O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO IDOSO VÍTIMA DE VIOLÊNCIA
Resumo
Observa-se, no Brasil, uma tendência de inversão da pirâmide etária, o que possibilita um número maior de pessoas acima dos 60 anos de idade. Os idosos apresentam uma relevante vulnerabilidade psicológica, social e fisiológica, sendo uma população frequentemente afetada por doenças e agravos não transmissíveis (DANT), tais como doenças cardiovasculares, respiratórias, urinárias, neurológicas, além de câncer e acidentes. Dentre os agravos, cita-se a violência, que pode ser física, psicológica, sexual, patrimonial, institucional, abuso financeiro, discriminação e preconceito, entre outras. O crescimento da população idosa, aliado ao preconceito, o estigma e a vulnerabilidade, resultam em números importantes de casos de violência. Conceitua-se violência como um ato intencional no qual usa-se da força ou poder para infligir dano a outrem. À exemplo disso, cita-se o Estado de Santa Catarina que, em 2019, por meio de canais telefônicos de denúncias, alcançou um número anual de 1627. A nível nacional, no mesmo ano, foram registradas 48,5 mil denúncias. No Brasil, o maior provedor de cuidados aos idosos é a família. Entretanto, entre os principais agressores, destaca-se também o núcleo familiar, sendo que na maioria dos casos, os filhos dos agredidos figuram como os protagonistas das agressões. Além disso, existem fatores que potencializam a vulnerabilidade do idoso, de forma a deixá-los mais suscetíveis à violência, como a escolaridade, gênero, cor da pele e grau de dependência. Desse modo, é premente refletir acerca de ações que combatam a violência contra idosos em diferentes áreas da sociedade e, em especial, na saúde. Nesse aspecto, buscar a promoção, prevenção e proteção, além de garantir uma assistência integral, podem ser meios de empoderar e educar os idosos e a sociedade sobre a situação descrita, sendo esses aspectos mencionados no Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DANT. Desta forma, os profissionais de saúde devem investir no conhecimento acerca das situações de violência contra idosos, pois a falta do mesmo corrobora para a subnotificação, o que pode dificultar o atendimento em saúde. Há uma tendência natural e eficiente de se buscar sinais de violência infantil, tanto na avaliação comportamental, quanto no exame físico, mas não com o público no outro extremo de idade. Outrossim, o enfermeiro deve, nos serviços de saúde, saber identificar uma situação de violência por meio do acolhimento eficiente, histórico de enfermagem e exame físico. Além disto, agir com empatia e respeito, visando realizar a notificação que, nesta situação, é compulsória, e orquestrar procedimentos legais, de acordo com a legislação, que possam evitar futuras situações de maus tratos e violência, pautando-se também no aconselhamento, denúncia e trabalho multiprofissional nos serviços de saúde. Dessa maneira, o enfermeiro desempenha um papel fundamental no combate à violência, pois pode basear sua atuação em diversas estratégias de proteção ao idoso.