APOIO SOCIAL DE IDOSOS LONGEVOS AMAZÔNIDAS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Autores

Palavras-chave:

Idoso de 80 anos ou mais, Apoio Social, Hipertensão

Resumo

 

RESUMO EXPANDIDO

Introdução: os idosos longevos ou octogenários são aqueles indivíduos que possuem idade de 80 anos ou mais. Esse subgrupo de idosos vem aumentando constantemente ao longo dos anos, e estima-se que até 2050 pelo menos 20% da população mundial será composta por idosos octogenários. Todavia, esse aumento da expectativa associado a más condições de vida pode propiciar um contexto favorável para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).1 Atualmente é comum que grande parte dos idosos apresentem uma ou mais doenças crônicas, sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) a mais prevalentes entre elas. É comprovando que a presença dessas doenças propicia maiores riscos e complicações para a saúde, podendo levar a uma descompensação que afetará a funcionalidade e a autonomia do idoso, e ocasionando altas taxas de incapacidade e dependência. Desse modo, entende-se que o processo de envelhecimento desgovernado e progressivo é capaz de afetar a funcionalidade dos indivíduos, e potencializando o risco de comorbidades crônicas, que consequentemente podem afetar a qualidade de vida dos idosos. Nesse sentido, vale ressaltar a importância do apoio social para avaliação do bem-estar e manutenção da funcionalidade na velhice, tendo em vista que quando ofertado corretamente ele pode ser capaz de minimizar os danos nos aspectos sociais, psicossomáticos, e até biológicos dos indivíduos.2 O apoio social pode ser entendido como um processo recíproco referente a qualquer informação ou auxílio oferecido por pessoas ou grupos aos quais temos contato habitualmente, e que produz um efeito positivo para quem recebe ou oferece determinado apoio, ele pode ser dividido em cinco dimensões funcionais de apoio (material, afetivo, emocional, informação e de interação social positiva).3 Com base nas lacunas existentes no conhecimento científico da enfermagem geriátrica e gerontológica sobre a temática, principalmente no contexto Amazônico, percebeu-se a importância do estudo em questão. Objetivo: avaliar o apoio social idosos longevos com Hipertensão Arterial Sistêmica residentes no município de Coari, Estado do Amazonas, Brasil. Metodologia: trata-se de um estudo exploratório, descritivo e transversal de abordagem quantitativa. Este estudo é um recorte de uma pesquisa maior intitulada “Saúde do Idoso Longevo: Capacidade funcional e Doença crônica não transmissível”. A amostra estudada foi de 94 idosos longevos com HAS de ambos os sexos cadastrados em Unidade de Saúde da Família (USF) pertencentes ao município de Coari, AM. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevistas nos domicílios dos idosos, entre os meses de dezembro de 2019 a março de 2020. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram um formulário elaborado especificamente para o estudo e uma escala chamada de Medical Outcomes Study (MOS). Posteriormente aos dados coletados foram tabuladas, codificadas e organizadas no banco de dados do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0. Esta pesquisa foi pautada na resolução nº 466/12, 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde e obteve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com o número do CAAE nº 20056119.0.0000.5020 e o parecer nº 3.577.609. Resultados e Discussão: os resultados da presente pesquisa mostraram que entre os 94 idosos longevos com HAS avaliados, foi observada uma média de idade de 85 anos. Com prevalência de idosas do sexo feminino (61,5%), sem escolaridade (58,5%), viúvas (56,4%), católicas (71,3%), com renda individual de até um salário mínimo (83,0%), e familiar de até dois salários mínimos (87,2%). Um estudo realizado com um número amostral semelhante de idosos (n=85), cadastrados em USF de um município localizado na região central do Estado de São Paulo, também apresentou uma predominância de senhoras idosas, analfabetas, viúvas e de baixa renda econômica.4 No presente estudo mais da metade da população declarou ser adepto a uma religião, e nesse sentido, enfatiza-se a importância do papel da igreja como fonte informal de apoio, a qual estimula a mobilização da rede de suporte informal, e propicia um maior envolvimento dos idosos em atividades sociais, além de promover uma interação recíproca benéfica para seus participantes.2 Em relação ao arranjo familiar, 60,6% residiam com os filhos ou netos. Alguns estudos comprovam a importância da família, especialmente em domicílios multigeracionais, na influência positiva sobre o nível de apoio emocional, o que pode ser explicado pelas trocas afetivas pertinentes à avozidade.3-5 Quanto a rede de apoio, a média encontrada por dimensões sociais foi de 19 na dimensão material, 13 na afetiva, 15 na emocional, 13 na informacional e de 13 na dimensão de interação social positiva. Desse modo, o apoio material se estabeleceu como o mais ofertado. Enquanto as dimensões informacional e de interação social obtiveram os menores resultados. Estudos realizados com idosos em USF, um na Paraíba e outro em São Paulo, também identificaram índices maiores para a dimensão material em pessoas acometidos por acidente vascular encefálico e em indivíduos com alteração cognitiva respectivamente.4-5 A literatura científica tem demonstrado que os idosos mais dependentes recebem maior apoio material, visto que demandam uma maior atenção, enquanto os idosos independentes recebem mais apoio emocional e companhia.3 Concomitantemente uma menor oferta de interação social positiva pode levar a um restrito isolamento social, e por conseguinte em uma maior chance de desenvolvimento de crises depressivas, cominando em uma maior dificuldade na reabilitação e a reintegração de pacientes acometidos por determinadas comorbidades.5 São inúmeros os desafios para a construção de uma Atenção em Saúde ao Idoso de qualidade, entre eles, encontra-se a importância de se estabelecer o apoio social como um indispensável determinante de saúde. Entretanto, cabe ressaltar que essa responsabilidade não é exclusiva somente dos serviços de saúde, mas sim de toda a sociedade, visto que a mesma pode atuar como um instrumento transformador do processo saúde-doença do idoso, evolvendo em sua rede todos os atores sociais que rodeiam essa população, incluindo o próprio idoso, e os outros membros da comunidade (familiares, amigos, vizinhos, grupos religiosos e profissionais de saúde, entre outros).2 Considerações finais: Em suma, este estudo apresentou o perfil do idoso longevo com HAS dentro do contexto amazônico, evidenciando a prevalência de idosos do sexo feminino, analfabetos, sem união conjugal, religiosos, de baixa renda, os quais possuem como principais personagens de sua rede social informal os familiares, evidenciado na figura dos filhos e netos. Os resultados revelaram bons níveis de apoio social recebidos pelos idosos para a dimensão material, entretanto um baixo nível para as dimensões informacional e de interação social. O que no futuro pode vir a se tornar uma preocupação tendo em vista que o déficit destas dimensões pode ocasionar um isolamento social por parte do idoso. Desse modo, enfatiza-se a importância do investimento em estratégias e ações na atenção básica voltadas para as características, peculiaridades e situação de saúde dos longevos, visando uma assistência eficaz no manejo e prevenção de doenças crônicas, através do estímulo ao fortalecimento das redes de apoio social formais e informais.

