TESTES RÁPIDOS: PROMOÇÃO DA SAÚDE NA COMUNIDADE CHAPECOENSE

Resumo

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias ou
outros microrganismos (ESPÍRITO SANTO, 202?). Essas infecções são consideradas um
problema de saúde pública em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde a incidência tem
aumentado nos últimos anos. Atualmente, existem diversos tipos de IST, tais como o HIV/Aids,
a sífilis, a Hepatite B e a Hepatite C. Essas infeções não escolhem sexo, gênero ou
nacionalidade, acometem homens e mulheres de diferentes idades, geralmente contaminados
por meio de relações sexuais desprotegidas. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(Acquired immunodeficiency syndrome - Aids) é causada pelo Human Immunodeficiency Virus
(HIV), o qual atinge diretamente o sistema imunológico, causando seu enfraquecimento no
combate a infecções (BRASIL, 2016). Algumas pessoas convivem durante anos com o vírus e
não necessariamente desenvolvem a doença. Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre HIV/Aids (UNAIDS, 2021) apontam a existência, atualmente, em todo o mundo, de 38,4
milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids. No Brasil são 920 mil pessoas vivendo com HIV.
Desse número, 89% foram diagnosticadas e 77% fazem tratamento com antirretrovirais
(BRASIL, 2022). O diagnóstico pode ser feito através de testes rápidos, os quais devem ser
realizados sempre que houver exposição, a exemplo de uma relação sexual desprotegida. A
Aids é uma doença que ainda não tem cura e seu tratamento consiste na diminuição da carga
viral, na melhora da expectativa de vida e na restauração do sistema imunológico (BRASIL,
2007). Porém, além do HIV/Aids, outras IST afetam a vida de pessoas no mundo inteiro.
Exemplos disso são a sífilis e as hepatites B e C. A sífilis é causada por bactéria e, diferente do
HIV/Aids, tem cura. Seu tratamento é feito com penicilina benzatina (benzetacil) e pode ser
classificada em: sífilis primária, secundária, terciária, congênita (quando transmitida de mãe
para filho durante a gestação/nascimento) e latente (fase assintomática da doença). Já as
hepatites B e C são causadas pelos vírus HBV e HCV, resultando na inflamação do fígado (RIO
GRANDE DO SUL, 202?). Essas doenças podem ser transmitidas por contato com sangue
contaminado em objetos como agulhas e alicates, em relações sexuais desprotegidas e em
acidentes com exposição a material biológico. As hepatites B e C podem ser agudas ou crônicas,
sendo que a forma crônica é assintomática e só se torna evidente quando em estado avançado,
já com manifestação de complicações graves, como cirrose hepática e hepatocarcinoma
(BRASIL, 202?). Da mesma forma que acontece com o HIV/Aids e a sífilis, o diagnóstico das
hepatites B e C pode ser feito através de testes rápidos, pois é fundamental detectá-las
precocemente para evitar a evolução para a forma crônica, quando o tratamento é direcionado
ao gerenciamento das complicações. No que se refere à prevenção das IST aqui citadas, a
Hepatite B é a única que dispõe de uma vacina específica, a qual é disponibilizada no calendário
oficial de vacinação do Ministério da Saúde. As outras são prevenidas através do uso de
preservativos durante as relações sexuais, do não compartilhamento de objetos contaminados e
do uso de materiais esterilizados. Levando em consideração a importância da identificação
dessas doenças, o Sistema Único de Saúde disponibiliza testes rápidos para rastreamento,
diagnóstico precoce e encaminhamento de tratamento. Os testes rápidos são simples e fáceis de
fazer, podendo ser realizados com pequena quantidade de sangue extraída polpa digital ou de
amostra de fluido oral. O resultado do teste pode ser obtido em até 30 minutos (BRASIL, 2023).
