SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA: UMA ABORDAGEM NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO.
Resumo
Introdução: Ao longo do tempo discutiu-se qual o conceito e o que é saúde para a humanidade, sendo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1947, define e explica saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de infecções e enfermidades”. Neste sentido, a Constituição de 1988, considera a saúde um direito social, de todos e dever do Estado. Para garantir esse direito, instalou-se o Sistema Único de Saúde (SUS), que se baseia em três princípios: universalidade, igualdade e integralidade. (BRASIL, 2020). De acordo com a OMS, qualidade de vida, pode ser definida como algo relacionado a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto cultural e de sistemas de valores nos quais o indivíduo vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, envolvendo assim diversos aspectos que podem influenciar em sua vida, como o bem-estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos, juntamente com a saúde de forma geral, educação, habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida (BRASIL, 2013). Neste sentido, a percepção sobre saúde e qualidade de vida são indissociáveis entre si, assim como também estão relacionadas à situação existencial do indivíduo, portanto, são percepções formadas a partir de condições pessoais e sociais (NOBRE, 1995). Especialmente no ambiente universitários, o qual é um espaço onde pode ser encontrados diversos desafios, as pessoas experienciam momentos bons e em outros nem tanto. Existem inúmeros obstáculos a serem enfrentados, onde podem influenciar diretamente no bem-estar do acadêmico. Pessoas LBGTQIA+, (Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual, Queer, Intersexual, Assexual, Agênero e todas as denominações não heterossexual), ao longo da história da humanidade sofrem preconceitos, discriminações e até mesmo violência. Em razão disto, a indagação que paira é: “Como a população LGBTQIA + compreende e vivencia o contexto universitário, associado a sua saúde e qualidade de vida?”. Contemporaneamente existem políticas públicas que buscam ampliar o acesso a ações e serviços de qualidade, reconhecendo a história de discriminação, preconceito e exclusão, também nos serviços de saúde e principalmente no ambiente universitário. Neste sentido, a portaria nº 2.836, de 1º de dezembro de 2011, dispõe que considerando as normas e leis do SUS, bem como Política Nacional de Saúde Integral LGBT, trás a tona que neste âmbito, o objetivo geral é “promover a saúde integral da população LGBT, eliminando a discriminação e o preconceito institucional e contribuindo para a redução das desigualdades e para consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo.” (BRASIL, 2013, p.20). Segundos estudos, o bem-estar de pessoas LGBTQIA+ de modo geral está na maior parte das vezes desequilibrada, pois os mesmos apresentam frequentemente depressão, crises de ansiedade e sensações de pânico, outro ponto importante a ser destacado são as frequentes notícias divulgadas pela imprensa sobre mortes de travestis, gays e lésbicas, devido à violência sofrida (BRASIL, 2013, p.14). Atualmente, o acesso ao meio universitário está mais ampliado, se comparado com antigamente. Embora ainda existem alguns desafios a serem enfrentados como o próprio ingresso na universidade, os trotes de mal gosto e atitudes que promovem a exclusão dessas pessoas nesse ambiente e em tantos outros pode ser considerada frequente. Existem algumas universidades que dispõem de cotas específicas para pessoas trans, como, por exemplo, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde 50% das vagas da graduação são para alunos de escola pública, com renda familiar baixa, com deficiência, em situação de refúgio, e trans ao qual 1,6% das 2 mil vagas disponíveis anualmente pelos mesmos para assim ser preenchida com essa população (GUERRA, 2019). Ao longo da narrativa da humanidade aconteceram muitos avanços e retrocessos sobre inúmeros fatores, as políticas em defesa dos direitos de pessoas LGBTQIA+ também foram uma dessas, de modo geral segundo estudos podemos observar ainda, que em determinados lugares as políticas que engloba essa classe de população são mais desenvolvidas que em outros lugares do mundo, como é o caso se formos comparar Brasil e Uruguai, pesquisas ainda apontam que alguns países a exemplo do Brasil vem marchando em paços lentos em direção a promoção promoção dos direitos humanos dessas pessoas, passando assim, por episódios de avanços e retrocessos ao longo da sua história (SILVA; GUIMARÃES; 2017). Objetivo: O objetivo principal do estudo é observar como a população LGBTQIA+ compreende e vivencia o contexto universitário, associado a sua saúde e qualidade de vida, bem como, de que modo lidam com situações de strees e violência por fazerem parte do que é chamado de minoria social e até mesmo com as próprias demandas acadêmicas exigidas pelos seus respectivos cursos de graduação. E a partir disso, compreender como se deu o processo de luta pelos direitos LGBTQIA+ num contexto geral, observando as conquistas pelos seus espaços, principalmente no ambiente acadêmico de uma universidade. Metodologia: A pesquisa que será realizada, terá uma abordagem qualitativa, terá como metodologia de amostragem de snowball ou “bola de neve”, ao qual, pode ser definida como um tipo de amostragem não probabilística, em que se utilizam cadeias de referência ou indicação, tal método, torna-se considerável por tratar-se de um público de provável difícil contato (VINUTO, 2014). A finalização amostral, se dará por meio da saturação teórica, ou seja, a suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, uma certa redundância ou repetição de informações (FONTANELLA; RICAS; TURATO, 2008). A pesquisa respeitará todos os aspectos éticos estabelecidos pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Fronteira Sul, cumprindo as exigências estabelecidas pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº. 466/2012, que trata dos aspectos éticos com pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). E como mencionado na resolução n° 510/2016, será disponibilizado para as participantes duas cópias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), este documento garante ao participante da pesquisa o respeito aos seus direitos (BRASIL, 2016). Neste sentido, o público alvo será pessoas LGBTQIA + universitárias devidamente matriculados em um dos cursos ofertados pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó, destaca-se ainda que será uma participação voluntária pois os futuros entrevistados não receberão ônus. Os riscos na participação, poderão ser relacionado a sentimentos de desconforto ou angustia, sendo assim, o pesquisador responsável se encarregará de orientar o participante a procurar ajuda psicológica disponível através do SUS da Unidade Básica de Saúde do participante. Após a coleta, os dados, serão analisados a partir da análise de conteúdo de Bardin, organizada em: pré-análise; exploração do material; e tratamento dos resultados, inferência e interpretação (BARDIN, 2016). Conclusão: A partir do exposto, independente se as experiências da população LGBTQIA + universitária for mais positivas e/ou negativas, deve-se analisar e ser pensado possíveis estratégias ou intervenções que possam ser realizadas no meio acadêmico para melhorar ainda mais a saúde e qualidade de vida desses indivíduos, proporcionando assim um ambiente cada vez mais incluso e respeitoso. Neste sentido, a participação e manifestação dessas pessoas é de suma importância, para que assim suas necessidades e anseios sejam ouvidos por meio de uma escuta ativa, objetivando tornar o espaço universitário cada vez mais harmônico, seguro e incluso, possibilitando novas experiencias e ensinamentos. Para além disso, esta pesquisa contribuirá para agregar conhecimento aos nossos saberes, contribuindo para as áreas de pesquisa e extensão.