, utilizando como operador booleano “AND” entre os descritores “brain” e “immunological privilege”, e a revista eletrônica Scientific American. Foram usados estudos completos dentre os 53 resultados dos últimos 5 anos. A partir de 1980, o conhecimento prévio de que o sistema nervoso central carecia de suporte do sistema imunológico começou a ser eliminado à medida que novos estudos começaram a indagar existência de uma rota de fuga para antígenos através dos nervos olfatórios e também por meio da lâmina cribriforme para a mucosa nasal. Nesse dilema, trabalhando principalmente com camundongos, o professor de neurociência na Universidade da Virgínia, Jonathan Kipnis e seu grupo identificaram uma rede desconhecida de vasos linfáticos nas meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, que transporta fluido e células imunes do líquido cefalorraquidiano para um grupo de gânglios linfáticos no pescoço, chamados linfonodos cervicais profundos. Atualmente, é possível estimular esses estudos ao demonstrar os canais linfáticos por meio da ressonância magnética de crânio. A infusão de gadobutrol, um contraste que possui alta propensão de extravasar por barreiras endoteliais capilares permeáveis, colabora para confirmar as suposições. Portanto, hoje já se sabe que o sistema nervoso central, em especial o cérebro, não apresenta privilégio imune, ele possui apenas um sistema imune absolutamente distinto, que está sendo apreciado e compreendido por cientistas e na clínica diária.