EFEITOS DA ELETROACUPUNTURA EM BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS EM ADULTOS COM LOMBALGIA CRÔNICA

  • João Vitor Kroth UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Vinicius Ansolin
  • Kailane Paula Pretto
  • Jardel Cristiano Ecco
  • Débora da Silva Tavares
Palavras-chave: práticas integrativas e complementares; dor lombar; eletroacupuntura; estresse oxidativo; inflamação.

Resumo

Introdução: as condições crônicas são situações complexas de saúde, de longa duração, que exigem terapêuticas contínuas, proativas e integradas por parte do sistema de atenção à saúde, dos profissionais e usuários para obter um controle efetivo, eficiente e com qualidade. A Dor Crônica (DC) é um grave problema de saúde atual, visto que é uma das condições mais encontradas pelos profissionais de saúde e suas repercussões negativas afetam o físico do paciente, mas como também, a sua saúde mental e emocional. Modificando portanto, seus hábitos, relações  familiares e sociais, além de comprometer a qualidade de vida dos acometidos. Além disso, de acordo com a Associação Internacional para Estudos da Dor- ISPN (2020), a dor é “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante a uma lesão tecidual real ou potencial”. Assim, a dor tem três mecanismos fisiológicos: de origem nociceptiva, neuropática ou misto. Nesse sentido, a primeira  está relacionada à lesão de tecidos ósseos, musculares ou ligamentares; o segundo quadro álgico neuropático, é caracterizado por lesão ou disfunção do Sistema Nervoso (SN); e a origem mista corresponde pela junção das duas anteriores. Com isso, a autonomia dos indivíduos acometidos por DC é extremamente prejudicada e, a intensidade da dor dificulta a  realização de atividades fundamentais do dia a dia, limitando assim, sua rotina. A eletroacupuntura (EA) é um dos procedimentos citados nas principais diretrizes para o tratamento da dor lombar crônica, no qual, agulhas finas são inseridas em pontos discretos (acupoints) do indivíduo e, em seguida, é aplicada a estimulação elétrica (CORP et al., 2021; KREINER et al., 2020). Desta maneira, a EA pode melhorar o estímulo elétrico de certas reações fisiológicas para obter um efeito analgésico e anestésico mais rápido do que a acupuntura manual tradicional. Não só, mas também, as vantagens de uma quantidade e qualidade padronizadas de estimulação que é obtida pelo controle da faixa e frequência da corrente de entrada, esse método pode ser eficiente para dor em geral (COMACHIO et al., 2020; LANGEVIN et al., 2015). Em uma revisão recente publicada pela Cochrane, foi mostrado que a realização da acupuntura é mais eficaz do que nenhum tratamento na melhora da dor e resultado imediatamente a curto prazo (MU et al., 2020). Nesse viés, o estresse oxidativo (EO), é caracterizado por um desequilíbrio na geração de compostos oxidantes e antioxidantes das células, essa quebra homeostática leva a um acúmulo de agentes oxidantes, o que por fim resultará no dano tecidual (BARBOSA et al., 2010). O organismo que se encontra sob EO quando ocorre se encontram mais sistemas pró oxidantes que antioxidantes, havendo desequilíbrio desses sistemas. Por isso, o presente estudo, destina-se a estabelecer relações sobre o uso da EA com alterações nos padrões de estresse oxidativo. Objetivo: o objetivo do projeto é analisar o perfil de estresse oxidativo de pacientes com dor lombar crônica inespecífica após intervenção assistida por eletroacupuntura. Metodologia: trata-se de um estudo experimental, de caráter quantitativo, descritivo e intervencionista. Os indivíduos incluídos serão servidores públicos de uma instituição de ensino superior pública do oeste catarinense; com idades entre 18 e 60 anos; que apresentam dor crônica lombar há no mínimo 12 meses classificadas em pelo menos 4, numa escala de 0 a 10; que consiga ficar de pé sem assistência e que seja alfabetizado. Por critérios de exclusão, compreende-se participantes que não concordarem e não assinarem o TCLE, diagnóstico de radiculopatia lombar, dor devido a tumores, metástases, osteoporose, artrite ou fraturas, que vieram a óbito ou desistiram da pesquisa. O procedimento será realizado em uma