Do planejamento à maternidade: motivações para gestar na adolescência

Resumo

Introdução: A adolescência é o período de transição entre infância e fase adulta, e é nessa fase que a sexualidade se manifesta. É indispensável que haja acesso a informações e orientações sobre saúde sexual e reprodutiva para que haja planejamento familiar e prevenção de doenças. Para a elaboração de medidas efetivas é necessário conhecimento, por parte dos profissionais envolvidos, sobre as motivações que levam as adolescentes a gestar. As pesquisas abordam enfaticamente as repercussões negativas que uma gravidez nesse período pode ocasionar, no entanto, estudos apontam que parte das gestações na adolescência podem ser planejadas. Objetivos: identificar o perfil sociodemográfico e econômico e entender as motivações que permeiam o planejamento da gestação na adolescência. Metodologia: Trata-se e uma pesquisa exploratória e descritiva, de abordagem qualitativa, realizada em um Centro de Saúde da Família (CSF) na cidade de Chapecó. A coleta de dados foi realizada entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, por meio de questionário com perguntas fechadas e entrevista semiestruturada, que seguiu um roteiro constituído por questões abertas. Após a coleta das informações foi realizada a transcrição dos áudios das entrevistas e leitura exaustiva do material, bem como a categorização e interpretação dos resultados. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UFFS e pela Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó (SESAU). Resultados e Discussão:  Participaram do estudo 14 adolescentes, em sua maioria brancas, em união estável, com baixa escolaridade e sem vínculo empregatício formal. A idade estava entre 15 e 19 anos. Os resultados foram divididos em duas categorias: Motivações e expectativas das adolescentes e famílias no planejamento da gestação, e Vivências da maternidade na adolescência. Em suma, as jovens apresentaram-se conscientes da escolha e suas repercussões, e contentes com a maternidade. As motivações estão na possibilidade de conviver e acompanhar o filho ainda jovem, o desejo de ter uma família, e para satisfazer uma vontade do parceiro. Algumas adolescentes relatam as modificações no corpo e na vida social como negativas, assim como as dificuldades financeiras por não possuírem emprego. Conclusão: O estudo mostra a necessidade de reflexão por parte dos profissionais da saúde sobre a patologização da gravidez na adolescência e aspectos culturais envolvidos, visando melhor acolhimento e planejamento familiar mais efetivo.