Em razão do exposto, é importante a inclusão de ações que visem ao diagnóstico precoce de
IST através de testes rápidos ainda na formação do enfermeiro. Nesse sentido, o objetivo deste
trabalho é compartilhar experiências de uma atividade teórico prática com testagem rápida de
IST desenvolvida por estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Chapecó com moradores de Chapecó SC e em
parceria com o Hospital Dia do município. Essa integração entre universidade e serviço de
saúde foi possível desenvolver um dia de testagem rápida e gratuita com a população da cidade.
Essa ação, ocorrida em 1° de dezembro de 2022, foi dividida em algumas etapas: primeiro,
fazia-se o acolhimento e a coleta de dados de identificação de cada usuário a ser testado. Na
sequência, eram encaminhados para o espaço da testagem, ocasião em que os estudantes
orientavam como seriam feitos e o que seria detectado em cada teste. Nesse momento, os
estudantes esclareciam sobre formas de autocuidado e de prevenção de contaminação. Após, os
resultados eram entregues a uma psicóloga vinculada ao Hospital Dia, responsável por informálos de maneira individual e reservada, por orientar medidas de autoproteção e por incentivar a
realização de testes em caso de relações desprotegidas ou de contato com material
potencialmente infectante. Nessa data, foram atendidos 195 usuários e foram feitos 780 testes
rápidos. Tais testes possibilitaram a identificação de oito casos de sífilis e de um caso de hepatite
B, cujos portadores desconheciam sua condição e foram encaminhados para continuidade da
assistência e tratamento. Ao longo da atividade, materiais informativos sobre as IST foram
disponibilizados, juntamente com orientações sobre elas, entrega de preservativos e
atendimento individualizado para aqueles que demandavam cuidados específicos, como
direcionamento para o tratamento de sífilis e Hepatite C, encaminhamento para UBS de
referência em casos positivos para HIV e Hepatite B para controle medicamentoso das doenças.
No decorrer da ação observou-se que a compreensão e o conhecimento da população sobre IST
variam de acordo com o contexto social, acesso à informação, escolaridade, condição
socioeconômica, dentre outros fatores. É importante destacar também o domínio da língua
portuguesa e a habilidade de comunicar-se com ela como elementos importantes para apreender
conhecimentos necessários para superar os frequentes mitos e tabus relacionados a doenças de
transmissão sexual. Esse aspecto é particularmente importante ao considerar-se a afluência de
imigrantes para o município, oriundos de países como Venezuela e Haiti. Em resumo, as ações
desenvolvidas demonstram a importância da realização dos testes rápidos e da prevenção, com
o objetivo de combater as IST e garantir melhor qualidade de vida para as pessoas. Nesse
sentido, é necessário que os serviços de saúde trabalhem em conjunto com a comunidade,
oferecendo informações e cuidados adequados para enfrentar esse problema de saúde pública
que desafia a ciência e a atenção à saúde já há mais de quatro décadas. Os diagnósticos obtidos
nessa ação de testagem rápida contribuem para reforçar a importância epidemiológica das IST,
responsáveis por carga significativa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo. Por isso
é fundamental que os serviços de saúde estejam preparados para atender os usuários, oferecendo
diagnóstico, tratamento e prevenção adequados, tendo como foco a promoção da saúde global
e, nesse caso, sexual. No entanto, também é essencial promover a saúde com ações de educação
em saúde para que as pessoas entendam a gravidade dessas infecções, reconheçam sua
vulnerabilidade a elas e saibam como evitar a contaminação, possibilitando uma vida sexual
mais saudável a si próprias e a seus parceiros. Como atividade desenvolvida na graduação, a
ação em foco representou real articulação entre ensino e extensão, bem como integração entre
a Universidade Federal da Fronteira Sul e os serviços de Saúde, o que possibilitou a abordagem
teórica e prática de questões atuais e relevantes no cenário da saúde brasileira. Em suma, ficou
evidente a relevância da criação de um espaço público e mais próximo da população para que
possam ter acesso a informações sobre questões de saúde (HIV, sífilis, Hepatites) e terem a
oportunidade de realizar testes rápidos e gratuitos.