COVID-19 E O RECEPTOR PURINÉRGICO P2X7: uma revisão literária

  • Arthur Kohatsu Yanase Universidade Positivo
  • Maria Luiza Mukai Franciosi
  • Millena Daher Medeiros Lima
  • Leonardo da Veiga
  • Andréia Machado Cardoso
Palavras-chave: COVID-19; Farmacologia; Purinas.

Resumo

Introdução: A Coronavirus Disease 2019 (COVID-19), causada pela infecção do vírus SARS-CoV-2, é responsável por mais de 2.500.000 mortes no mundo, tornando-se uma problemática de saúde pública no Brasil desde o início de 2020. O sistema de sinalização purinérgica está envolvido com a fisiopatologia de inúmeras infecções virais, o que faz deste sistema um potencial alvo farmacológico de investigação no contexto da COVID-19. Objetivo: Compreender e analisar como a ativação do receptor purinérgico P2X7 poderia agir em resposta à infecção pelo SARS-CoV-2 e quais as implicações da ação de um possível fármaco nesse receptor. Metodologia: A construção desta revisão literária utilizou artigos na base de dados PubMed a partir de busca com os descritores “COVID-19”, “SARS-CoV-2”, “viral infection”, “purinergic signaling” e “P2X7”. Resultados e Discussão: O P2X7 é um receptor ionotrópico, tem afinidade para ATP, está presente em células T, macrófagos, neutrófilos e células dendríticas, e sua função é ativar os tipos de células anteriormente descritos e gerar um ambiente inflamatório. Durante as infecções virais, a liberação de ATP inicia uma cascata que ativa os receptores purinérgicos. A ativação destes receptores, como o P2X7, aumenta a secreção de citocinas pró-inflamatórias e realiza a quimiotaxia de macrófagos e neutrófilos, gerando uma associação entre o sistema imunológico e o purinérgico. Desse modo, o P2X7 contribui para a tempestade de citocinas, ativação do inflamassoma NLRP3 e liberação de citocinas, como a interleucina 1 beta (IL-1β). A IL-1β foi encontrada em níveis elevados em pacientes afetados por COVID-19. Em geral, o resultado da sinalização P2X7R é a ativação de células T efetoras, células T reguladoras, células T natural killer (NKT), monócitos, macrófagos e células dendríticas. Isto significa que estimula simultaneamente a resposta imune inata e adaptativa. Artigos recentes propuseram que o uso de substâncias antagonistas P2X7R poderia contribuir para o tratamento da COVID-19, uma vez que reduziriam os efeitos pró-inflamatórios do ATP liberado na fase inicial da infecção, o que consequentemente poderia diminuir a ativação de macrófagos e outras cascatas de citocinas pró-inflamatórias associadas à lesão pulmonar causada por SARS-CoV-2. Conclusão: O P2X7R constitui-se como um importante potencial alvo terapêutico para COVID-19, porém há a necessidade de estudos em laboratório e clínicos para tal comprovação.

Publicado
25-03-2021