ATUAÇÃO DE ENFERMEIROS DA APS NA PREVENÇÃO, NO DIAGNÓSTICO E NO TRATAMENTO DE IST

  • Adriel Silva Pampolha Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: DST, IST, Atenção Primária à Saúde, Enfermagem

Resumo

Introdução: As complicações de saúde advindas das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e/ou infecções sexualmente transmissíveis (IST) não são recentes na história da civilização, bem como as tentativas de intervir eficientemente na cura das pessoas acometidas por essas enfermidades. Embora o acesso às informações tenha aumentado significativamente nos meios técnico-informacionais, a falta de conhecimento ou a não prática do autocuidado ainda se configura como um dos motivos pelos quais permanecem ocorrendo novos casos. (Ferraz; Martins, 2014). Levando em consideração os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as taxas de contaminação seguem elevadas em todo o mundo, ultrapassando a marca diária de 1 milhão. (Andrade et al., 2021; Silva et al., 2018). Sendo causadas majoritariamente por bactérias e vírus, as doenças conhecidas até hoje apresentam características distintas entre si, mas com potenciais de agravamento que podem levar a óbito o indivíduo em qualquer estágio da vida. Devido a essas peculiaridades, podem compor a lista de notificação compulsória, tal como a sífilis, hepatites virais e HIV (do inglês Human Immunodeficiency Virus). (Domingues et al., 2021). Tendo em vista esse cenário, infere-se que o diagnóstico precoce aliado com o imediato tratamento potencializa as chances de melhora e evita sequelas futuras. Nessa perspectiva, no Brasil, tem-se um sistema composto por estruturas específicas para atender a essas carências da saúde coletiva, a exemplo da Atenção Primária à Saúde (APS). As equipes multiprofissionais ficam responsáveis por suprirem as demandas que chegam até essas unidades de recepção inicial das incidências, denominadas de Unidade Básica de Saúde (UBS) e padronizadas com a Estratégia Saúde da Família (ESF). (Silva et al., 2018). Inseridos nas unidades mencionadas anteriormente, a atuação da enfermagem nas últimas décadas constitui-se de demasiada relevância nas estratégias governamentais. Por isso, averiguar a atuação desses profissionais tornou-se prioridade para a garantia do proveito dos serviços prestados à população. Sendo assim, a pesquisa busca avaliar a seguinte problemática: quais os papéis desenvolvidos por enfermeiros/as da APS na prevenção, no diagnóstico e tratamento das IST? Objetivo: Analisar as ações desenvolvidas por enfermeiros na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Metodologia: A partir do banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), realizou-se a pesquisa bibliográfica de revisão narrativa, de caráter qualitativo. Foram utilizados os descritores “DST”, “IST”, “Atenção Primária à Saúde” e “Enfermagem”, optando-se como critério de seleção os artigos publicados nos últimos 10 anos, no idioma português, que tivessem relação com revistas de enfermagem ou que trouxessem no título referência ao papel desempenhado pelo enfermeiro, totalizando quatro artigos. Resultados e discussão: Os trabalhos selecionados abordam perspectivas diferentes no que diz respeito ao papel do enfermeiro, com diversidade de opções para o êxito da atuação no contexto abordado. É dado destaque para as consultas de enfermagem como suporte no combate ao padecimento decorrente do contágio e infecção, bem como a necessidade de instruir o público assistido a fim de desenvolver o autocuidado. A partir disso, faz-se fundamental o enfrentamento a estigmas sociais por parte de profissionais da saúde, pois o cuidado não deve ser regido através de julgamentos discriminatórios ou vexatórios para o paciente. Percebeu-se o aumento da autonomia desses profissionais diante da prescrição medicamentosa, de acordo com as regras estabelecidas em protocolos da saúde, e da constatação de doenças após análises em consulta de enfermagem, especialmente nos casos de Herpes do tipo 2. Além disso, observou-se a inserção do exercício da abordagem sindrômica nessa investigação relacionada ao contágio herpético, guiada por fluxogramas e tratamentos possíveis para cada quadro de sintomas. (Ferraz; Martins, 2014). Referente ao uso de protocolos na prescrição de medicamentos, os enfermeiros mencionam o sentimento de insegurança em períodos