ESTRATÉGIAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE RELACIONADAS AO CONTEXTO BIOPSICOSSOCIAL E QUALIDADE DE VIDA DE UNIVERSITÁRIOS: UMA PRÁTICA ASSISTENCIAL

Authors

  • Alessandra Paula Watte Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ
  • Diane Leite Morari
  • Samuel Spiegelberg Zuge
  • Renata Scartezini Martins
  • Lisiane da Rosa
  • Crhis Netto de Brum

Keywords:

Educação em saúde; Ansiedade; Depressão; Qualidade de vida; Universitário.

Abstract

RESUMO EXPANDIDO

 Introdução: O final da adolescência e início da vida adulta é um período marcado por mudanças biopsicossociais, que acabam sendo potencializadas diante da transição do ensino médio para o ensino superior. Nesse processo de transição, os estudantes enfrentam inúmeros desafios advindos desse processo de transição, sendo eles relacionais como, o estabelecimento de novos vínculos acadêmicos, adaptação a um modelo diferente de avaliação e aprendizagem bem como vocacionais quanto ao estabelecimento de uma identidade de carreira.¹ Assim esses desafios, por vezes acabam potencializando estressores, independentemente do nível em que se encontra no seu curso de graduação. Estes estressores podem ser potencializados a partir de: excesso de tarefas acadêmicas; pela falta de motivação para os estudos; pela carreira escolhida; pela existência de conflitos entre colegas e professores; pelos impedimentos impostos pela timidez, como em um momento de apresentação de trabalhos; pelas dificuldades financeiras aliada a aquisição de materiais e livros; entre outros.² Diante disso, aponta-se que, durante o período acadêmico 15 a 29% de estudantes universitários podem apresentar transtorno de ansiedade e depressão.³ Assim, torna-se imprescindível reconhecer como os estudantes enfrentam as adversidades e dificuldades na universidade e a repercussão das condições psicossociais na sua saúde mental e na sua qualidade de vida. Objetivo: relatar a experiência voltada ao desenvolvimento de estratégias de educação em saúde relacionado ao contexto biopsicossocial e a qualidade de vida de estudantes em uma universidade comunitária da Região Oeste de Santa Catarina. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de uma Prática Assistencial (PA), desenvolvida no primeiro semestre de 2020, com estudantes da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó). Para o desenvolvimento da PA utilizou-se um plano de ação a partir de ferramentas de Gestão, como 5W2H adaptada ao processo de enfermagem, o qual organiza-se em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes: 1) Coleta de dados; 2) Identificação dos diagnósticos; 3) Planejamento; 4) Implementação; e 5) Avaliação. Esta PA foi pautada no desenvolvimento de ações de educação em saúde, sendo esta prática articulada por meio da metodologia problematizadora. Para atender os objetivos propostos na PA foram desenvolvidas três estratégias: Estratégia I – Identificar por meio de uma sondagem diagnóstica as características biopsicossociais de estudantes universitários: desenvolvimento de uma sondagem diagnóstica por meio de um questionário de avaliação de ansiedade e depressão; Estratégia II – Desenvolver material educativo voltado ao contexto da saúde mental em tempo de Corona Virus Disease 19 (COVID-19): elaboração e validação de um material educativo intitulado, “Como manter a saúde mental em tempo de isolamento social”; Estratégia III – Propor medidas educativas voltadas para a promoção da saúde mental e qualidade de vida dos estudantes: elaboração e validação de materiais educativos sobre: alimentação saudável, atividade física e autoestima. Resultados e Discussão: Desta forma, buscou-se promover ações de educação em saúde sobre os transtornos de ansiedade e depressão no meio acadêmico. Sendo assim primeiramente foi realizado uma sondagem diagnóstica, na qual foi identificada que 37,8% dos estudantes podem estar com níveis elevados de ansiedade e 19,7% dos estudantes pode estar propenso a desenvolver depressão. Além de 33,1% e 29,9% dos estudantes demonstram apresentar ansiedade e depressão respectivamente. Leva-se em consideração que esta nova geração tende a desencadear um maior comportamento ansioso, ao comparar com as demais, justamente por estar imersa em um meio tecnológico. Além disso, esta condição está ligada diretamente ao meio em que o indivíduo vive, e a tecnologia neste meio pode afetar positiva ou negativamente, a vida deste indivíduo, a depender da forma e da intensidade com que é usada.4 A partir da sondagem diagnóstica foram desenvolvidas ações de educação em saúde, a primeira ação de educação em saúde foi desenvolvido um material educativo de como manter a saúde mental em período de isolamento social e tinha como objetivo indicar meios de como os estudantes poderiam manter e melhorar seu bem estar biopsicossocial e buscar aspectos de resiliência durante o período de pandemia. Assim, aponta-se que as informações apresentadas no material educativo pautaram em: filtrar informações; aproveitar o que foi e está sendo bom; manter uma rotina bem estabelecida; preparar- se para trabalhar em casa (home-office); aceitar o momento presente; cultivar seus laços de afeto; manter seu corpo em equilíbrio; e destacar que caso necessite, deve buscar apoio. Já, a segunda ação de educação em saúde pautou-se no desenvolvimento de três materiais educativos, cujo objetivo foi de possibilitar o aumento da percepção dos estudantes sobre como prevenir os transtornos psicossociais, além de buscar propiciar aspectos para que houvesse uma melhora em sua qualidade de vida. Os materiais educativos foram nomeados: 1) Alimentação para uma vida saudável; 2) Atividade física: pratique esta ideia; 3) Fortalecendo sua autoestima. Para o desenvolvimento dos materiais educativos, priorizou-se trabalhar os conteúdos por meio da literatura científica, assim como de materiais ministeriais. A partir da elaboração dos materiais educativos, foi possível viabilizar a realização de intervenções educativas pautadas em saberes estruturados. Na circunstância de estratégias de educação em saúde relacionadas ao contexto biopsicossocial e qualidade de vida, tais intervenções tornam-se necessárias para se desenvolver comportamentos positivos. Diante do desenvolvimento desta prática assistencial, percebeu-se a relevância em atentar para as alterações psicológicas dos estudantes universitários, e a necessidade de planejar ações a fim de melhorar as condições psicossociais desta população. Da mesma maneira, tem-se sensibilizado à manutenção de estilos de vida e de redes sociais de apoio, por meio das tecnologias de informação e comunicação, além de uma postura criativa ou de mobilização de recursos ou estratégias para lidar com situações adversas. Num momento futuro, certamente será essencial aprofundar a discussão e implementar programas de promoção de competências sociais e emocionais junto a estudantes universitários, bem como estratégias de remediação para episódios traumáticos decorrentes desta pandemia. Considera-se importante a criação de políticas públicas de saúde e de educação que atente para o estudante universitário, a fim de estabelecer estratégias que promovam e minimizem impactos na sua saúde mental. Da mesma forma, percebe-se a necessidade de as universidades terem espaços de acolhimento e orientação para estudantes referentes a aspectos   psicossociais mediados por profissionais habilitados. Considerações finais: Assim, conclui-se que ao desenvolver esta PA foi possível fortalecer a necessidade de desenvolverem estratégias de promoção da saúde com estudantes ao longo da graduação, a fim de minimizar fatores estressores e proporcionar uma melhora na sua qualidade de vida. Como acadêmicas do curso de graduação em enfermagem, destaca-se que a experiência proporcionou um olhar diferenciado, uma vez que possibilitou observar os determinantes que influenciam diretamente no contexto biopsicossocial dos estudantes.

Author Biography

  • Crhis Netto de Brum

    E-mail principal: crhis.brum@uffs.edu.br 

Published

19-04-2024