APLICAÇÃO DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO COMO TECNOLOGIA DE CUIDADO NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Autores

  • Eliziane Dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Susane Dal Chiavon
  • Joslaine Berlanda
  • Eduarda Sartoretto Antonia Sartoretto
  • Samuel Spiegelberg Zuge
  • Crhis Netto de Brum

Resumo

Introdução: A Enfermagem representa uma das profissões da área da saúde que reúne habilidades de cuidado, prevenção, diagnóstico e tratamento. Todos estruturados na ciência e na arte do cuidar, que instiga a pesquisa e a criação de novas tecnologias, instrumentos e protocolos que orientam as boas práticas nos diversos contextos da sociedade.1 O cuidado de enfermagem em pediatria exige uma compreensão e interpretação maior do enfermeiro a respeito das tecnologias, visto que a criança enfrenta de maneira intensa as situações ameaçadoras e atípicas do seu cotidiano, podendo acarretar em traumas emocionais e sociais.1 Durante a hospitalização da criança, os sentimentos de ansiedade, medo e angústia prevalecem, por estarem inserida em um ambiente hostil, diferente do seu convívio familiar, amigos e brincadeiras.2 Assim, os enfermeiros podem desenvolver a assistência em pediatria a partir do uso do Brinquedo Terapêutico (BT), que possui respaldo na Resolução do Conselho Federal de Enfermagem número 546 de 2017, e é considerado uma tecnologia de cuidado que auxilia à criança hospitalizada a compreender as intervenções realizadas durante sua internação, preparando-a para os procedimentos invasivos, que muitas vezes são dolorosos, além de auxiliar na diminuição da angústia, receio e tristeza.3 Objetivo: Analisar as evidências científicas, disponíveis, sobre como ocorre a aplicação das sessões do BT em crianças que vivenciam um processo de hospitalização. Metodologia: Trata-se de uma Revisão Integrativa da literatura, realizada a partir das bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), e a biblioteca eletrônica, Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Teve como pergunta de pesquisa: Quais são as evidências científicas, disponíveis, sobre como ocorre a aplicação das sessões do BT para crianças que vivenciam o processo de hospitalização? Os critérios de inclusão foram artigos de pesquisa na temática; disponíveis na íntegra online e gratuitos; em idioma português, inglês ou espanhol, dos últimos cinco anos. Os critérios de exclusão foram: artigos sem resumo nas bases de dados, livros, capítulos de livros, manuais ministeriais, manuscritos de pesquisa bibliográficas, reflexões e relatos de experiência. Utilizado na busca dos artigos os seguintes descritores: brinquedos, protocolo, pediatria, jogos, instrumento, criança. A coleta dos dados ocorreu em agosto de 2020. Após a iniciou-se a leitura dos títulos e resumos e a partir disso, efetuou-se a análise dos artigos na íntegra que compuseram o corpus da pesquisa. As informações foram extraídas e organizadas mediante a utilização de uma ficha desenvolvida para este fim, com os itens: ano, procedência, periódico, implicações para a enfermagem e possibilidades de pesquisas futuras a serem desenvolvidas como a temática. Os dados foram analisados descritivamente. Em relação aos aspectos éticos, foram respeitadas as ideias, os conceitos e as definições dos autores, esboçadas fidedignamente. Resultados e Discussão: Foram encontrados 168 artigos, destes aplicou-se os critérios de inclusão e exclusão, chegando a 25 estudos analisados na íntegra, porém apenas seis artigos evidenciaram como ocorre a aplicabilidade das sessões do brinquedo. A pesquisa apontou três temas: o uso de protocolos institucionais; uso de protocolos e instrumentos no serviço de saúde descritos pela literatura; e a utilização de formulário. Observou-se em dois artigos, o uso de protocolos institucionais para aplicar o BT, implementados e validados por meio de Procedimento Operacional Padrão (POP) existentes nas instituições pediátricas, com o objetivo de minimizar dúvidas e erros na assistência de enfermagem  relacionadas ao público infantil, pois a falta da padronização das sessões do BT refletem em falhas de processos, insegurança na realização das atividades de cuidados, além de impossibilitar que a prática seja eficaz. A partir dos protocolos, emprega-se a técnica do BT nas diferentes modalidades: dramática, instrucional e capacitadora de funções fisiológicas, conforme as idades das crianças. O Brinquedo Terapêutico atua como facilitador na interação entre o profissional e a criança, auxilia na realização dos cuidados, uma vez que atua como promotor de saúde, 2 ameniza os sentimentos de revolta advindos da hospitalização.4 Evidenciou-se em três artigos, uso de protocolos e instrumentos descritos na literatura, para a condução das sessões do BT, utilizando brinquedos estruturados como: bonecos de tecido; objetos de casa e objetos usados no hospital; material para desenhar e colorir, entre outros. Aplicou-se o BT, seguindo os seguintes passos: convidar a criança para brincar; inserir o cuidador familiar na brincadeira; mostrar o material disponível para a atividade; orientar o tempo de duração e a devolução dos materiais no final da sessão; deixar a criança brincar livremente, não impondo a brincadeira; analisar as expressões verbais da criança; respeitar e encorajar a criança a continuar brincando; e avisar sobre a proximidade do fim da sessão. A utilização do BT como tecnologia de cuidado, permite que a criança fique manuseando os materiais e repetindo o procedimento no brinquedo, esclarecendo suas dúvidas, temores relacionados ao cenário de internação, promovendo maior tranquilidade e compreensão dos processos.5 Destaca-se que um estudo,   utilizou formulário durante as sessões de BT, com informações sobre a identificação da criança, limite de tempo para realizar as brincadeiras, descrevendo as reações antes e após as sessões, sendo realizadas individualmente. Durante a aplicação do BT os enfermeiros são capazes compreender e interpretar as reações das crianças, acerca dos receios e fantasia irreais, por meio de bonecos e material hospitalar, sendo o enfermeiro um facilitador na vivência da hospitalização para a criança e sua família.4 É importante ressaltar, que quando a criança é submetida adequadamente as sessões BT, ela aprende mais sobre sua doença e tratamento, e se torna mais participativa, desenvolvendo a autonomia no ambiente hospitalar. Além disso, o BT favorece um modelo de cuidado humanizado, focado na criança e na sua família, sendo o enfermeiro o profissional mais apto a desenvolver, supervisionar e sensibilizar a sua equipe na prestação de uma assistência menos traumática.5 Considerações finais: As evidências relacionadas ao uso do BT nas instituições pediátricas, apresentaram a importância da padronização dessa ferramenta, seja por meio de protocolos ou instrumentos que facilitam a implementação, sistemática, desse cuidado na prática assistencial da enfermagem. Vale ressaltar, as dificuldades encontradas para a aplicação do BT, associadas a sobrecarga de trabalho, falta de profissionais e falta de sensibilização e capacitação da equipe de enfermagem.

Publicado

19-04-2024