A VISITA DOMICILIAR COMO IMPORTANTE CONTRIBUINTE DA FORMAÇÃO DO MÉDICO HUMANIZADO: DESENVOLVIMENTO DE VÍNCULO

  • Elias Matheus Baggio Valgoi Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
  • Bernardo Dalben Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
  • Rodrigo Ferla Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
  • Mayra Zancanaro Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
Palavras-chave: Visita domiciliar; Família; Humanização; Vínculo; Medicina.

Resumo

Introdução: A visita domiciliar (VD) pode ser caracterizada como um meio de viabilização de educação em saúde, tornando-se um elo entre comunidade e acadêmico, possibilitando uma compreensão do contexto sociocultural e, por consequência, do processo saúde-doença atrelado a população de um território. A VD é um meio de concretização da formação médica humanizada, na qual o acadêmico de medicina reconhece o seu papel social. Considerando esse contexto, o vínculo criado por meio das VD proporcionadas pelo curso de Medicina constitui-se em uma ferramenta de estreitamento da relação acadêmico-usuário, servindo como facilitador para a futura atuação médica. Objetivo: Relatar a percepção dos acadêmicos de medicina quanto às visitas domiciliares e dialogar com a literatura acerca do desenvolvimento do vínculo entre acadêmicos e usuários. Metodologia: Pesquisa com abordagem qualitativa descritiva, baseada em relatos de alunos que realizaram visitas domiciliares nos meses de abril de 2019 e março de 2020 e revisão bibliográfica do tipo narrativa referente a VD e criação de vínculo entre acadêmico-usuário. Resultados e Discussão: As VD foram realizadas no município de Chapecó, possuíam como protagonistas acadêmicos de medicina e tiveram como objetivo reconhecer as peculiaridades que estão adstritas ao território e que, invariavelmente, influenciam sobremaneira nos determinantes do processo saúde-doença. As famílias em que se sucediam as visitas domiciliares, eram selecionadas pela Unidade Básica de Saúde (UBS) e necessariamente havia nas famílias portador de doença crônica não transmissível (DCNT). A interação foi constituída a partir do diálogo, buscando compreender o contexto de saúde e vida da família. A partir das VD, depreende-se o impacto da relação humanizada entre os acadêmicos e a família, na qual propicia ao estudante empregar condutas visando o indivíduo holisticamente. Ademais, ressalta-se que a família viabiliza ao estudante desenvolver competências de comunicação e prática educativa dialógica consolidando o vínculo com a comunidade, deste modo, contribuindo para compreender e ampliar a resolutividade dos problemas familiares. Observou-se que os usuários, inicialmente retraídos em fornecer seus dados relativos às condições de saúde, desenvolveram uma confiança com os discentes no decorrer das visitas. Logo, os relatos dos discentes reforçam o que a literatura aponta, que o desenvolvimento do vínculo acadêmico-usuário é um facilitador para a atuação profissional no âmbito da atenção primária, de tal modo que essas vivências são relevantes para formação de um profissional com perfil mais humanizado. Portanto, a imersão do discente de medicina, incentivado pela integração ensino-serviço e comunidade transcende a lógica cartesianista médica, em que se fomenta um olhar para a realidade social humanizando-a concomitantemente com uma protagonização em comunidade. Conclusão: O desenvolvimento do vínculo criado após as VD gerou um fator facilitador para atuação profissional mais humanizada e personalizada e essa mesma conclusão encontramos nos artigos da revisão bibliográfica. Sob essa ótica, vê-se a importância das VD como forma de materializar a humanização e criar vínculo, a fim de que o acadêmico possa inteirar-se dos determinantes do processo saúde-doença contemplando o indivíduo integralmente, estabelecendo um vínculo solidário paralelamente com uma responsabilidade compartilhada com o paciente, particularizando-o.

Publicado
25-03-2021