VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PERPETRADA À MULHER

a abordagem de profissionais da saúde na atenção básica

  • karina castilhos bastos Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Brígida da Penha Ferraz Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Bruna Odorcik UNOESC
  • Maíra Rossetto Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: violência contra a mulher; atenção básica; processo de trabalho; profissionais da saúde.

Resumo

 

Introdução: a violência é uma problemática presente há anos na sociedade. Nesse trabalho, a discussão sobre o assunto se debruça no fenômeno da violência doméstica contra mulheres, em virtude da pertinência do tema na esfera social e de sua relevância aos debates em saúde. Foi considerado também sua significância no cenário cultural do Estado de realização do estudo, uma vez que em Santa Catarina, conforme dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (2019), o número de feminicídios entre janeiro e março de 2019, cresceu 83% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Dessa forma, torna-se importante conhecer a abordagem de profissionais de saúde, em Centros de Saúde da Família do oeste de Santa Catarina,  diante da identificação de casos de violência doméstica contra mulheres. Os profissionais da rede são de fundamental importância na promoção e execução de práticas que identifiquem e combatam a violência doméstica. Objetivo: analisar a abordagem de profissionais de saúde diante da identificação da violência a mulheres nos Centros de Saúde da Família de Chapecó/SC. Metodologia: pesquisa qualitativa realizada em dois centros de saúde da família do município de Chapecó, por meio de entrevistas presenciais e on-line, que foram analisadas por meio da análise de conteúdo de Bardin. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa e os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados e Discussão: participaram do estudo 23 profissionais, sendo 8 na etapa presencial e 15 na etapa on-line. O perfil corresponde a profissionais do sexo feminino, maioria sendo enfermeiras e ACS, com idade entre 30 a 39 anos, formados entre 2000 e 2010, com trabalhos anteriores a atual ocupação na area da saúde e na atual função a mais de 10 anos. A análise dos dados possibilitou a construção de quatro categorias. São elas: Percepção e identificação do que é violência,  que revelou a percepção ampliada sobre o que é violência; Necessidade de orientação para a equipe, que demonstrou o pouco conhecimento dos profissionais sobre a rede de atenção à violência doméstica de Chapecó; Contexto Covid-19, que influenciou no aumento dos casos de violência doméstica contra a mulher; Importância da discussão acerca da violência, a qual mostrou a necessidade de sensibilizar mais àqueles que irão atender às vítimas. Conclusão: percebe-se, além do perfil de profissionais e das respostas às categorias, que desvelar a violência no interior dos serviços e explicitar seus desdobramentos por meio de práticas de pesquisa é um dispositivo estratégico para o engajamento de profissionais com o tema e para que a academia adote práticas de formação e produção de conhecimento que auxiliem o enfrentamento da violência. Sugere-se ainda para o serviço a busca por  técnicas de acolhimento e escuta em psicologia  voltadas a orientar profissionais da enfermagem, para que se sintam mais preparados para ouvir e promover cuidado nesse contexto de saúde.



Palavras chave: violência contra a mulher; atenção básica; processo de trabalho; profissionais da saúde.

Publicado
25-03-2021