PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E A INTEGRAÇÃO ENTRE ENSINO E SERVIÇO:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Palavras-chave: Segurança do paciente, Auditoria, Estudantes, Enfermagem

Resumo

Introdução: A segurança do paciente é uma problemática a nível mundial, já que colabora diretamente na melhora ou piora do quadro clínico dos pacientes e na ocorrência de eventos adversos (EA), que são as complicações decorrentes do cuidado prestado aos pacientes. No relatório To Err is Human: Building a Safer Health System, do Institute of Medicine (IOM) feito nos Estados Unidos da América, é apontado que a ocorrência de eventos adversos somou à oitava causa de morte do país em 1999 (Monteiro; Avelar; Pedreira, 2015) e que grande parte dessas mortes poderiam ter sido evitadas. Foi a partir desse mesmo ano que o assunto segurança do paciente passou a se tornar internacionalmente visto como fundamental na oferta de uma assistência de qualidade na saúde. Em razão disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou em 2004 a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, que teve como objetivo definir prioridades para a pesquisa na área de segurança do paciente para todos os países do mundo (Reis; Martins; Laguardia, 2013). Os eventos adversos ocorrem em qualquer contexto assistencial de saúde, dados apontam que 10% dos pacientes internados sofrem de eventos evitáveis e que eles causam um grande prejuízo financeiro aos países, só nos EUA se estima que em 1999, os gastos chegaram a U$ 17 bilhões (Reis; Martins; Laguardia, 2013). Em 2009, a OMS criou e lançou as seis metas internacionais de segurança do paciente, sendo elas: Identificação correta, eficácia na comunicação, administração segura de medicamentos, cirurgia segura e redução de risco de quedas e lesões por pressão (Siman; Brito, 2016). O Brasil foi um dos países que assumiu esse compromisso de desenvolver ações voltadas à segurança do paciente, assim, em 2013 foi criado a Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 529, de 01 de abril de 2013, na qual institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que teve como objetivo qualificar o cuidado e promover a segurança do paciente. Com a publicação do PNPS, passou a vigorar em todo hospital brasileiro a presença de um Núcleo de Segurança de Paciente, na qual procura-se melhorar a qualidade da assistência no Brasil a partir da postura preventiva. Objetivo: Este resumo tem como objetivo descrever as experiências das ações de auditoria desenvolvidas no ambiente hospitalar por três estudantes de enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó, que fazem parte do projeto de extensão intitulado "Segurança do paciente e integração entre ensino e serviço: uma proposta de extensão universitária". Metodologia: Trata-se de um relato de experiência decorrente de uma ação extensionista vinculada a um projeto de extensão universitária, do período de maio de 2023 a dezembro de 2023, desenvolvido no Hospital Regional do Oeste (HRO), no município de Chapecó, cidade do estado de Santa Catarina. Para a pesquisa dos artigos mencionados no resumo, foram utilizados a base de dados do BVS através do descritor registrado na biblioteca virtual de saúde (DeCs): "Segurança do paciente". Também foi utilizado para a realização do texto a base de dados da SciELO. Resultados e discussão: Um dos pontos centrais para garantir a segurança do processo assistencial, é identificar corretamente o paciente. Durante toda a internação hospitalar, desde a admissão até a alta do paciente, pode acabar ocorrendo algum erro nessa identificação. Essa ação básica, que é identificar corretamente o indivíduo durante todo o seu período de internação, serve como ponto de partida para a execução adequada das várias etapas de segurança em instituições de saúde. Isso garante que o paciente receba o tratamento certo em qualquer situação, mesmo naqueles em que ele não possa responder por si mesmo. É importante que o processo de identificação do paciente seja feito corretamente, pois é através dele que se garante ao paciente um determinado tipo de procedimento ou tratamento, sem o acontecimento de erros ou danos (Alves, 2013). Uma forma que o Hospital regional do Oeste utiliza de se certificar que nenhum tipo de dano ocorra a algum paciente é realizando as auditorias, tanto do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) como do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS) para averiguar questões relacionadas à segurança do paciente. É neste cenário que entram as ações do projeto de extensão mencionado anteriormente no qual as três estudantes estão inseridas. A realização de auditorias iniciou em maio de 2023 e aconteceu semanalmente nos diferentes setores do HRO. Com o intuito de verificar gargalos ou falhas na qualidade da assistência prestada ao cliente, as acadêmicas utilizavam checklists para verificação e controle do processo. A execução das auditorias passava pelo posto de enfermagem e leitos, a fim de verificar a presença de itens, como: álcool 70% e sabão líquido para higiene das mãos dos profissionais, pacientes e acompanhantes; além disso, verificava a identificação segura do paciente - presença de pulseira de identificação, se a mesma está legível, se o paciente apresenta a necessidade de isolamento, possui risco de queda, lesão por pressão (LPP) ou alergia e se ele estava adequadamente sinalizado; ainda analisava se o preenchimento do quadro de identificação do paciente, acima do leito, estava correto, com todos os dados devidamente assinalados; se os fatores de risco que envolve um cuidado integral estavam sendo priorizados, a exemplo de pacientes acamados com risco de LPP e a realização da mudança de decúbito; além de cuidados básicos e primordiais, como a cama travada, grades levantadas, medicações, sondas vesicais e selo d'água identificados e posicionados corretamente. Vale destacar que todos os resultados das auditorias eram compartilhados com o Núcleo de Segurança do Paciente e o SCIRAS, visto que essas auditorias representam uma poderosa ferramenta de melhoria de processos no ambiente hospitalar, além do fato de todos os dados coletados pelas acadêmicas ficarem disponíveis para futuras pesquisas acerca desta temática. Ademais, todas as ações realizadas nos setores pelas acadêmicas de enfermagem, foram imprescindíveis para o desenvolvimento e o refinamento de uma postura ímpar, enquanto futuros profissionais, frente à tomada de decisões, haja vista que esse projeto de extensão possibilitou visualizar, na prática, a figura do profissional enfermeiro, sendo ele gestor ou assistencial, e como a sua tomada de decisão no cuidado prestado impacta diretamente ou indiretamente na qualidade da assistência prestada à segurança do paciente. Em suma, foi fundamental o desenvolvimento de habilidades de relacionamento com a equipe de enfermagem, com o paciente e o familiar, considerando que a auditoria trata-se de um processo que naturalmente deixa as equipes um pouco mais tensas, assim, as acadêmicas puderam exercitar uma postura empática com o foco de efetivar melhorias notórias em todo o escopo hospitalar. Considerações finais: A auditoria é primordial para a excelência da gestão hospitalar e do processo investigativo. É uma ferramenta que proporcionou às acadêmicas de enfermagem assumir uma postura de comprometimento e responsabilidade ao contribuir para a manutenção de um controle interno sadio e ajustado aos principais objetivos estratégicos do HRO. Durante todo o período do projeto de extensão, foi possível que as acadêmicas vivenciassem na prática o papel da enfermagem, tanto na dimensão gerencial como assistencial, observando que toda e qualquer ação da enfermagem impacta diretamente, tanto positivamente como negativamente, na qualidade da assistência prestada aos pacientes internados. Com a conclusão bem-sucedida deste projeto de extensão que une ensino e serviço e com todas as auditorias realizadas pelas acadêmicas de enfermagem, espera-se que venha a fortalecer ainda mais a cultura de qualidade, aprimorando constantemente os processos e garantindo a segurança e o bem-estar de todos os pacientes.

Publicado
25-09-2024