O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS COMO FERRAMENTA INFORMATIVA NA PRIMEIRA INFÂNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Palavras-chave: Educação em Saúde; Maternidade; Primeira Infância; Mídias Sociais.

Resumo

Introdução: O nascimento de uma criança configura-se como um momento muito marcante e singular na vida dos pais, as representações desse marco trazem uma série de significados profundos e universais, na qual, torna-se especial na vida do casal que passa ter a oportunidade de acompanhar de perto as descobertas da criança. Contudo, apesar das alegrias, a chegada de uma criança na família gera uma imensa mudança na rotina, mudanças estas, que se refletem na relação conjugal. Afinal, o tempo fica mais escasso, a rotina gira em torno do filho, as responsabilidades aumentam e é necessário passar por um período de adaptação para que tudo se ajeite (Macedo, 2020). Ainda, no que tange ao período de adaptação dos pais à nova rotina com o recém-nascido, iniciam-se as dúvidas e apreensão para com os cuidados do mesmo, principalmente quando relacionado a amamentação, cuidados com o umbigo, cólica, entre outros cuidados relacionados às necessidades básicas da criança. Além disso, a experiência de vivenciar a vinda do primeiro filho traz consigo uma gama de transformações na vida da puérpera, sendo uma fase de grandes mudanças e adaptações físicas e psicossociais, também é apresentada uma mudança de sentimentos vagos e contraditório como inseguranças, medos, alegrias por ser uma fase constituída por adaptações da mãe em relação às necessidades do recém-nascido (Silva et al., 2021). Assim, faz-se necessário estratégias de educação em saúde aplicada pelos profissionais, em especial os enfermeiros, fornecendo orientações acerca dos cuidados que devem ser tomados com os lactentes, sempre levando em conta as falas e anseios da mãe (Mascarenhas et al., 2019). Portanto, compreendendo que o exercício da maternidade é um processo de construção social e cultural contínuo, e para tal apoio, o uso das mídias sociais tem se mostrado um aliado na disseminação de informações, com foco na promoção, prevenção e educação em saúde que ultrapassa barreiras geográficas, além de, contribuir na fomentação de políticas públicas em saúde. Objetivo: Relatar metodologia de ensino desenvolvida no componente curricular O Cuidado no processo de Viver Humano II, do curso de Enfermagem da UFFS. Metodologia: O estudo é descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicas de enfermagem da sétima fase, da Universidade Federal da Fronteira-UFFS, campus Chapecó, no primeiro semestre de 2024, no componente curricular do O Cuidado no Processo de Viver Humano II, onde são abordados os conteúdos relacionados a saúde da criança e do adolescente. No decorrer das aulas de laboratório, foi discutido sobre a consulta de puericultura, aleitamento materno, marcos do desenvolvimento da criança e a realização de um simulado, evidenciando as principais dúvidas que os pais têm em relação à maternidade, principalmente quando se trata do primeiro filho. A fim de conhecer quais os principais anseios quando relacionado a essas questões, através do contato pessoal com algum familiar ou conhecidos por via WhatsApp, de colegas estudantes que são mães e por via de caixa de mensagem no Instagram®, foi realizado a seguinte pergunta para a mãe em relação à primeira infância: “Quais foram as suas principais dúvidas e/ou dificuldades com o nascimento do seu filho (a)?”, essa pergunta foi usada como norteadora para saber as principais dúvidas das mães e ou responsável da criança. No segundo momento, foi realizada a busca de artigos científicos em bases de dados seguras, da área da saúde, para embasar nas respostas a serem difundidas com as mães, em seguida, foi confeccionado a elaboração das publicações na plataforma Canva. Posteriormente os conteúdos, foram divulgados para as mães através do contato feito inicialmente, e publicados nas mídias sociais, marcando as contas do Instagram® da UFFS, página da liga de pediatria e hebiatria em enfermagem- LAPHE, centro acadêmico de enfermagem- CAEnf, do perfil da turma- enfer2021uffs, da professora coordenadora da disciplina, e das mães que fizeram a pergunta. Resultados e discussão: Diante das experiências vivenciadas pelos estudantes, após questionar as mães sobre suas principais dúvidas ou dificuldades na primeira infância de seus filhos. As principais dúvidas evidenciadas foram relacionadas às dificuldades durante a amamentação, cuidados com o coto umbilical, alergia alimentares, a falta de um rede de apoio, não conseguir acompanhar a tabela do marco do desenvolvimento, o sono, e dificuldade em retornar ao trabalho, após a licença da maternidade. Do relato exposto por uma das mães, as principais dificuldades foram com a amamentação da sua filha, conforme menciona a mesma: “Foi descoberto na hora do nascimento que ela tinha Síndrome de Down. A primeira dificuldade que tive com ela foi relacionada à amamentação, a qual já é difícil pelo fato de ela não ter força para mamar. Foi angustiante!”