DOENÇA CELÍACA: relato de caso

  • Julia Canci UFFS
  • Tália Cássia Boff
  • Felipe Comin
  • Izadora Czarnobai
  • João Carlos Menta Filho
Palavras-chave: doença-celíaca;, reumatologia;, diagnóstico-diferencial;, fibromialgia

Resumo

Introdução: A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor crônica e generalizada, não inflamatória, de etiologia desconhecida, que se manifesta no sistema músculo-esquelético, podendo apresentar sintomas em outros aparelhos e sistemas, tais como fadiga, distúrbios de sono e humor e cefaleia. Estudos apontam uma relação íntima entre a FM e a Doença Celíaca (DC) uma vez que o glúten pode precipitar sintomas fibromiálgicos. A DC é uma doença imunomediada do trato gastrointestinal, ocasionada pela ingestão de alimentos que contêm glúten como a cevada, trigo e centeio. A prevalência mundial da DC está em torno de 1:100 e 1:300 indivíduos, variando conforme o país. Ela é caracterizada por uma inflamação na mucosa intestinal, o que resulta em atrofia de vilosidades intestinais, má absorção e uma série de manifestações clínicas, tais como diarreia crônica, dor e distensão abdominal, perda de peso e flatulência. Pode ainda, apresentar sintomas atípicos como anemia por deficiência de ferro, osteoporose e, em alguns casos, infertilidade. O diagnóstico para DC exige alto grau de suspeita, visto que não há teste específico para a doença, sendo o diagnóstico confirmado através de dados clínicos e laboratoriais. Objetivos: Apresentar raciocínio clínico no diagnóstico da doença celíaca. Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, branca, 42 anos comparece a consulta com queixa de dor generalizada, principalmente muscular, diagnosticada previamente com fibromialgia. Relata ter essas dores desde a infância, com piora nos últimos anos, sendo necessário medicação para controle álgico. Ao questionário sintomatológico, relata alopécia importante, sono insatisfatório, insônia, fadiga e edema matutino. Na revisão dos sistemas, nota-se diarreia persistente há 2 anos, sem sangramento, sem perda de peso ou febre, com dor abdominal associada, sem náuseas ou vômitos. Ao exame físico, possui dor a compressão na fossa ilíaca direita sem outros achados importantes. Solicitou-se exames laboratoriais, destes, hemograma completo, provas de função hepática e renal, lipidograma, glicemia, e avaliação da tireoide não tiveram alterações. Demonstrou resultados significativos nos seguintes exames: fator antinúcleo em altas titulações (FAN=1/640), deficiência de vitamina D e de B12, anti transglutaminase IgA 35U, ferritina 19,5 ng/mL e saturação de transferrina 14,9%. A paciente apresentava dores difusas crônicas e havia sido diagnosticada com fibromialgia, entretanto, as queixas continuaram e, com a investigação complementar, suspeitou-se de doença celíaca. Após mudança alimentar com restrição de glúten, paciente relatou melhora quase completa do hábito intestinal e melhora importante das dores anteriormente relatadas. Para prosseguimento, receitou-se sulfato ferroso 600 mg em dias alternados por quatro meses, carbonato de cálcio 1 grama ao dia e suplementação de vitamina B12 e vitamina D até melhora do quadro de saúde. Conclusão: Levando em consideração o amplo aspecto da doença celíaca e suas ramificações clínicas, entende-se que o diagnóstico pode ser difícil. No caso relatado, a paciente apresentou doença celíaca no diagnóstico diferencial de fibromialgia, que, após mudança de hábito alimentar, teve resolução completa dos sintomas álgicos. Sendo assim, o raciocínio lógico sobre mecanismo e causalidade da patologia permite a resolução do caso e melhora significativa para o paciente.

Palavras-chave: doença-celíaca; reumatologia; diagnóstico-diferencial; fibromialgia.

Publicado
25-03-2021