IMPLICAÇÕES DO ENFERMEIRO NA INTERPRETAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA: UMA REFLEXÃO CRÍTICA
Resumo
O eletrocardiograma (ECG) é um exame utilizado para avaliar a condução elétrica cardíaca, emitido em forma de gráfico, com traçados que representam as ondas elétricas correspondentes a cada fase do ciclo cardíaco. A partir do seu resultado é possível identificar as alterações decorrentes de disfunções miocárdicas em diferentes cenários, como doenças coronarianas, alterações metabólicas e eletrolíticas, hipertensão arterial e efeitos adversos e terapêuticos de drogas. É considerado padrão ouro para o diagnóstico não invasivo de arritmias cardíacas e isquemia coronariana, sendo essencial na identificação do infarto agudo do miocárdio. Apesar de sua interpretação e laudo serem privativos da classe médica, a execução do ECG não se configura como atividade exclusiva destes profissionais, caracterizando-se na prática dos serviços de saúde atividade realizada, na maioria das vezes, pela equipe de enfermagem e com respaldo legal para tal. No entanto, se faz necessário treinamentos contínuos sobre sua execução e interpretação, sendo essencial que o Enfermeiro se aproprie desse conhecimento para sua tomada de decisão frente às emergências cardíacas. O ato de triagem inicial do ECG pode trazer inúmeros benefícios à prática clínica dos profissionais e pacientes, visto que a identificação precoce de anormalidades em seu traçado, pode minimizar as chances de complicações decorrentes de doenças cardíacas e aumentar as chances de sucesso mediante intervenções. Além dos benefícios mencionados, a interpretação imediata do ECG pelo enfermeiro promove agilidade na escolha e início do tratamento, a qual pode evitar sequelas decorrentes de um diagnóstico tardio e reduzir a gravidade dos eventos isquêmicos. Ademais, essa prática fortalece a autonomia do enfermeiro e favorece a atuação multiprofissional, sendo possível estabelecer um diálogo para troca de informações úteis sobre os casos clínicos dos pacientes. Todavia, apesar dos diversos benefícios mencionados, a realização de ECG por profissionais de enfermagem ainda é incipiente, e em alguns serviços de saúde, inexistente, dadas as limitações que esses profissionais se deparam, tais como, pouco ou nenhum incentivo ou acesso a capacitações, e tampouco valorização dessa prática pelos demais membros da equipe multiprofissional de saúde. Nesse sentido, a capacitação de profissionais de enfermagem, que permanecem por longos períodos em contato com o paciente nas unidades de internação, emergências e unidades de terapia intensiva, deve ser contínua, incorporada à prática e voltada para intervenções multiprofissionais imediatas frente ao paciente. Diante do exposto, torna-se evidente a necessidade de implementar ações de educação continuada, como promover treinamentos e fortalecer a busca do conhecimento a respeito da execução e interpretação do ECG, sendo primordial para nortear as condutas e ações de enfermagem em situações que exijam rapidez e agilidade da equipe.