SIMULAÇÕES REALÍSTICAS NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM APLICADA À ENFERMAGEM OBSTÉTRICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Palavras-chave: educação em enfermagem, obstetrícia, simulações, aprendizagem

Resumo

Introdução: As simulações realísticas, cada vez mais, vêm sendo utilizadas por docentes do ensino superior da área da saúde como método de ensino e aprendizado com o intuito não só de inovar, mas proporcionar experiências satisfatórias aos futuros profissionais. Essa metodologia facilita o cumprimento das recomendações das boas práticas da Enfermagem, bem como das diretrizes atuais do Comitê de Qualidade no Cuidado à Saúde da América, nos quais são abordadas questões relacionadas à prevenção de erros e segurança do paciente. Nesse contexto, ao pressupor que o aprendizado seja concretizado por meio do uso de simulações, é fundamental que a formação dos profissionais atenda às demandas da globalização e garanta um ensino de excelência (CARNEIRO et al, 2019). No que tange a área da Enfermagem obstétrica, o uso de simulações pode ser especialmente útil no futuro atendimento do público materno-infantil, de forma a qualificar e humanizar a assistência que será prestada. Objetivo: descrever a experiência de acadêmicas de Enfermagem com a utilização de simulações realísticas no processo de ensino e aprendizagem aplicada à Enfermagem Obstétrica, tencionando uma reflexão acerca da assistência que pode ser oferecida a gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos. Metodologia: trata-se de um relato de experiência vivenciada por acadêmicas de Enfermagem durante aulas vinculadas ao Componente Curricular (CCR) “O Cuidado no Processo de Viver Humano II”, no primeiro semestre de 2024. Tal CCR, atualmente, é oferecido no sétimo semestre do curso de graduação em Enfermagem, na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e contabiliza uma carga horária total de 330 horas, equivalente a 22 créditos, sendo estes divididos em 12 horas de aulas teóricas e 10 horas de atividades teórico-práticas (ATPs). A teoria engloba conteúdos relacionados à saúde da mulher, obstetrícia, saúde da criança, adolescente e família, no contexto hospitalar e na Atenção Primária à Saúde (APS). Já as ATPs costumam acontecer nos serviços de saúde do município de Chapecó, sendo eles: maternidade e centro obstétrico do Hospital Regional do Oeste (HRO), pediatria do Hospital Materno-Infantil, saúde da mulher, obstetrícia e pediatria em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da APS. As simulações foram utilizadas visando proporcionar uma vivência mais realista e dinâmica dos conteúdos relacionados, além de aprimorar habilidades e conhecimentos das discentes na assistência de Enfermagem durante a atenção pré-natal; classificação do risco gestacional (risco habitual, intermediário e alto risco), interpretação de exames laboratoriais e estado vacinal da gestante, métodos não farmacológicos de alívio da dor no trabalho de parto e parto. As simulações ocorreram de forma integrada durante as aulas do CCR, sendo possível realizar um encadeamento do aprendizado. Importante destacar que as simulações envolveram toda a turma de discentes, que ora faziam o papel de profissionais da saúde, ora faziam o papel usuárias/pacientes, nos mais variados cenários construídos de acordo com cada conteúdo trabalhado. Resultados e discussão: aprender com as simulações realísticas aplicadas ao contexto obstétrico representou oportunidade ímpar de exercitar habilidades técnicas e comunicacionais, desenvolver o pensamento crítico, vivenciar situações num ambiente protegido antes da inserção em campo de práticas, além de potencializar o aprendizado. As simulações também proporcionaram um maior entendimento dos protocolos e diretrizes que norteiam o campo de atuação da Enfermagem Obstétrica, possibilitando compreender o contexto dos desafios dessa área, bem como do movimento ativo em prol da humanização do parto e nascimento. Com a metodologia em pauta foi possível realizar a avaliação nutricional e do ganho de peso de gestantes, proceder ao cálculo da idade gestacional e da data provável do parto, treinar as manobras de palpação do útero, identificar a situação e a apresentação do feto intraútero, medir a altura uterina, auscultar os batimentos cardíacos fetais, aferir a pressão arterial da grávida, revisar o esquema vacinal, interpretar exames laboratoriais, entre outras atividades essenciais para um acompanhamento pré-natal adequado. No âmbito do processo