O USO DA COMBINAÇÃO DE LOPINAVIR E RITONAVIR NO TRATAMENTO DA COVID-19

Autores/as

  • Eduarda Luiza Maciel da Silva UFFS campus Chapecó
  • Guilherme Vinício de Sousa Silva
  • Graciela Soares Fonseca
  • Cesar Andres Diaz Arias

Palabras clave:

Infecções por Coronavirus, Lopinavir, Ritonavir

Resumen

O USO DA COMBINAÇÃO DE LOPINAVIR E RITONAVIR NO TRATAMENTO DA COVID-19

Eduarda Luiza Maciel da Silva

Guilherme Vinício de Sousa Silva

Graciela Soares Fonseca

Cesar Andres Diaz Arias

 

RESUMO EXPANDIDO 

Introdução: A pandemia gerada pelo novo coronavírus (COVID-19) é o maior obstáculo que a saúde pública enfrenta em décadas. Quando sintomática, a infecção viral é capaz de desencadear quadros graves e potencialmente fatais. Frente a isso, vários pesquisadores das mais diversas partes do mundo têm se empenhado em descobrir um medicamento ou uma vacina para combater a referida doença. Dentre essas pesquisas, dois dos medicamentos mais estudados são o ritonavir e o lopinavir, os quais usados concomitantemente, foram analisados com o objetivo de comprovar a sua eficácia terapêutica. Eles são utilizados no tratamento do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) que assim como o SARS-CoV-2, é um retrovírus, o que explica o grande interesse de estudos relacionados a estes medicamentos. Objetivo: Descrever o uso da combinação de lopinavir/ritonavir no tratamento da COVID-19. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura nas seguintes bases de dados: Pubmed, New England of Medicine, Scielo e Science Direct. Resultados e Discussão: O emprego de lopinavir/ritonavir é clássico no tratamento do HIV, sendo administrados em conjunto, numa posologia de 400 mg de lopinavir e 100mg de ritonavir, a cada 12 horas. O ritonavir é um antiviral que, além de atuar na protease do vírus, também é inibidor do citocromo p450 3A4 (CYP3A4), propiciando maior biodisponibilidade ao lopinavir, o qual, por sua vez, efetivamente diminui a carga viral no hospedeiro. Em relação a isso, infere-se que é de fundamental importância a compreensão do mecanismo de atuação não só do medicamento, como também do microrganismo, para que assim as causas dos sintomas sejam compreendidas e as células-alvo sejam identificadas, de forma a esclarecer quais medicamentos possuem potencial para combater o vírus. Desta forma, após o estabelecimento da pandemia pelo novo coronavírus, o uso concomitante de lopinavir/ritonavir começou a ser empregado como alternativa terapêutica, uma vez que, assim como o HIV, o SARS-CoV-2 também é um vírus do tipo retrovírus. Entretanto, os conhecimentos produzidos até então, apesar de alguns resultados inconclusivos, apontam para a ineficácia destes medicamentos como alternativa terapêutica, visto que dentre os estudos observados, verificou-se que não houve redução significativa da carga viral do hospedeiro na grande maioria das pesquisas realizadas. No que tange a este assunto, um estudo pesquisou dois grupos de pacientes nos quais 100 pacientes receberam o tratamento padrão enquanto outros 99 receberam a combinação de l/r, e o mesmo concluiu que os pacientes  que receberam a combinação de medicamentos não apresentaram uma diferença no tempo de melhora clínica em relação ao outro grupo¹. Entretanto, como citado anteriormente, surgem estudos que mostram uma eficácia destes medicamentos, visto que alguns efeitos benéficos foram constatados, como a redução da temperatura corporal e restauração dos mecanismos fisiológicos normais, e portanto, os autores defendem o uso de l/r como tratamento coadjuvante em pacientes com a referida infecção viral que tenham contraído pneumonia². Ademais, Lim et.al³ concluiu que o uso de l/r resultou em uma diminuição da carga viral um dia após a administração dos medicamentos, além de uma melhora nos sintomas clínicos. Todavia, os autores afirmaram que este fato pode ter ocorrido em decorrência do curso natural da COVID-19, resultando novamente em resultados inconclusivos. Além disso, ambos os medicamentos têm sido utilizados como alternativas adjuvantes em conjunto com outros fármacos, incluindo anti-retrovirais, tais como azitromicina e remdesivir, o que dificulta a real conclusão sobre a sua eficácia. No que concerne a este assunto, pesquisadores realizaram um estudo no qual um grupo recebeu lopinavir/ritonavir, ribavirin e interferon beta-1b, enquanto no outro foi apenas administrado l/r. Os resultados constataram que houve uma maior redução de carga viral no grupo que recebeu a combinação tripla, assim como uma melhora clínica mais rápida, concluindo que o uso de l/r foi semelhante aos efeitos de um placebo no que diz respeito à redução da carga viral, inferindo que o uso destes medicamento é menos  seguro e eficiente⁴   Por fim, retoma-se ao fato de que, apesar de ser um vírus com alta taxa de infecção, as chances de uma pessoa infectada de fato desenvolver a COVID-19 são baixas, e menores ainda as chances da doença progredir a ponto de evoluir a um quadro crítico. Além disso, os ensaios presentes até então demonstram grande divergência de resultados dos estudos realizados in vitro para àqueles realizados in vivo e desta forma, dificulta-se a compreensão exata dos mecanismos pelos quais o ritonavir/lopinavir afetam na evolução dos casos de COVID-19. Considerações finais: A associação l/r tem sido utilizada como tratamento coadjuvante nos casos de COVID-19, usualmente combinados com outros medicamentos, como remdesivir e azitromicina, o que dificulta o estudo a respeito da eficácia dos mesmos, além que, vale ressaltar, mesmo nos quadros sintomáticos, a doença referida possui baixa letalidade. Essa combinação de fatores faz com que a análise da eficácia do lopinavir/ritonavir seja inconclusiva. Entretanto, como mostrado pelas análises dos estudos, de maneira geral, a administração de l/r não demonstrou alterações significativas nos desfechos, ainda que utilizado com outros medicamentos, demonstrando sua ineficácia como método terapêutico. 

 

Descritores: Infecções por Coronavirus; Lopinavir; Ritonavir.

 

Eixo temático: Pesquisa

 

Financiamento (se houver): Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó. 

 

REFERÊNCIAS 

  1. Cao B et al. A trial of lopinavir–Ritonavir in adults hospitalized with severe Covid-19. The New England Journal of Medicine, 2020 maio; 382(19): 1787-1799.
  2. Ye X et al. Clinical efficacy of lopinavir/ritonavir in the treatment of Coronavirus disease 2019. European Review for Medical and Pharmacological Sciences, 2020; 24: 3390-3396.
  3. Lim J et al. Case of the index patient who caused tertiary transmission of Coronavirus disease 2019 in Korea: the application of lopinavir/ritonavir for the treatment of COVID-19 pneumonia monitored by quantitative RT-PCR. J Korean Med Sci, 2020 fev; 35(6): 1-6.
  4. Hung I et al. Triple combination of interferon beta-1b, lopinavir–ritonavir, and ribavirin in the treatment of patients admitted to hospital with COVID-19: an open-label, randomised, phase 2 trial. The Lancet, 2020 maio. 

 

Publicado

15-04-2024