DESAFIOS DO USO DA TECNOLOGIA NAS ATIVIDADES DE UMA LIGA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM EM TEMPOS DE PANDEMIA

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Resumo

Introdução: As Ligas Acadêmicas (LAs) são organizações estudantis, dissociadas da grade curricular obrigatória, fomentadas nas lacunas de conhecimento definidas pelos acadêmicos, de modo a fortalecer o conhecimento em uma área específica através da coordenação de um ou mais docentes, além da contribuição de profissionais e pesquisadores da área de interesse. Deste modo, as LA são uma das estratégias mais pertinentes para a formação em saúde, uma vez que são uma excelente opção para uma metodologia ativa que abarca ações de ensino, pesquisa e extensão protagonizadas pelos discentes.¹ Logo, ao estar  atenta às necessidades dos estudantes quanto a realização das atividades acadêmicas, a tendência é proporcionarem um panorama ampliado do cuidado em saúde, possibilitando cenários plurais e estimulando o pensamento crítico-reflexivo da comunidade acadêmica envolvida.² Para que esse cenário de aprendizagem possa ser mantido durante  a situação pandêmica instaurada pela COVID-19,4 foi necessária uma readaptação na maneira como esse processo estava sendo realizado, sendo necessário o uso de algumas tecnologias que possibilitaram a manutenção e o aprimoramento da essência das atividades da liga acadêmica, configurando assim, um cenário de desafio para as ações das LA. Objetivo: Compartilhar a experiência de promover atividades acadêmicas remotamente. através de mídias sociais e/ou plataformas de videoconferências online com o intuito de dar continuidade às atividades da liga acadêmica. Metodologia: Relato de experiência acerca das atividades desenvolvidas pela Liga Acadêmica de Pediatria e Hebiatria em Enfermagem (LAPHE), a qual é vinculada ao Grupo de Estudo e Pesquisa sobre Evidências no Cuidado à Saúde em Pediatria e Hebiatria (GEPE-CPDH) institucionalizado na Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS/SC, no período de março à julho de 2020. Atualmente, a diretoria da Liga é composta por sete membros, sendo responsáveis pela divulgação da liga e o planejamento, organização, promoção e execução de aulas que abordam e/ou aprofundam conteúdos pouco trabalhados durante a graduação ou ainda, temáticas de alta relevância na atualidade acerca da pediatria e hebiatria. Assim, devido à situação pandêmica e a necessidade do distanciamento social para o controle da infecção pelo SARS-COV-2, as atividades presenciais previamente planejadas pela liga acadêmica necessitam ser canceladas. A partir de então, no intuito de dar continuidade às atividades de maneira remota, foi realizado um planejamento de atividades que pudessem ser realizadas nessa modalidade. Durante o período supracitado, foram realizadas intervenções em redes sociais, a saber,  publicação de posts informativos e realização de Quiz no instagram da Liga  no intuito de manter o vínculo, interatividade e disseminação de conteúdos com embasamento científico para a comunidade geral, bem como o uso de plataformas de videoconferências online, contemplando eventos, palestras, reuniões, entre outras ações, que contaram com a parceria de outras LAs, Grupo de Pesquisa e outras instituições de ensino. As atividades realizadas pela LAPHE compreenderam, principalmente, encontros voltados para a discussão da atual situação de saúde, contemplado em ciclos de debates com dois encontros em relação a repercussão da COVID-19 na saúde de mulheres e crianças, os quais contaram com a participação de professores convidados de outras universidades. Outro evento realizado, teve-se como palestrante uma pesquisadora do Massachusetts Institute of Technology (MIT), abordando sobre as pesquisas em desenvolvimento a respeito de vacinas e tratamentos para a COVID-19. Estas, foram desenvolvidas com o intuito de respeitar o período de isolamento e distanciamento social devido ao atual cenário de pandemia, sem ter de encerrar as atividades da Liga, as quais são abertas tanto aos membros da LA quanto aos demais acadêmicos, bem como, para a comunidade em geral. As ações de maneira remota começaram a ser desenvolvidas a partir da suspensão de todas as atividades presenciais para os acadêmicos da Universidade Federal da Fronteira Sul, instigando os membros da diretoria da LAPHE a repensar em sua atuação e buscar meios alternativos para tal. Resultados e Discussão: As LA são importantes ferramentas na autonomia estudantil durante a vida acadêmica, proporcionando um laço mais estreito com os serviços de saúde e a comunidade em que está inserida, agindo na formação de profissionais diferenciados.