PERCEPÇÕES DA POPULAÇÃO SOBRE O USO DE MÁSCARAS PARA PROTEÇÃO À COVID-19 EM 2020
Resumo
Introdução: A COVID-19 é uma das doenças mais temidas mundialmente por sua fácil transmissibilidade e elevada gravidade, com mais de 2,5 milhões de vítimas fatais até fevereiro de 2021. Nesse contexto, fez-se necessária a busca por medidas de proteção da transmissão do vírus. Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou que o uso de máscaras ficasse restrito aos profissionais da saúde e às pessoas sintomáticas, devido à indisponibilidade deste material frente à crescente demanda global. Em abril de 2020, a OMS passou a recomendar o uso de máscaras não cirúrgicas de tecido (máscaras caseiras) pela população geral. O uso de máscara continua amplamente preconizado pela OMS, Ministério da Saúde (MS) e Sociedades Médicas sendo obrigatório em espaços públicos ou privados acessíveis ao público. Objetivos: Avaliar a percepção da população sobre o uso de máscaras caseiras para proteção contra a COVID-19. Metodologia: O estudo teve como base o município de Chapecó, SC e foi realizado através de respostas voluntárias a um questionário on-line sobre as percepções acerca do uso de máscaras como anteparo à COVID-19. O questionário foi distribuído via redes sociais e aplicado entre 17 e 29 de abril de 2020. Caracteriza-se como descritivo-exploratório, quanti-qualitativo e de caráter avaliativo. Resultados e Discussão: Ao todo, 1064 pessoas de 116 municípios participaram da pesquisa, abrangendo uma faixa etária entre 10 e 81 anos, com predomínio de adultos (67,1%). A maioria (49,1%) relatou ter um pouco de medo da COVID-19 e concorda com o uso da máscara preventiva. Porém, observaram-se divergências quanto ao uso efetivo, motivos pessoais, manuseio e higienização. O medo, sentimento que predominou nas respostas, pode contribuir para um maior cuidado das pessoas, porém quando presente de forma crônica pode contribuir para o surgimento de quadros de ansiedade e depressão. A grande maioria concordou com o uso de máscaras e o fez, dessa forma indo ao encontro das recomendações do MS e da Sociedade Brasileira de Pneumologia que incentivam o uso ampliado. Por outro lado, cabe salientar que a OMS aponta que o uso indiscriminado de máscaras pela população pode levar a uma falsa sensação de segurança e aumentar a transmissão viral por uso, manuseio e higienização inadequados. O manuseio inadequado de máscaras pela população geral, sejam cirúrgicas, PFF2 ou caseiras, que é frequentemente observado nas cidades brasileiras, preocupa pelo possível risco de aumento da contaminação. Conclusão: O estudo identificou percepções e atitudes heterogêneas sobre o uso das máscaras na contenção da COVID-19 em 2020, refletindo na circunstância da doença hoje. O cenário mostra o reflexo que atitudes individuais têm no contexto coletivo, por vezes, vitimando entes queridos, frequentemente de forma irreparável. Ratifica-se a relevância de estudos dessa natureza a fim de contribuir com o conhecimento sobre as formas de prevenção à COVID-19, bem como para um delineamento de políticas e ações para informar e sensibilizar a população para o autocuidado.