Incidência de alterações na pele relacionadas ao uso de EPIs em profissionais de enfermagem durante a pandemia do COVID-19
Palavras-chave:
Coronavírus; Equipamento de proteção individual; Profissionais de enfermagem.Resumo
Introdução: Atualmente a preocupação mundial é a COVID-19, uma síndrome respiratória aguda grave causada pelo novo coronavírus SARS-COV-2, que teve origem na China no final de 2019, e rapidamente se disseminou por diversos países. Foi declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma Emergência de Saúde Pública com Importância Internacional em 30 de janeiro de 2020. No Brasil foi declarado como Emergência de Saúde Pública em 3 de fevereiro de 2020 e, no dia 26 do mesmo mês, o país confirmou o primeiro caso da doença, o que acarretou preocupação das autoridades sobre seus impactos na saúde dos brasileiros.¹ A COVID-19 apresenta um espectro clínico variado de infecções assintomáticas a quadros graves.² O serviço de saúde deve garantir que as políticas e as boas práticas internas minimizem a exposição a patógenos respiratórios, incluindo o SARS-CoV-2. Medidas de prevenção e controle de infecção aos profissionais que atuam nos serviços de saúde são de grande importância para evitar ou reduzir ao máximo a transmissão de microrganismos durante qualquer assistência à saúde realizada. De acordo com a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, os equipamentos de proteção individual obrigatórios para uso durante o atendimento ao paciente com suspeita ou confirmação de COVID-19 são: gorro descartável; óculos de proteção ou protetor facial; máscara N95/PFF2 ou equivalente; avental e luvas de procedimento. Ressalta a higienização das mãos e manter um metro de distância de outras pessoas para evitar a propagação da doença³. Ao meio de equipes multidisciplinares no atendimento ao paciente, destaca-se a relevância da enfermagem na detecção e avaliação dos casos suspeitos, principalmente por constituírem-se no maior número de profissionais da área da saúde, e serem a única categoria profissional que está 24 horas junto ao paciente.4 Devido a esta situação, muitos profissionais de saúde têm apresentado lesões de pele causado pelo uso prolongado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Dentre essas lesões, estão as lesões por pressão relacionadas a dispositivos médicos (LPRDM), causadas principalmente pelo uso constante de EPIs, como as máscaras N-95/FFP2 e óculos de proteção que são indispensáveis para os profissionais que prestam assistência direta ao paciente com suspeita e/ou confirmação de COVID-19. Tais lesões são dolorosas, causam desconforto e podem indicar porta de entrada para futuras infecções, além de impactar na qualidade da assistência aos pacientes e na qualidade de vida dos profissionais.5 Objetivo: Investigar a incidência de alterações na pele relacionadas ao uso de equipamentos de proteção individual em profissionais de enfermagem durante a pandemia do covid-19. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, transversal, realizado em uma UTI para adultos especializada no atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação da Covid 19 em um Hospital Universitário localizado no oeste do Paraná. O presente estudo faz parte dos objetivos de um grande projeto intitulado “Avaliação e acompanhamento multiprofissional de pacientes portadores de lesões cutâneas assistidos em uma instituição hospitalar pública de ensino”, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, sob o número CAAE 00394818.9.0000.0107, Parecer nº 2.989.411. Foram atendidas as regulamentações das Resoluções 466/2012 e 510/2016, ambas do Conselho Nacional de Saúde. A coleta de dados foi realizada por dois profissionais enfermeiros treinados para esta finalidade no período de junho e julho de 2020, por meio de entrevistas individuais através da aplicação de um instrumento direcionado aos profissionais de enfermagem em dois momentos distintos (início e final do plantão), afim de observar alterações na pele causadas pelo uso dos EPIs. Os dados coletados foram registrados, tabulados em uma planilha eletrônica do Excel e analisados através de estatística descritiva. Resultados: Participaram da pesquisa 53 profissionais, com idade média de 36,5 anos, variando de 26 a 42 anos. Quanto ao turno de trabalho, todos os participantes (100%) atuavam no período noturno. Entre os participantes 66% (n= 35) dos profissionais informaram que não atuavam em outra instituição e 34% (n=18) trabalhavam exercendo a mesma atividade em unidade especializada ao COVID-19. A lesão por pressão não foi identificada em nenhum participante, porém, 3,77% (n=2), queixaram-se de dor no nariz. Ao final do plantão, todos os profissionais participantes cumpriram uma jornada laboral de 12 horas. Quanto ao uso de EPI’s, 40% (n=21), fizeram uso de máscara N95/PFF2 + Óculos de proteção; 36% (n=19), utilizaram máscara N95/PFF2 + Protetor facial; 15% (n=8), máscaras N95/PFF2 + Protetor facial + Óculos de proteção; 2% (n=1), Máscara N95/PFF2 + Máscara cirúrgica + Protetor facial; 2% (n=1), fez uso apenas de Máscara N95/PFF2; 6% (n=3), não informou o EPI utilizado. Em relação as medidas de prevenção para lesão por pressão, 38% (n=20), utilizaram interface composta por espuma de poliuretano com silicone; 21% (n=11), fizeram uso de interface composta por hidrocolóide ultrafino; 40% (n=21), não fizeram uso de medidas de prevenção para LPP Relacionado a alterações na pele, 87% (n=46) não apresentaram alterações; 13% (n=13) apresentaram hiperemia local. Nenhuma lesão por pressão foi identificada ao final do turno de trabalho, porém, 1,89% (n=1), referiu dor relacionado ao EPI utilizado, sendo a máscara N95/PFF2 a principal causadora. Considerações finais: Através desse estudo, observou-se que os EPI’s recomendados pela nota técnica da Anvisa, para a proteção dos profissionais que atuam na assistência aos pacientes com COVID-19 provocam alterações na pele. São necessários estudos mais aprofundados no intuito de melhorar as estratégias de proteção dos profissionais, almejando redução dos danos causados pelo uso prolongado dos EPI’s, oportunizando maior segurança e conforto para os profissionais.