. Sabe-se que o ato de amamentar é considerado uma fase muito importante para as mães, pois além do leite trazer benefícios para o desenvolvimento da criança, contribui para o maior vínculo entre mãe e bebê. No entanto, a amamentação nem sempre é um processo fácil. Além das dificuldades que podem ocorrer nesse período, cada mãe vivencia a amamentação de forma singular, como no caso citado era uma mãe atípica. Assim, embora o bebê com síndrome de down deva receber aleitamento materno, sua sucção é insuficiente devido apresentar o tônus muscular diminuído e, muitas vezes, a própria mãe não tem condições de amamentar devido ao estresse emocional ocasionado pelo impacto da notícia ou mesmo pela falta de encorajamento às mães. Logo, no início de vida deve ser incentivado o aleitamento materno exclusivo, considerando que o movimento de sucção do peito contribui para o melhor fortalecimento de toda a musculatura facial e auxilia na oclusão dentária. Esses mecanismos repercutem favoravelmente, na mastigação e no desenvolvimento da fala. Para tanto, foram realizados alguns recortes com dicas de um aleitamento feliz e duradouro, entre as principais elencadas foram: “Deixar o bebê mamar o tempo suficiente até que se esvazie o peito e ele o solte espontaneamente”; “Dar-lhe de mamar frequentemente, conforme a demanda do bebê”; “Para facilitar o aleitamento materno é importante que a mãe esteja descansada”; “É de enorme utilidade que as mães tenham contato com outras mães de crianças com síndrome de Down, pois possibilita o fortalecimento da rede de apoio”. Ademais, outro relato de uma mãe foi sobre a dificuldade enfrentada no retorno da licença maternidade, após colocar o filho de 6 meses na creche, em menos de uma semana ele apresentou sintomas respiratórios, inicialmente diagnosticado como bronquiolite. Durante 1 mês tomou antibiótico, expectorante, anti-inflamatório, fez nebulizações, sem resolução do caso. Como não houve melhoras, o bebê consultou com um pneumologista, e constatou-se que foi a introdução ao leite NAN, na creche, que o causou alergia à proteína do leite APLV, além de identificar alergia a ovo e trigo. A conduta da mãe foi comunicar à creche e fazer marmitas, bem como ofertarem o leite NAN SOY (de soja). Para a produção do pôster informativo, foi relatado o caso supracitado, e explicado as diferenças sintomatológicas entre bronquiolite e alergia à proteína do leite, foi elencado os principais sintomas para a bronquiolite: “Tosse, obstrução nasal, coriza e às vezes chiado no peito; Assemelha-se a uma crise de asma ou bronquite e duram aproximadamente de 3 a 15 dias; Dificuldade para respirar e falta de ar indicam gravidade”. Já para a alergia à proteína do leite, foram: “Chiado no peito, espirro, tosse, secreção nasal; Infecções no ouvido; Sangue ou muco nas fezes ou diarreia; Vômito ou regurgitação”, informações colhidas através da análise de artigos do UNASUS e FIOCRUZ. Ao final, escrevemos um aconselhamento aos pais que possam passar pela mesma dificuldade, ou seja, se caso o pediatra não tenha experiência com alergias, sugere-se procurar um alergista ou pneumologista. As crianças são expostas precocemente às proteínas do leite de vaca (LV) pela dieta materna (se amamentadas), pela ingestão de fórmula infantil ou durante a introdução dos alimentos sólidos. Neste relato materno, ficou evidenciado que o diagnóstico nem sempre terá precisão, reações adversas de caráter imunológico podem ter sintomas muito parecidos e serem difíceis de diagnosticar inicialmente, a depender do contexto. Posto isso, é recomendado ao ofertar diferentes alimentos, atentar-se, para não introduzi-los no mesmo período, dificultando assim a identificação de possíveis reações alérgicas. Conforme o estudo de Moura et al. (2021), o enfermeiro é um importante aliado para a promoção da alimentação complementar saudável nos primeiros dois anos de vida, uma vez que faz parte de sua rotina o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, o qual requer análise dos dados antropométricos da criança e orientações nutricionais. Considerações finais: A construção dos posters informativos, possibilitou às acadêmicas uma aproximação mais significativa com as diferentes realidades vivenciadas pelas mães em relação às dúvidas e dificuldades que tiveram com seus filhos durante a primeira infância. Além disso, a atividade contribuiu para o processo de formação teórico e prático, bem como forneceu instrumentos para elencar o que é importante a ser dito para mães que apresentarem futuras dúvidas e/ou dificuldades nas atividades práticas, sendo um norte nas consultas de enfermagem. Ao educar os pais sobre práticas seguras de introdução alimentar e como identificar e lidar com alergias alimentares, disseminamos a informação para reduzir o risco de complicações de saúde em bebês e crianças pequenas. Participar de atividades como esta, que interliga saúde, família e crianças no meio de mídias sociais, sensibiliza os acadêmicos a serem defensores eficazes dos pacientes, principalmente, ao oferecer suporte emocional, responder a perguntas e conectar as famílias aos recursos necessários para lidar de uma forma mais leve com um novo mundo, que inclui aspectos como amamentação exclusiva e complementar, e introdução alimentar correta. Além de que, afirma-se que mais instrumentos como este deveriam ser promovidos pelos docentes, em diferentes áreas dentro da enfermagem, para que assim, se expanda o conhecimento por meio das redes midiáticas.

Publicado
25-09-2024