CONSTRUÇÃO DE UMA CARTILHA EDUCATIVA COM A TEMÁTICA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Palavras-chave:
Violência Doméstica, Coronavírus, Isolamento social, Educação em saúde, Saúde da MulherResumo
Introdução: Há muito tempo não vivíamos uma emergência de saúde global como a do novo Coronavírus. A medida que a doença avança, mais temos que tomar medidas para mitigar a propagação do vírus e evitar mais mortes. Entre essas medidas estão o uso de álcool gel e lavagem frequente das mãos, uso de máscaras, distanciamento social, lockdown e o isolamento social. Esta última, gera muita tensão na população, o medo de contrair uma doença, o estresse causado pela inatividade e a preocupação com a renda propiciam os conflitos e agravam os já existentes.1 Em vários casos, esse isolamento deixa diversas vítimas de violências confinadas com seus agressores, fazendo com que percam não tenham possibilidade de escape, que tinham anteriormente com as atividades diárias.1 Nesse sentido, observou se a necessidade de produção de material que tenha o potencial de equipar a população para ser possível a quebra do ciclo em que uma vítima de violência doméstica está envolvida. Objetivo: Compartilhar a experiência de desenvolvimento de uma cartilha educativa voltada à saúde da mulher, contendo informações para auxiliar profissionais e mulheres que estão vivendo em situação de violência. Metodologia: A cartilha foi desenvolvida como uma ação do projeto de extensão intitulado “Produção e difusão de materiais educativos sobre o Coronavírus e seus impactos na saúde” que está em vigor desde o mês de abril de 2020. A ideia surgiu a partir da observação de situações que estão ocorrendo durante o período de pandemia, entre elas o aumento da violência contra a mulher, principalmente a violência doméstica. Foram pesquisadas diversas referências para a construção de um material com todas as informações necessárias para que uma mulher possa identificar a violência e denunciar para que consiga romper o ciclo, e ainda contém informações voltadas para a população em geral e para os profissionais de saúde. A cartilha foi desenvolvida para ser distribuída eletronicamente, de maneira que seja de fácil acesso e de rápida disseminação. Resultados e Discussão: Durante a construção do material, muitas dúvidas dos acadêmicos são sanadas, isso pela necessidade de pesquisa aprofundada sobre os assuntos integrados à produção. A ideia de desenvolver uma cartilha vem de encontro ao propósito de desenvolver um conteúdo simples, de fácil acesso, moderno e de fácil interpretação, que tenha o potencial de estimular a população a desenvolver um raciocínio crítico acerca de situações rotineiras, para que algumas crenças sejam desconstruídas.2 No decorrer do trabalho, percebeu-se a necessidade de existirem mais materiais como esse, que instrumentalize os profissionais para enfrentarem as situações de violência contra a mulher da maneira mais correta. Muitas vezes mulheres chegam ao serviço com queixas relacionadas direta ou indiretamente a violência e acabam voltando para suas casas, com seus agressores sem conseguir uma contrapartida dos profissionais para que seja protegida dessa situação, isso pela falta de investigação do profissional ou pela falta de empenho e empatia para com aquela mulher.3 Se a situação for identificada com antecedência, ainda na fase onde não ocorre violência física, se torna menos difícil a resolução do problema, evitando que evolua para situações muito piores com o decorrer do tempo e que podem ter um fim fatal. A cartilha tem como um de seus maiores objetivos, o empoderamento das mulheres para que tenham informação suficiente para identificar situações ruins dentro de relacionamentos problemáticos e conseguir sair dele, para assim termos um impacto direto nos números acerca das violências. Além disso, ao evitar tais situações, consegue-se impactar estruturalmente a sociedade, permitindo que as mulheres saibam que têm direitos que as protegem de situações cultuadas historicamente que a fazem se sentir diminuída perante uma sociedade patriarcal.3 Ademais, a cartilha traz diversos relatos e exemplos de violências que passam despercebidas no dia dia e muitas vezes não são consideradas como violências, o que contribui para que elas continuem acontecendo. Em diversas partes contém nome de mulheres que já sofreram violências e relatos de vítimas da violência ou de pessoas que vivenciaram momentos de violência, pois algumas das vítimas não sobreviveram. Tudo isso reflete a necessidade de os profissionais da saúde estarem preparados para atender mulheres nessas situações, a emergência de desenvolver um olhar treinado para sinais e sintomas que as pacientes possam apresentar e para que sejam os sujeitos ativos de orientação para apoiar uma mulher que vive isso. Ainda, a cartilha é voltada também a toda a sociedade, pois sente-se falta de informação por parte da população, que por diversas vezes desconhece os meios para auxiliar uma mulher que vive em condição de violência. Considerações finais: A construção de um material como esse, instiga o acadêmico a desenvolver cada vez mais um olhar generalista para as mulheres, de maneira que consiga ter conhecimento para prevenir agravos como os descritos na cartilha. Para a sociedade, essas informações são muito importantes para instrumentalizar a população para que se possa desconstruir culturas tóxicas que apoiam o domínio do masculino sobre o feminino, mesmo que inconscientemente, que fecham os olhos para as minorias e que matam pessoas todos os dias. E, para os profissionais de saúde, esse material vem para reforçar a importância da integralidade e da escuta ativa no momento de um atendimento, além de norteá-los para que saibam como orientar as mulheres e qual a rede de apoio que pode ser mobilizada para evitar que seu caso tenha um final trágico.
