FATORES ASSOCIADOS A OCORRÊNCIA DE DEPRESSÃO PÓS-PARTO: REVISÃO DE LITERATURA

Autores

  • Leticia Pastorio Machado UDESC
  • Lavinia Gabrielli de Oliveira Molim UDESC
  • Vanessa Aparecida Gasparin UDESC
  • Marta Kolhs UDESC
  • Tifany Colome Leal UDESC

Palavras-chave:

Depressão pós-parto; Fatores de Riscos; Período pós-parto; Saúde da mulher; Revisão

Resumo

Introdução: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é responsável por índice significativo de morbidade no mundo. As mulheres apresentam um risco duas vezes maior para desenvolver depressão do que os homens, sendo esta diferença ainda mais enfatizada na fase da vida em que se veem responsáveis pelo cuidado de seus filhos.1 O período puerperal é considerado uma fase na qual ocorrem modificações biológicas, emocionais e sociais, envolvendo não apenas a mulher, mas também todo o seu círculo de relações.2  Este período tem sido particularmente identificado, como a fase da vida mulher onde o risco de apresentar algum transtorno mental é maior.3 A Depressão Pós-Parto (DPP) é um dos transtornos mentais com maior prevalência durante este período, sendo definida como um quadro clínico severo e agudo que requer acompanhamento psicológico e psiquiátrico.4 Estudos realizados no Brasil indicam que cerca de 30 a 40% das mulheres atendidas em unidades básicas de saúde (UBS), na Estratégia Saúde da Família (ESF) apresentaram alto índice de sintomas depressivos. Fatores como gravidez precoce ou não planejada, carência de apoio do companheiro, instabilidade familiar e baixas condições socioeconômicas podem contribuir como agentes facilitadores no surgimento de algum transtorno mental na puérpera. Desta forma, é crucial uma atenção integral e holística, não só no processo de prestar assistência do gestar e do parir, mas também um cuidado intenso no período puerperal no qual as atenções estão voltadas quase que exclusivamente para a criança.4 A atual política de saúde da mulher adotada pelo Ministério da Saúde inclui o enfermeiro como profissional apto para desenvolver ações em todas as fases do ciclo de vida feminino, visto que o profissional desta área é que acompanha a mãe e o filho no puerpério na maioria das consultas.5 Levando isso em consideração, é de suma importância que profissionais de saúde, em especial da enfermagem, estejam capacitados para o reconhecimento prévio de mulheres que possuem mais fatores de risco para o desenvolvimento da DPP, com vistas a detecção, manejo e tratamento precoce. Objetivo: Identificar na literatura científica os fatores associados a ocorrência de DPP. Metodologia: Revisão narrativa da literatura, com busca na base de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e biblioteca virtual SciELO, buscando responder a seguinte questão de pesquisa: “Quais os fatores associados a ocorrência de DPP?”. Os descritores elencados para a busca foram: depressão pós-parto e período pós-parto. Não foi delimitado recorte temporal e a busca deu-se no mês de agosto de 2020. Foram incluídos estudos disponíveis na íntegra, online e gratuitos publicados nos idiomas português, inglês ou espanhol. Foram excluídos capítulos de livros, manuais ministeriais, cartas ao editor e anais de eventos. O processo de seleção iniciou pela exclusão das duplicatas e após procedeu-se a leitura de títulos e resumos, aqueles que respondiam a pergunta do estudo foram selecionados para leitura na íntegra. Um instrumento foi previamente elaborado pelas autoras, para a síntese dos achados de cada estudo. Informações como ano, procedência, objetivo e principais resultados foram extraídos. A análise dos dados deu-se descritivamente e não foi necessário aprovação do Comitê de Ética em pesquisa, por se tratar de dados secundários. Resultados e Discussão: A busca resultou em 103 estudos, aplicando-se os critérios e elegibilidade, 10 estudos responderam a questão de pesquisa. Dentre os estudos selecionados, pode-se perceber vários fatores associados a ocorrência da DPP, os mais citados foram: história prévia de depressão, baixo suporte social, familiar e pincipalmente do parceiro e baixa condição socioeconômica. Em menor escala também foram citados a gestação não planejada, multiparidade, e ter sofrido algum tipo de violência na gestação, dentre outros. Sabe-se que fatores psicossociais e comportamentais, podem relacionar-se diretamente a ocorrência de depressão, independente do estado gravídico. Entretanto, estudos identificaram risco três vezes maior de desenvolver DPP, entre mulheres que se sentiram tristes ou deprimidas no último trimestre gestacional, ou seja, indícios de depressão na gravidez em curso pode ser um dos fatores que desencadeiam a DPP.1 A depressão, pode afetar de diversas formas a vida de uma pessoa e se não tratada corretamente pode perdurar por muito tempo, com sério comprometimento e prejuízo à vida, trabalho, família e lazer, juntamente com um risco maior de suicídio.2 A falta de apoio durante a gestação, seja da família, do companheiro ou de amigos, aumenta o risco para a ocorrência de DPP.1 O fato de pessoas próximas a puérpera não a apoiarem durante a gravidez, parto e puerpério podem ocasionar o sentimento de insegurança e solidão, que somadas a ausência de apoio emocional e rotina de cuidados com o recém-nascido, pode ser extremamente prejudicial à mulher.2 A relação entre DPP e condição socioeconômica, também foi evidenciado por meio desta revisão. A baixa condição socioeconômica da puérpera pode influenciar o aparecimento de transtornos puerperais, agravando os problemas pessoais e familiares que possivelmente existam.4 Dificuldades financeiras podem acarretar um sentimento de impotência na mulher, devido aos custos que envolvem a chegada de um bebê, tornando essa angústia pela carência monetária um fator importante para o acúmulo de sentimentos negativos por parte da puérpera.2,4 Considerações finais: O conhecimento e  compreensão dos fatores que se associam a DPP, é uma importante estratégia na qualificação da assistência, visto que podem direcionar a detecção precoce, resultando na minimização de riscos e prevenção de complicações.  Para além disso, alerta sobre a necessidade de direcionar o olhar e cuidado para a saúde mental das mulheres tanto na gestação, quanto no puerpério.

Publicado

19-04-2024