única sessão de eletroacupuntura para verificar os efeitos agudos. Sendo realizadas coletas com cerca de 20 ml de amostras de sangue pré intervenção e após, com intervalo de 30 minutos. As amostras sanguíneas serão coletadas da veia antecubital nas quais serão separadas e utilizadas para análise dos marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo. A intensidade da dor será avaliada usando a escala numérica de classificação da dor (NPRS), onde 0 representa nenhuma dor e 10 representando a pior dor imaginável. A incapacidade devido a dor lombar será medida pelo Roland Morris Disability Questionnaire (RMDQ), com pontuação que varia de 0 a 24, em que 0 indica nenhuma deficiência e 24 o nível mais alto de deficiência relacionada à coluna. O tratamento com EA vai ser realizado em uma única sessão de aproximadamente 45 minutos, no qual os participantes serão posicionados confortavelmente em decúbito ventral e receberão 30 minutos de estimulação elétrica após a colocação de todas as agulhas. Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) da UFFS e já encontra-se em execução. Resultado, análise e discussão: por resultado, o presente estudo experimental ainda encontra-se em fase de desenvolvimento e intervenção, sendo somente 1 ⁄ 3 (um terço) dos pacientes foram submetidos ao protocolo. Como resultados parciais, tem-se a aplicação pré e pós intervenção dos formulários de avaliação de dor e qualidade de vida mencionados. Nos quais, evidencia-se uma redução na queixa álgica imediata. Como resultados esperados das análises da separação dos hemocomponentes, espera-se evidenciar os diferentes marcadores de padrões inflamatórios e estresse oxidativo. Diversas práticas terapêuticas reduzem o EO em dores crônicas, trazendo benefícios nas condições clínicas de saúde dos pacientes (DE SOUZA NETO; JUNIOR, 2008). O estresse oxidativo (EO) está relacionado com a produção de óxido nítrico (NO), um componente capaz de atuar na transdução de sinais biológicos de maneira autócrina e parácrina. Ele é um ciclo de estresse metabólico e dano tecidual que ocasiona o aumento na produção de radicais livres que agravam ainda mais essa situação. Nesse sentido, a inflamação consiste em uma resposta a agentes lesivos que propõe o reparo das funções homeostáticas de nosso organismo, na dor crônica ocorre uma modificação da mediação do processo inflamatório, que gera a elevação dos níveis de inflamação sem ter necessariamente a presença de agentes lesivos só pela estimulação do limiar da dor (OLIVEIRA JUNIOR; PORTELLA JUNIOR; COHEN, 2016). Evidências crescentes revelaram que os biomarcadores inflamatórios estão criticamente envolvidas na indução e manutenção da dor lombar (TEODORCZYK-INJEYAN; TRIANO; INJEYAN, 2019; VAN DEN BERG et al., 2018). Desse modo,  este projeto busca evidenciar os benefícios da eletroacupuntura na melhora da dor e função imediatamente a curto prazo, diminuindo os danos celulares gerados, como diminuição da inflamação e marcadores de estresse oxidativo, além da percepção sensorial do indivíduo após a aplicação da intervenção. Conclusão: considerando a problemática de dor crônica crescente na população atualmente, a importância de estudos como este servem de base científica para validar a execução das Práticas Integrativas e Complementares (PICS), tendo em vista a constatação científica de seus benefícios na implementação de tratamentos não farmacológicos no manejo da dor crônica, o que acarreta possíveis diminuições de custos ao sistema público de saúde, resolutividade dos serviços, melhorias na qualidade de vida e percepção dos usuários perante seu problema. Apesar de sua alta prevalência e impacto na vida dos pacientes, a dor lombar tem um prognóstico que geralmente apresenta êxito e poucos efeitos deletérios permanentes. As abordagens não farmacológicas incluindo o exercício, educação em dor, terapia cognitivo comportamental, acupuntura e manipulação/mobilização da coluna vertebral, são recomendadas como opções de tratamento de primeira linha, pois o risco de eventos adversos é menor do que as abordagens farmacológica (DEYO; WEINSTEIN, 2001; FOSTER et al., 2018; OLIVEIRA et al., 2018).

Publicado
27-06-2023