PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM ACERCA DAS AÇÕES DE SEGURANÇA DO PACIENTE

Autores

  • Andressa Reginatto Percisi UFFS
  • Aline Massaroli UFFS
  • Jeferson Santos Araújo UFFS
  • Vander Monteiro da Conceição UFFS
  • Eleine Maestri UFFS
  • Andressa Agnolin de Oliveira UFFS

Palavras-chave:

Segurança do paciente, enfermagem, educação superior, estudantes, empatia

Resumo

Introdução: O progresso científico e tecnológico trouxe avanços positivos para o tratamento de saúde das pessoas, mas consequentemente aumentou a demanda assistencial, o que fomentou o aparecimento de incidentes e eventos adversos que permeiam este processo assistencial e colocam em risco a segurança dos pacientes. Neste sentido, abordar esse tema nas instituições que formam os profissionais de saúde, é fundamental para o desenvolvimento de competências relacionadas que contribuem para a melhora na qualidade dos serviços.1 Por se tratar de um assunto que ainda é pouco abordado entre as instituições de ensino, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um guia curricular para auxiliar e incentivar o desenvolvimento de currículos que abordem sobre a segurança do paciente, intitulado Patient safety curriculum guide: multi-professional edition, sendo dividido em 11 tópicos norteadores que exemplificam como as instituições que incluíram o ensino em seus projetos políticos pedagógicos realizaram essa inserção.2 No entanto, a inserção e as tentativas de integração dos conteúdos sobre segurança do paciente ainda são uma proposição recente na formação dos profissionais de saúde, especialmente, no Brasil, que apresentam diversos desafios, tais como: escassa qualificação de professores sobre o assunto e o tempo limitado para a abordagem do conteúdo em sala de aula. Neste contexto, desvela-se a necessidade de problematizar sobre a segurança do paciente, com vistas a sensibilizar os professores e os futuros profissionais para atuarem com responsabilidade na prevenção de incidentes e eventos adversos. Objetivo: Conhecer os saberes que os acadêmicos de enfermagem apresentam sobre as ações de segurança do paciente durante o processo de cuidado. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, desenvolvida em uma universidade pública do Sul do Brasil, que possui o curso de graduação em enfermagem. Participaram da pesquisa 60 acadêmicos de enfermagem. Os critérios de inclusão foram: estar regularmente matriculado no curso e já ter iniciado as atividades teórico-práticas. Quanto aos critérios de exclusão: ser menor de 18 anos de idade e estar afastado das atividades letivas no momento da coleta de dados. A coleta de dados ocorreu durante os meses de abril e maio de 2019, por meio da aplicação de um questionário estruturado com perguntas relacionadas a percepção e atitudes envolvendo a segurança do paciente, além de dados demográficos. A aplicação do questionário foi realizada em vários momentos acordados previamente com a coordenação do curso e com o professor que estava em atividade com os acadêmicos. De modo a preservar o anonimato dos participantes, a organização dos dados foi realizada por meio da atribuição de um codinome numérico a cada questionário. Em seguida, os dados demográficos foram digitados em uma planilha do programa Microsoft Excel®, que foi a base para o processo de análise destes dados. As respostas discursivas foram transcritas para um documento do Microsoft Word®. Quanto a análise e apresentação dos dados, foi utilizado o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), pois o fenômeno investigado representa os saberes de uma entidade coletiva (os acadêmicos), a qual são opinantes na forma de um sujeito de discurso emitido no singular. Os aspectos éticos foram seguidos conforme as Resoluções 466/2012 e 510/2016, e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, CAAE 02894618.4.0000.5564. Resultados e Discussão: Participaram da pesquisa 60 acadêmicos, sendo que 55 (92%) eram do sexo feminino e cinco (8%) eram do sexo masculino. A faixa etária variou dos 18 aos 46 anos, sendo que a maioria dos participantes possuíam idade inferior a 25 anos. Quanto as fases do curso, observou-se que 20 (33,3%) eram da quinta fase, 20 (33,3%) da sétima fase e 20 (33,3%) da nona fase. Além disso, identificou-se que 52 (87%) dos entrevistados não reprovaram durante a graduação. Com base na interpretação dos discursos individuais, estes foram agrupados em três grandes temas significativos e apresentados de forma coletiva, a saber: vivenciando o conceito; praticando o conceito; e refletindo sobre o conceito. Os participantes da pesquisa demonstraram associar a segurança do paciente ao Código de Ética da Enfermagem quando citaram a responsabilidade de não causar danos por imperícia, negligência e imprudência. Quando o profissional executa alguma ação da qual não tem conhecimento e habilidade, estará aumentando o risco de danos associados ao cuidado, por isso, cabe ao profissional assegurar ao indivíduo o direito de ter uma assistência segura.3 Ainda, identificam a importância de os profissionais apresentarem uma postura ética e desenvolverem um cuidado humanizado frente às questões de saúde da população. A empatia e a humanização necessitam fazer parte do cotidiano e das ações de enfermagem, com o objetivo de garantir uma assistência qualificada.4 Os acadêmicos evidenciaram que o compartilhamento de informações os deixam seguros de seus atos e conscientes de que também estão promovendo a segurança do paciente. A comunicação, é uma ferramenta essencial, utilizada no processo de trabalho dos profissionais da área da saúde e também é conhecida como uma meta internacional de segurança do paciente. Desta forma, evidenciou-se que participantes da pesquisa trazem à tona as metas internacionais de segurança do paciente quando interrogados sobre quais ações poderiam ser consideradas por eles para promover tal segurança, enfatizando a utilização dos protocolos relacionados. Ainda, apontaram sobre a participação dos docentes para a construção da segurança do paciente, como definidores no processo de incentivo e guia das ações voltadas ao tema. Assim, torna-se evidente que os docentes necessitam possuir conhecimentos e atitudes que contribuam com a segurança, a fim de conduzir a abordagem sobre o assunto com os estudantes.1 Outro fator apontado pelos acadêmicos foi a relevância das práticas no laboratório para exercitar as técnicas/procedimentos, oportunizando a vivência das situações estudadas em sala de aula por meio do uso de simuladores, da orientação dos docentes e monitores e da execução de procedimentos que os prepara para os desafios e exigências da profissão em campos práticos. Desta forma, as práticas no laboratório contribuem para que os estudantes tenham iniciativa e autonomia nas tomadas de decisões, disciplina, responsabilidade, postura profissional, atuação em equipe, domínio do conteúdo e técnicas desenvolvidas, além de conceber um amadurecimento profissional.5 Durante o período de formação acadêmica, os sentimentos estão aflorados devido ao descobrimento do novo, à preocupação com a vida profissional que está por vir e os fatores de estresse que isso gera. Por isso, é importante compreender o entendimento dos estudantes sobre a segurança do paciente, tornando possível a identificação das dificuldades para buscar superá-las e também das potencialidades, para que essas continuem a serem desenvolvidas e aplicadas para promover a qualificação do cuidado prestado, a fim de se concretizar o processo de implantação da segurança do paciente de forma natural. Considerações finais: A pesquisa apontou que os acadêmicos compreendem o seu conceito de segurança do paciente ao vivenciá-lo, praticá-lo e refleti-lo durante o processo de cuidar, porém, ainda existe lacunas quanto a discussão sobre o tema no decorrer da formação. