FATORES DE RISCO PARA MENINGITE PNEUMOCÓCICA: uma revisão da literatura

  • Tália Cássia Boff Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Julia Canci UFFS
  • Felipe Comin UFFS
  • Izadora Czarnobai UFFS
  • Bruna Natália Rausch UNOESC
  • Thais Nascimento Helou
Palavras-chave: Meningite bacteriana, Streptococcus pneumoniae, Neuroinflamação, Neuroinfecção

Resumo

Introdução: As meningites estão distribuídas mundialmente e consistem em grave problema de saúde pública pelo potencial de transmissão e patogenicidade. Na etiologia ressaltam-se causas infecciosas (bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos) e não infecciosas. A meningite bacteriana causa 1,2 milhões de casos por ano no mundo, com incidência e letalidade variáveis conforme região, país, agente e faixa etária. No Brasil é de notificação compulsória em 24 horas, tendo sido contabilizadas três mil mortes entre 15.706 casos de meningite em 2018, pelo Ministério da Saúde. O Streptococcus pneumoniae representa a segunda maior causa bacteriana, sendo a primeira pela Neisseria meningitidis, principalmente em crianças menores de dois anos associada a morte e sequelas graves. O pneumococo possui mais de 90 sorotipos capsulares causadores de doença pneumocócica não invasiva (sinusite, otite média aguda, conjuntivite, bronquite e pneumonia) e invasiva (meningite, pneumonia, sepse e artrite). Clinicamente o paciente apresenta uma tríade clássica de cefaleia, vômitos e febre, acompanhada por fotofobia e queda do estado geral, avaliados no exame físico pelos sinais de rigidez da nuca, Brudzinski e Kernig. Em lactentes atenta-se para irritabilidade, apatia e recusa alimentar, além do abaulamento da fontanela anterior e diástase de suturas cranianas. Objetivo: Nesse sentido, o estudo visa destacar os principais fatores de risco para meningite pneumocócica. Metodologia: Os artigos foram selecionados por meio de revisão na base de dados PubMed nos últimos dez anos (2011-2020), com os descritores “risk factors” e “pneumococcal meningitis”, sendo artigos em língua inglesa e com humanos. Após a adequação temática foram avaliados 26 artigos. Resultados e discussões: A partir da análise dos estudos ressalta-se a ocorrência de meningite pneumocócica em crianças maiores de cinco anos associado a fatores específicos anatômicos (fístula ou ruptura do líquido cerebroespinal), relacionado à suscetibilidade genética ou defeito imunológico adquirido; e na faixa etária dos 10 aos 19 anos por infecção de vias aéreas superiores e uso de álcool. Outro estudo demonstrou que terapias imunossupressoras, malignidade, doença do tecido conjuntivo, diabetes mellitus, asplenia, cirrose hepática, doença renal terminal, infecção pelo HIV e velhice são fatores de riscos importantes para meningite pneumocócica. Ainda, um estudo revelou aumento no nível da proteína C-reativa e procalcitonina, pleocitose cerebrospinal baixa, maior nível de proteínas no LCR e hipoglicorragia grave. Outro estudo mostrou que altas temperaturas e altas concentrações de poeira no ar são fatores de risco significativos, pois ocasionam progressão do transporte nasofaríngeo pneumocócico estável e assintomático para pneumonia e doença invasiva como meningite. Conclusão: Portanto, é importante salientar que são necessários esforços para que haja redução da transmissão e da infecção por meio de medidas como hábitos de vida saudáveis, pré-natal de qualidade, notificação precoce, além da imunização pela vacina pneumocócica conjugada 10 valente do Programa Nacional de Imunização a crianças menores de 24 meses e da pneumo-23 liberada sob critérios do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), visto que são essenciais para a prevenção de doenças pneumocócicas.

Publicado
25-03-2021