SAÚDE INDÍGENA: AÇÕES DE ENFERMAGEM AS ETNIAS KULINA E KANAMARI DO AMAZONAS
Palavras-chave:
Cuidados de enfermagem, Povos indígenas, Saúde de populações indígenas, Enfermagem.Resumo
RESUMO EXPANDIDO
Introdução: a enfermagem como profissão se empodera de um cuidado que viabiliza a prestação da assistência aos diferentes grupos sociais. A ação do cuidar é capaz de despertar nos profissionais de saúde o sentido de responsabilidade, preocupação e interesse para com a vida dos seus clientes, algo essencial para a saúde e sobrevivência das pessoas, onde o respeito com a dignidade e individualidade de cada indivíduo é uns dos compromissos que devem ser praticados.1 Na saúde indígena, essa classe profissional possui uma facilidade em se adaptar e de se transformar, fundamentando-se em práticas continuas e sistemáticas em suas ações assistenciais. Desse modo, na atenção aos povos originários essa categoria atua através de serviços que se baseiam na prevenção, identificação dos fatores de riscos, planejamento e implementação das ações assistenciais. Portanto, a enfermagem indígena deve promover uma assistência pautada em compreender as especificidades dos diferentes povos, objetivando a produção do cuidado integral e efetivo. Desta forma, este estudo foi realizado com intuito de divulgar o trabalho de uma equipe de enfermagem durante o cuidado a duas etnias que vivem em um município no interior do Amazonas. Objetivo: analisar as ações de enfermagem durante a assistência aos indígenas da etnia Kulina e Kanamari em um polo base do interior do Amazonas. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo, exploratório e transversal com abordagem qualitativa, realizado com cinco enfermeiros e oito técnicos de enfermagem que prestam assistência no polo base de Mamori, no município de Eirunepé do Estado do Amazonas. O estudo em questão é um recorte de uma pesquisa intitulado “Atuação da enfermagem na assistência a população indígena do polo base de Mamori-Eurinepé, Amazonas” e foi realizado no período de agosto de 2019 a julho de 2020. O instrumento utilizado foi uma entrevista semiestruturada elaborado especificamente para o estudo e na realização da coleta de dados tiveram a colaboração de dois acadêmicos do curso de enfermagem. Quanto ao local da coleta de dado aconteceu na sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Médio Rio Solimões e Afluentes, e na Casa de Apoio à Saúde do Índio em Eirunepé, utilizou-se um gravador de voz para gravar os depoimentos. Posteriormente, os depoimentos foram transcritos na integra e submetido a análise dos dados, que seguiram as etapas da análise temática de Minayo que foram três: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação.2 Em relação aos aspectos éticos, o estudo foi analisado e aprovado no dia 19 de setembro de 2019, pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amazonas, obtendo o registro do CAAE nº. 18392319.6.0000.5020. Resultados e Discussão: para análise da atuação da equipe de enfermagem constituíram-se as principais categorias relacionadas as ações da equipe de enfermagem no polo base de Mamori. A primeira categoria destaca as atividades desenvolvidas in loco: evidenciou-se, a atuação da equipe nas ações de educações em saúde, as temáticas abordadas tiveram como ênfase assuntos que demandavam uma atenção especial sobre o alcoolismo, a violência e a saúde dos pequenos indígenas, além das atividades mensais dos programas promoção e prevenção à saúde indígena. Dessa maneira, na prática esses profissionais precisam criar estratégicas que possam atender as necessidades de cada indivíduo, promovendo e proporcionando uma assistência diferenciada. Em um estudo realizado por Borges 3, sobre as atividades dos enfermeiros na atenção ao recém-nascido e da criança indígena, demostra a atuação da enfermagem nas educações em saúde. O papel do enfermeiro evidência a habilidade desse profissional em explicar os benefícios do aleitamento materno, e educar na prática as puérperas à realizarem as técnicas para se promover uma amamentação eficaz, abordando a função de educador que o enfermeiro concretiza na orientação das famílias sobre as formas básicas de promoção e prevenção de agravos à saúde. A segunda categoria demostra o registo e instrumento de coleta de dados: durante as visitas domiciliares os profissionais de enfermagem, utilizam-se de uma ferramenta denominada consolidado, um roteiro guia que contém informações que são preenchidas manualmente, assim, como os registros realizados nos livros dos programas de saúde, esses dados compõem o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) e sevem como respaldo das ações realizadas nas aldeias do polo base de Mamori. Considerada uma tecnologia leve-dura, para alguns profissionais esse tipo de documento está interligado com a necessidade de seguir e cumprir uma norma padrão estabelecida pela classe da enfermagem, no entanto, esses trabalhadores reconhecem a importância de se ter anotado os cuidados, caso ocorra a eventualidade de se comprovar as ações que foram realizados em área.4 A última categoria manifesta a importância da atualização dos profissionais de enfermagem: destacou-se, nos relatos dos entrevistados, que em virtude da distância geográfica dos centros urbanos, a estadia nas comunidades indígenas contribuem para que se tenha uma desatualização sobre as novas estratégias assistenciais voltadas para o contexto da enfermagem. Todos os depoentes mencionaram o anseio de ofertar uma assistência de qualidade a partir de outras experiências, aprendendo e inovando durante as suas condutas de cuidados, deste modo, o ensino e aprendizagem desses profissionais devem ser garantidos para que se possa minimizar as fragilidades que foram evidenciadas por cada indivíduo. Portanto, é perceptível que no âmbito da saúde indígena há uma insuficiência de assuntos que se aproxime dos aspectos epidemiológicos, culturais e tradicionais dos diferentes grupos étnicos indígenas no Brasil. A carência de investimento e a invisibilidade histórica desses povos são uns dos fatores que vem contribuindo para que se tenha essa deficiência, a falta de inclusão de temáticas sobre os povos tradicionais é uma realidade que se pendura desde o processo de formação profissional dessas pessoas.4 Considerações finais: conclui-se que apesar da peculiaridade de se trabalhar no âmbito rural, os profissionais de enfermagem desenvolvem diversas estratégias para promover e orientar os indígenas sobre as práticas do autocuidado, respeitando e valorizando os conhecimentos tradicionais desses povos de forma coletiva e individual. Em tempos atuais é suma importância enriquecer a visibilidade sobre as questões sociais e políticas em relação aos povos indígenas no Brasil, para que se incentive a criação de novas estratégias para ajudar os profissionais de enfermagem a oferecer uma assistência eficaz. Assim ressaltamos, que a atualização é uma das habilidades capazes de minimizar os erros e riscos durante a realização do cuidado em área, em razão das fragilidades, que são vivenciadas por esses profissionais atuante no campo da saúde indígena. Os resultados obtidos neste estudo, permitiu conhecer as ações que são realizadas pela enfermagem no cuidado aos indígenas Kulina e Kanamari, além, de enriquecer o processo de ensino e aprendizagem dos dois pesquisadores sobre o contexto da saúde das populações indígenas, o que contribui para o avanço de novas pesquisas nesta área. Dessa maneira, com relação a limitação desse estudo, observou-se que as especificidades culturais de cada povo não ficaram explicito nos discursos, assim, o cuidado as duas etnias foram relatadas de forma geral. Entretanto, o objetivo de conhecer a atuação da equipe de enfermagem no polo base de Mamori foi alcançado.