 

Descritores: Idoso de 80 anos ou mais; Apoio Social; Hipertensão.

 

Eixo temático: Pesquisa.

 

Financiamento: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Bolsa da Fundação de Amparo a Pesquisas do Estado do Amazonas (FAPEAM) - Edital 011/2019.

 

REFERÊNCIAS

 

  1. Fernandes DS, Gonçalves LHT, Ferreira AMR, Santos MIPO. Functional capacity assessment of long-lived older adults from Amazonas. Rev Bras Enferm. 2019; 72 (Suppl 2): 49-55. doi: 10.1590/0034-7167-2017-0798
  2. Guedes MBOG, Lima KC, Caldas CP, Veras RP. Apoio social e o cuidado integral à saúde do idoso. Physis. 2017 Dez; 27 (4): 1185-1204. doi: 10.1590/s0103-73312017000400017
  3. Brito TRP, Pavarini SCI. The relationship between social support and functional capacity in elderly persons with cognitive alterations. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012 Aug; 20 (4): 677-684. doi: 10.1590/S0104-11692012000400007
  4. Luchesi BM, Brito TRP, Costa RS, Pavarini SCI. Suporte social e contato intergeracional: estudando idosos com alterações cognitivas. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 7º de abril de 2016 [citado 27º de agosto de 2020];17(3). Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/25597
  5. Lima RJ, Pimenta CJL, Frazão MCLO, Ferreira GRS, Costa TF, Viana LRC, et al. Functional capacity and social support to people affected by cerebrovascular accident. Rev Bras Enferm. 2019;72(4):868-73. doi: 10.1590/0034-7167-2017-0854

Publicado

15-04-2024