iniciais, fragilidades oriundas do ensino de farmacologia na graduação, mas a sensação não é duradoura à medida que adquirem confiança ao longo do processo. É relatado que a objetividade dos Protocolos de Enfermagem contribuem para a tomada de decisão, o treinamento de identificação de IST e o auxílio de profissionais mais experientes também servem de alicerce para a resolutividade do problema. (Andrade et al., 2021). Tendo em vista o exposto neste estudo, ainda constatou-se a preocupação no compromisso de reduzir os percentuais de transmissão vertical, especificamente a síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) em recém-nascidos e sífilis congênita. Nesse sentido, a participação de enfermeiros nas equipes de aconselhamento às gestantes configurou-se como técnica de suma importância para salvaguardar a vida durante o processo gravídico das mulheres gestantes. (Silva et al., 2018). É válido destacar a variedade do público atendido na atenção básica, fator que permite analisar a representação social de certos grupos pela ótica dos enfermeiros. Quando o assunto envolve relações sexuais, as chances disso ser tratado com alguma restrição são maiores, o que, de algum modo, pode interferir nas ações efetivas do cuidado. Posto isso, a criação de vínculo com a comunidade, contemplando inclusive profissionais do sexo, auxilia na promoção e proteção à saúde integral de nichos marginalizados na sociedade. Por esse ponto de observação, emergiu a idealização da prostituição feminina como algo promíscuo, imoral e subalternizada ante o masculino, visão que gera preconceitos e salienta as disparidades de gênero no contexto da saúde sexual ou reprodutora na ESF. Desse modo, as infecções sexuais não escolhem atacar exclusivamente uma classe de sujeitos em detrimento de outras por simplesmente estarem num ambiente propício a IST. Esse aspecto apresentado corrobora para o reducionismo do cuidado por enfermeiros na APS, pois o corpo se reduz a tais patologias. (Belém et al., 2018). Nesse panorama, a trajetória demonstra os avanços atingidos quanto ao progresso da carreira e a ampliação dos espaços de atuação, embora os empecilhos advindos preconcebidamente de visões de mundo individuais, coletivas e compartilhadas socialmente persistam como barreiras no sucesso dos mecanismos estratégicos já existentes para a resolução das ocorrências. Enfatiza-se a imprescindível mudança no olhar sobre o paciente-cliente-usuário relativo ao primeiro diagnóstico, porque limitar a assistência por esse viés prejudica a integralidade e a longitudinalidade. Considerações finais: O estudo possibilitou examinar que os profissionais enfermeiros desempenham suas funções no enfrentamento das IST de maneira legal, sejam elas na prescrição medicamentosa ou através das consultas de enfermagem. Por conseguinte, averiguou-se o papel de aconselhamento realizado, no intuito de esclarecer e elucidar os perigos dos contágios. Visto que os responsáveis pela enfermagem estão na linha de frente das principais exigências das áreas adscritas, possuem responsabilidades que demandam formação comprometida com a ciência, pensamento crítico e que busquem o exercício autônomo do cuidado. Com base nas reflexões obtidas dos estudos selecionados, torna-se evidente uma compreensão multifacetada do papel do enfermeiro. Destaca-se, inicialmente, a importância das consultas de enfermagem no contexto abordado. Além disso, nota-se um aumento significativo na autonomia dos profissionais, respaldada por protocolos e análises clínicas. Essa evolução não apenas fortalece a prática clínica, mas também demonstra um compromisso ético e técnico em reduzir as transmissões verticais de doenças, como a SIDA e a sífilis congênita. No entanto, a diversidade dos públicos atendidos na atenção básica traz desafios, especialmente em temas sensíveis como saúde sexual, exigindo uma abordagem inclusiva e desprovida de estigmas. Apesar dos avanços, persistem barreiras relacionadas a preconceitos e visões limitadas, destacando a importância urgente de uma transformação na percepção do paciente. Portanto, essa mudança é fundamental para garantir a integralidade e a continuidade do cuidado, reforçando a necessidade de superar obstáculos sociais e individuais para uma prática assistencial mais eficaz e abrangente.

 

Descritores: DST; IST; Atenção Primária à Saúde; Enfermagem.

Publicado
25-09-2024