Vínculo fatal - Leishmania infantum e HIV:

uma revisão sistemática de literatura

  • Fernanda Machado Couto Faculdade Atenas Sete Lagoas
Palavras-chave: Leishmania infantum; HIV; Urbanização

Resumo

Introdução: A combinação fatal de uma protozoose endêmica tropical com grande prevalência mundial, com uma das doenças virais com maior índice de óbitos do planeta. Este é o cenário da coinfecção Leishmaniose Visceral (LV) e o Human Immunodeficiency Virus (HIV), que necessita de medidas de educação em saúde, sobretudo no Brasil, devido à disparidade de regiões em desenvolvimento econômico/social. Objetivos: Analisar a associação entre LV e HIV, acompanhando o curso deste duplo acometimento no país, bem como enaltecer a necessidade de propostas educacionais em saúde. Metodologia: Para a revisão sistemática de literatura, foram analisados 17 estudos na íntegra, nas bases PubMed, SciELO e CAPES, de 2012 a 2020, além do manual do Ministério da Saúde para coinfecção Leishmania-HIV, perfazendo aspectos estatísticos, genéticos e fisiopatológicos. Resultados e Discussão: A ligação LV-HIV é um problema emergente que requer urgência, pois a LV acelera a progressão do HIV, promovendo a replicação viral e agravando a imunossupressão. Foi observado in vitro que o HIV induz a replicação de L. infantum por meio da redução de células T que reconhecem antígenos do protozoário e pode invadir e se replicar dentro de macrófagos parasitados, embora os linfócitos T CD4+ sejam mais preferidas. Assim, ambos os patógenos podem atuar em sinergia e agravar a condição de um paciente coinfectado. Um exemplo desse cenário está presente na metrópole que mais cresce no Brasil, Belo Horizonte- Minas Gerais, na qual foi constatado um elevado índice de coinfecção LV-HIV. Das variáveis ​​associadas, ressalta-se prevalência em sexo masculino, idade avançada, cor da pele (pretos e pardos) e baixa escolaridade. A maioria dos coinfectados mostraram perfis clínicos atípicos, como a forma cutânea disseminada e lesões cutâneas incomuns da mucosa, contendo abundantes formas amastigotas devido a parasitos viscerotrópicos e dermotrópicos. Conclusão: Este estudo reforça a indicação de testagem para HIV em todos os pacientes diagnosticados com LV. O procedimento permitiria o reconhecimento precoce da coinfecção, levando à adequação do manejo clínico e ao início da terapia antirretroviral, aumentando as chances de sucesso terapêutico.  Vê-se, também, a necessidade de maiores medidas de educação em saúde, porquanto o conhecimento dos fatores associados ao óbito pode contribuir para o manejo clínico e para a redução dos óbitos por LV/HIV.

 

Publicado
25-03-2021