Câncer de Colo Uterino e Sistema Purinérgico

  • Maria Luiza Mukai Franciosi Universidade Federal Fronteira Sul
  • Marta Schmidt Pfaffenzeller
  • Adriana Wagner
  • Angélica de Almeida
  • Anne Liss Weiler
  • Daciele Preci
  • Millena Daher Medeiros Lima
  • Andréia Machado Cardoso

Resumen

Introdução: O câncer de colo uterino (CCU) apresentou, durante os cinco últimos anos, uma prevalência de 46.858 casos no Brasil. Esse tipo de câncer desenvolve-se a partir da infecção persistente de um dos tipos carcinogênicos do papillomavírus humano (HPV). O microambiente tumoral do CCU distingue-se, ainda, por apresentar concentrações elevadas de ATP e adenosina - além de outros nucleotídeos - no meio extracelular. Há, dessa forma, a relação entre sistema purinérgico e progressão das células tumorais, de modo que essa sinalização interfira na proliferação e diferenciação celular, e mediação de respostas imunes. Objetivos: Realizar uma revisão literária sobre o papel dos nucleotídeos de adenina no desenvolvimento do CCU, a partir da integração da sinalização purinérgica e seus respectivos receptores e ectonucleotidases com os mecanismos oncogênicos já conhecidos. Metodologia: Foram realizadas buscas na base de dados PubMed, entre os anos de 1997 a 2019. Os descritores utilizados foram: Cervical Cancer, HeLa cells e Purinergic. Um total de 50 artigos foram utilizados nesta revisão. Resultados e Discussão: Estudos demonstram que a presença de ATP extracelular ativa o receptor purinérgico P2X7, responsável pelo mecanismo de apoptose das células cervicais, por meio da ativação da 9-caspase mitocondrial. Além disso, este receptor também estimula a via PI3K-AKT, a qual atua na indução de quadros de hipóxia e angiogênese. A partir da vascularização inadequada, há a degração de nucleotídeos de adenina e, consequentemente, o aumento da concentração de adenina, o que promove a ativação do receptor A2A em linfócitos T regulatórios e ocasiona a diminuição da função efetora dos linfócitos T citotóxicos. O comprometimento da resposta imune ocorre, dessa forma, devido a superexpressão da interleucina 10 (IL-10) e da baixa regulação do sistema de antígenos leucocitários humanos de classe I (HLAI). Com isso, ao interagir com esses dois receptores, a adenosina extracelular induz a produção do fator de crescimento transformador-β (TGF-β), que também suprime as respostas imunes antitumorais. Conclusão: O CCU caracteriza-se pela sinalização purinérgica anormal, à medida que, expressa maior atividade de ectonucleotidases - como E-NPP, ADA, NTPDase1 e CD73. Há, portanto, altas concentrações de nucleotídeos extracelulares no microambiente tumoral, que agem e interferem na regulação, proliferação, diferenciação e apoptose de células cancerígenas do colo uterino, por meio de diferentes subtipos de receptores P2. Isto posto, é importante ressaltar que o conhecimento da sinalização purinérgica em células tumorais do CCU pode contribuir para futuros tratamentos terapêuticos e estudos que auxiliem na melhor compreensão do avanço e proliferação da doença.

Publicado
01-11-2019