² Uma vez que as ações das LA se pautam no tripé da educação superior, as atividades são, de maneira habitual, organizadas de modo presencial, porém, após o decreto em que foram canceladas todas as atividades presenciais da universidade tornou-se necessário adaptá-las para a continuidade das ações da LA, transferindo-as para os meios digitais. Uma das principais facilidades encontradas deste novo método de condução dos trabalhos, foi a de levar a participação de profissionais de diferentes realidades e localidades à espaços e pessoas que não poderiam ser contemplados em uma ação presencial. Não obstante, tais intervenções se deparam com as dificuldades de acesso a tecnologias digitais de informação e comunicação – internet, equipamentos eletrônicos e até mesmo aplicativos – necessários para a participação nas atividades propostas, assim como é possível identificar a instabilidade das redes de internet dos acadêmicos, professores e convidados, dificultando, muitas vezes, na compreensão. Além disso, a acessibilidade às aulas realizadas pela LA é outro ponto no qual precisa-se lapidar diante das novas possibilidades de ensino que estão sendo desenvolvidas neste período,³ objetivando a inclusão e acesso de pessoas com deficiência ou necessidades específicas. As atividades remotas da LAPHE consistiam em aulas, eventos, webconferências e rodas de conversa relacionadas a pediatria e hebiatria em diversos cenários, no entanto, o enfoque das últimas atividades aconteceram acerca do atual cenário de pandemia, contribuindo para o entendimento das implicações da COVID-19 nesses grupos e todo o contexto de pandemia. Busca-se oportunizar a realização de ciclos de debates envolvendo profissionais da área da saúde e de outras categorias profissionais, fazendo com que amplie-se o olhar sobre um determinado assunto. Buscando uma melhor aderência dos acadêmicos, professores e comunidade nas ações desenvolvidas pela LA, pensou-se em realizar explanações breves, oportunizando o debate, a troca e  construção de conhecimentos entre os participantes presentes, para que dessa forma possa ser aumentado a interatividade e dinamicidade das aulas, contemplando diferentes posições sociais e facilitando a transferência de conhecimentos.³ Considerações finais: A realização das atividades da LAPHE, além de orientar os acadêmicos em assuntos atuais e necessários em um caráter não formal (do ponto de vista curricular), também auxiliou no que tange a adaptação do ensino em ambientes não convencionais, tanto do ponto de vista dos acadêmicos quanto aos professores e profissionais convidados. Além disso, toda ação executada pela diretoria da LA respeita as orientações de isolamento social, acontecendo de maneira remota. Para além, propiciou-se a participação de um público plural quanto a área de atuação e localidade - cidade/município, estado e país, uma vez que desconsidera-se a necessidade de deslocamento para participar dos eventos.  Contudo, a interatividade do convidado para com os participantes fica restrito, já que esta fica sujeita a conectividade de ambas as partes, e ainda há as dificuldades na adaptação à plataforma na qual se dará o evento, que pode não ser de uso comum a todos os participantes, dificultando o acesso e interatividade. Ademais, fica a reflexão sobre a necessidade de adaptação das atividades realizadas visando a acessibilidade, bem como enaltecer a importância do trabalho em equipe, o qual é fundamental para manter as ações de uma LA, ferramenta tão importante no processo de ensino-aprendizagem.