EFEITO PROTETOR DA BUDESONIDA EM PACIENTES ASMÁTICOS INFECTADOS POR SARS-COV-2:

quais as evidências?

Palavras-chave: Asma; Budesonida; Infecções por Coronavirus.

Resumo

Introdução: O SARS-CoV-2 possui sua alta transmissibilidade e é responsável por quadros clínicos graves, especialmente em portadores de doenças crônicas, o que tem provocado uma sobrecarga nos sistemas de saúde por parte destes pacientes. Entretanto, estudos de coorte têm demonstrado um pequeno número de indivíduos asmáticos dentre os pacientes infectados que evoluíram para as formas graves e/ou que procuraram os serviços de urgência médica, o que não era esperado, já que, além de a asma ser uma pneumopatia crônica bastante prevalente, é responsável por quadros respiratórios graves diante de infecções de etiologia viral. Alguns autores acreditam que uma das causas para este fenômeno seria o uso de glicocorticóides inalatórios possuir um efeito modulador no curso da COVID-19 nos pacientes asmáticos. Dentre estes fármacos, a budesonida tem ganhado destaque nos resultados preliminares de estudos. Objetivo: Descrever o efeito protetor da budesonida em pacientes asmáticos infectados por SARS-CoV-2. Metodologia: Foi realizado um levantamento bibliográfico por meio de uma busca eletrônica na base de dados PubMed, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scholar Google. As palavras-chave utilizadas foram “Budesonide”, “Asthma” e “Covid-19” combinadas com os operadores booleanos “AND” e “OR”. Foram incluídos estudos bibliográficos e artigos originais publicados no idioma inglês ou português e que estivessem disponíveis na íntegra. Foram excluídas cartas aos editores, anais de congressos e pesquisas que não possuíssem pacientes asmáticos em suas casuísticas. Resultados e Discussão: Foi demonstrado em estudos in-vitro que glicocorticoides inalatórios reduzem a replicação do SARS-CoV-2 nas células epiteliais das vias aéreas. Tal efeito foi observado na administração via inalatória da budesonida, que dificulta a entrada e replicação do vírus ao inibir a expressão da ACE2, enzima que exerce um papel vital no estabelecimento da infecção. Ao ser administrada por curto período, a budesonida pode ser eficaz no tratamento das fases precoce da COVID-19 em adultos, tendo sido constatada uma redução de até 90% dos sintomas. Observou-se outro benefício do glicocorticóide sobre outras formas de combate ao SARS-CoV-2: ao contrário das vacinas, a eficácia da budesonida inalatória provavelmente não será afetada pelo surgimento de novas variantes do vírus. Um estudo demonstrou que glicopirrónio e formoterol combinados com a budesonida podem reduzir a replicação do vírus por meio da inibição parcial da expressão do receptor de ligação do vírus e a função endossomal. Conclusão: Há indícios de que a budesonida possui efeitos imunomoduladores sobre a fisiopatologia da COVID-19, protegendo pacientes asmáticos de desfechos mais graves. Entretanto, é necessária a realização de estudos com evidência sobre tal eficácia, de modo que tal modalidade terapêutica possa ser implementada em protocolos de prevenção e tratamento da infecção por SARS-CoV-2 em associação com a asma.

Publicado
23-03-2021