VARIANTES GENÉTICAS CFTR POR SEQUENCIAMENTO DE EXOMA ASSOCIADAS À FIBROSE CÍSTICA

relato de caso clínico

Palavras-chave: p.Gly542*. c.2657 5G>A. Insuficiência pancreática exócrina. Fibrose cística.

Resumo

Introdução: A Fibrose Cística (FC) é uma doença genética de caráter autossômico recessivo devido a uma mutação no gene Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator (CFTR), responsável pela síntese da proteína CFTR que atua como um canal de cloreto. As manifestações fisiopatológicas têm caráter multissistêmico, afetando principalmente os tratos respiratório, gastrintestinal, reprodutor e endócrino. Objetivos: Descrever o caso de um indivíduo diagnosticado com FC pelos exames: triagem neonatal, eletrólitos no suor, teste de elastase pancreática e sequenciamento de exoma e compreender a associação entre as mutações e sua apresentação fenotípica a fim de contribuir para o estabelecimento do prognóstico de pacientes recém-diagnosticados. Relato de caso: sexo masculino, 1 ano de idade, branco, sem pregresso familiar de fenótipo semelhante e complicações no pré-natal e perinatal. Aos 7 dias, a triagem neonatal indicou que o nível plasmático de tripsinogênio (IRT= 76,5 ng/mL), estava aumentado. A FC foi considerada uma hipótese primária. A tripsina sérica foi dosada aos 19 dias, obtendo-se o valor de 57,3 ng/mL,fazendo com que essa hipótese fosse descartada. No entanto, após relato dos pais de que o lactente apresentava suor salgado, a análise dos eletrólitos no suor foi realizada no 6° mês e apresentou valores de 71 mEq/L e 67 mEq/L, respectivamente. Foi sugerido o sequenciamento do gene CFTR. Duas variantes patogênicas em heterozigose foram descritas: Chr7:117.242.922 G>A (c.2657+5G>A), que promove alteração no sítio de processamento do RNAm levando a exclusão do éxon 16; e Chr7:117.227.832 G>T (c.1624G>T), o qual promove a substituição do aminoácido glicina no códon 542 por códon de parada (p.Gly542*), levando à interrupção precoce da tradução proteica. O diagnóstico de FC foi confirmado. O acompanhamento no ambulatório de tratamento de FC foi iniciado e a insuficiência pancreática foi confirmada pelo teste da concentração de elastase-1 fecal monoclonal, com atividade de 53,48 µg/g. Discussão/Conclusão: este caso apresenta a combinação rara de duas variantes genéticas no gene CFTR com ausência de manifestações pulmonares. Nesse sentido, a insuficiência pancreática exócrina total parece estar relacionada à p.Gly542*, enquanto a c.2657+5G>A parece contribuir para a preservação da função pulmonar devido à manutenção de parte da função da proteína CFTR.

Publicado
25-03-2021