EXPERIÊNCIA DE ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM NO PET- SAÚDE/INTERPROFISSIONALIDADE

Authors

  • Caroline Lima Fonseca UFMT
  • Carolina Ferreira Peterle
  • Isabela Fernandes Zanardo
  • Luanne Marcelle Vaz Figueiredo
  • Bruna Hinnah Borges Martins de Freitas

Keywords:

Educação Interprofissional, Relações Interprofissionais, Enfermagem

Abstract

Introdução:  A Educação Interprofissional (EIP) constitui-se como um modelo de formação inovadora direcionada para a integralidade do cuidado em saúde, a qual caracteriza-se por duas ou mais profissões que aprendem em conjunto, de forma interativa, com o objetivo comum de melhorar a qualidade da atenção à saúde.1 Entre as profissões da saúde, a Enfermagem aborda as questões de saúde dos usuários e comunidade de acordo com o seu escopo profissional específico, que é  o cuidado em enfermagem. No entanto, ao considerar o ser humano em toda sua complexidade, cabe ao enfermeiro compreender que sozinho não é capaz de atender todas as necessidades de saúde dos indivíduos. Assim, a prática interprofissional colaborativa busca integrar os conhecimentos de enfermagem com as demais profissões da saúde a fim de solucionar os problemas de saúde identificados, a partir da atenção centrada na pessoa, família e comunidade. Dessa forma, a  aprendizagem interprofissional é importante no processo de formação dos acadêmicos de enfermagem, uma vez que, permite discutir as interseções entre o fazer de enfermagem e o colaborativo.2 Além disso, destaca-se o potencial da enfermagem em articular os cuidados de saúde com os demais profissionais e priorizar a centralidade do cuidado na pessoa, família e comunidade.3 Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem no Programa Educação pelo Trabalho para Saúde/Interprofissionalidade. Metodologia: Trata-se de um relato da experiência de acadêmicas de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), integrantes do PET Saúde/Interprofissionalidade desde abril de 2019. Os principais objetivos deste programa são promover mudanças nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) em todos os cursos de graduação envolvidos na área da saúde, além de ter como proposta promover o desenvolvimento da integração ensino-serviço-comunidade para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), e formação de profissionais aptos a desenvolverem o trabalho colaborativo em saúde a partir dos elementos da Educação Interprofissional.4 Nesse sentido, os componentes do projeto são tutores e discentes dos cursos de graduação de Enfermagem, Medicina, Nutrição, Serviço Social e Psicologia da UFMT e preceptores das Unidades Básicas de Saúde e da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, MT. As atividades desenvolvidas são fundamentadas nas Teorias de Aprendizagem Socioconstrutivista e Freireana, tendo como princípio metodológico o Arco de Maguerez, a partir da problematização da realidade. Resultados e Discussão: Durante esse período no PET-Saúde/Interprofissionalidade foram proporcionadas diversas possibilidades de conhecimento sobre a Educação Interprofissional e a colaboração interprofissional (CIP), principalmente, através de metodologias ativas, ao desenvolver inúmeras atividades com os integrantes desse programa de forma colaborativa, integrada e compartilhada. Nesse sentido, estas atividades propiciaram a reflexão crítica sobre a lógica uniprofissional em que estamos inseridos, tanto nas universidades quanto nos serviços de saúde, e a partir daí, percebemos a EIP como um modelo inovador para qualificar/otimizar a assistência à saúde. Inicialmente, fazer parte de grupos temáticos com diferentes profissões da saúde, como medicina, nutrição, serviço social e educação física, nos causou um certo desconforto, uma vez que, até então havíamos realizado somente ações uniprofissionais. Contudo, a oportunidade de aprender com (e sobre) outras profissões foi fundamental para que, enquanto acadêmicas de enfermagem, pudéssemos compreender a importância da integralidade do cuidado e de cada profissão na atenção centrada na pessoa, família e comunidade. Face à complexidade das demandas de saúde e da individualidade de cada ser humano, vislumbramos que a atenção uniprofissional não basta. É preciso haver a integração de diferentes profissionais em uma prática colaborativa em saúde.5 Logo, a experiência no PET Saúde/Interprofissionalidade nos possibilitou desenvolver competências colaborativas para o trabalho interprofissional, como a comunicação interprofissional, a liderança colaborativa e o funcionamento da dinâmica em equipe, as quais irão fundamentar as nossas futuras práticas profissionais de enfermagem e em equipe e, consequentemente, otimizar a assistência à saúde. Uma vez que, a enfermagem atua em equipe na maioria dos serviços de saúde. Por outro lado, ao longo do projeto algumas circunstâncias dificultaram as ações em grupo, como o conflito para programar as reuniões em grupo, visto que os horários de cada faculdade não são compatíveis e a dificuldade de comunicação nas reuniões, tendo em vista que são mais de 50 membros, no entanto, tais dificuldades são compreensíveis neste processo, já que as faculdades ainda se enquadram na lógica uniprofissional e pela prática interprofissional ser algo novo para todos os integrantes. Nesta perspectiva, vivenciar a aprendizagem colaborativa nos convidou a superar estas barreiras organizacionais e culturais, além de nos permitir superar estereótipos profissionais. Além do mais, nos propiciou incorporar os princípios da interprofissionalidade em nossa atuação profissional, a partir da intencionalidade de colaborar com o outro e melhorar a qualidade do cuidado. Considerações finais: Considera-se que, sob a ótica da enfermagem, o PET-Saúde/Interprofissionalidade promoveu diversos impactos positivos na sua formação profissional e atuação em equipes de saúde. Sendo assim, a experiência foi um processo transformador, pois, a partir da participação no programa, as acadêmicas desenvolveram competências colaborativas, ampliaram a concepção de saúde e compreenderam a relevância da EIP para otimizar o cenário da assistência à saúde com foco na integralidade do cuidado e na atenção centrada na pessoa, família e comunidade. Ademais, espera-se que, a partir desta experiência, os cursos da área da saúde compreendam a importância do desenvolvimento da EIP e promovam a articulação de mudanças nas bases curriculares. Diante disso, o PET-Saúde à luz da Interprofissionalidade configura-se como temática essencial para mudar o cenário das práticas de saúde atuais, o que deve ser disseminado e debatido cada vez mais no eixo ensino-serviço-comunidade.

Published

21-04-2024