AVALIAÇÃO DO EFEITO TERATOGÊNICO DO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EM GESTANTES DIAGNOSTICADAS COM CÂNCER:

UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

  • Betania Francisca Santos UFFS
  • Karlla Rackell Fialho Cunha
  • Dyelle Hingrid Gonçalves Gontijo
  • Victor Daniel Schmoller
  • Thiago Inácio Teixeira do Carmo
  • Jullye Gavioli
  • Milena Ayumi Yamcuhi
  • Leonardo Barbosa Leiria

Resumen

Introdução: a determinação do tratamento de uma paciente que apresenta câncer durante a gestação é sempre difícil, uma vez que deve ser avaliado tanto o risco materno quanto às possíveis consequências para o feto em desenvolvimento. Nesse contexto, a aplicação da quimioterapia tem sido indicada em diversos casos de câncer durante a gestação. No entanto, alguns quimioterápicos possuem maior potencial citotóxico e teratogênico e isso exige uma avaliação do risco fetal no uso de tais substâncias. Objetivos: verificar, por meio de uma revisão sistemática, se o tratamento quimioterápico em pacientes gestantes diagnosticadas com câncer pode estar relacionado a efeitos teratogênicos. Metodologia: realizou-se buscas bibliográficas a partir das bases de dados PubMed e Scielo, sendo incluídos artigos disponíveis na íntegra; publicados em inglês ou português; que abordassem o uso da quimioterapia no tratamento do câncer em gestantes; e que descreveram os efeitos da quimioterapia no feto, bem como os fármacos utilizados. Para a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores combinados entre si: “câncer” (câncer), and “gravidez” (pregnancy), and “quimioterapia” (chemoterapy), and “feto” (fetus). Resultados e Discussão: foram encontrados 900 artigos, sendo 899 do PubMed e 1 do Scielo. Após a análise do título e resumo, obtivemos 45 artigos, sendo uma repetição que foi excluída, restando 44 artigos, dos quais 12 contemplaram os critérios para essa revisão. Dentre os trabalhos selecionados a maioria, cinco estudos, abrangeu o câncer de mama durante a gravidez. No que tange os esquemas terapêuticos, os quimioterápicos classificados como antibióticos foram os mais prevalentes nos trabalhos levantados, tendo sido relatados em nove artigos. Em um estudo prospectivo no primeiro trimestre gestacional, a quimioterapia não foi relacionada com anomalias congênitas. Entretanto, outros onze estudos que avaliaram o mesmo período gestacional descreveram-no como sendo o momento mais crítico para se desenvolverem malformações fetais em consequência da exposição ao tratamento quimioterápico. Por sua vez, a quimioterapia aplicada durante o segundo e terceiro trimestre de gestação foi considerada mais segura para o feto, com relatos de menores taxas de malformações ou alterações no desenvolvimento fetal em onze estudos. Conclusão: o tratamento quimioterápico em gestantes diagnosticadas com câncer encontra-se relacionado a menores riscos fetais quando administrado no segundo e terceiro trimestre gestacional. Já no primeiro trimestre da gestação, apesar da existência de relatos que indicam a segurança do uso da quimioterapia nesse período, novas pesquisas nesse contexto são necessárias, uma vez que os estudos existentes ainda são restritos e contrapõe uma vasta literatura que aponta para o aumento de alterações no concepto nessa fase do desenvolvimento fetal.

 

 

Publicado
01-11-2019