parturitivo as estudantes puderam experienciar o atendimento de gestantes em diversas fases dos períodos clínicos do parto e nascimento, associando o método não farmacológico de alívio da dor mais adequado para cada período, além de se familiarizarem com situações nunca vivenciadas no processo formativo. Nesse contexto, a utilização de simulações no processo de ensino e aprendizagem apresentou resultados significativos e proporcionou uma experiência enriquecedora para as discentes. Por meio da prática repetida e exposição a diferentes cenários realistas, uma das principais constatações após a participação nas simulações foi o aprimoramento da competência clínica das participantes. Desta forma, acredita-se que as atividades trabalhadas influenciaram, também, na tomada de decisões por parte das discentes, visto que, na área da Enfermagem Obstétrica esse aspecto é particularmente relevante e necessário em situações que costumam demandar uma ação rápida e precisa visando evitar desfechos negativos para a saúde materna e/ou fetal/neonatal. Além disso, as simulações clínicas contribuíram para o desenvolvimento do trabalho em equipe, pois a interação entre os participantes promoveu a colaboração e a coordenação de esforços, refletindo em uma dinâmica bem próxima da encontrada em ambientes clínicos reais. Essas habilidades são essenciais para a prática eficaz da Enfermagem Obstétrica, visando uma comunicação clara e colaboração inter e multiprofissional, sendo estas fundamentais para garantir a segurança e o bem-estar do binômio mãe-bebê. Diante do exposto, salienta-se que a simulação realística propicia uma visão crítica e reflexiva acerca das próprias competências, facilitando que discentes reconheçam suas limitações e tenham condições de avaliar e validar o que é essencial para a realização das práticas (Boostel et al, 2021). Em suma, os resultados deste relato de experiência destacam os benefícios significativos do uso de simulações realísticas no processo de ensino e aprendizagem em Enfermagem Obstétrica. Essa estratégia pedagógica proporcionou uma oportunidade única para as estudantes desenvolverem suas competências clínicas, se sentirem mais seguras nas tomadas de decisões, aprimorarem habilidades técnicas e de comunicação, exercitarem o trabalho em equipe e, consequentemente, reduzirem a ansiedade associada à entrada em um cenário ainda desconhecido. Como tal, a integração de simulações no currículo de Enfermagem pode ser uma forma valiosa de preparo de estudantes para o cuidado praticado na obstetrícia com o intuito de garantir ótimos resultados para mães e bebês e evitar desfechos negativos. Considerações finais: percebeu-se que uma aprendizagem baseada em simulação realística melhorou o pensamento crítico e as habilidades diversas das estudantes de Enfermagem autoras desse relato. Ao fornecer um ambiente seguro e controlado para as discentes praticarem diversos tipos de atendimentos à gestante, parturiente, puérpera e seu recém-nascido, as simulações auxiliaram a desenvolver suas habilidades analíticas e de resolução de problemas. Com as simulações, as estudantes puderam desenvolver a capacidade de análise de situações variáveis e, por vezes, complexas, identificar riscos potenciais e tomar decisões informadas e baseadas em evidências científicas, competências essenciais para o sucesso no campo profissional e, especialmente, na área da Enfermagem Obstétrica. Ainda, é importante salientar que esta experiência vivenciada propiciou o desenvolvimento das estudantes como protagonistas do cuidado prestado, sendo possível que as próprias pudessem apontar acertos e dificuldades, pontos de melhoria, reforçando e aprofundando as partes teórica e prática. Além disso, as simulações também possibilitaram o aprimoramento da empatia, virtude fundamental para estabelecer uma relação de confiança, vínculo e acolhimento com as mulheres e famílias que serão atendidas. A partir dessas experiências práticas, as autoras desenvolveram uma maior segurança e autonomia para atuar de forma eficaz na assistência à gestante e ao recém-nascido, respeitando suas individualidades e necessidades específicas. Dessa forma, o uso de simulações realísticas no processo de ensino e aprendizagem aplicada à Enfermagem Obstétrica se mostrou extremamente benéfico e enriquecedor para a formação profissional e pessoal, contribuindo significativamente para o desenvolvimento de competências técnicas, cognitivas e afetivas necessárias para uma prática segura, ética e qualificada.

Publicado
25-09-2024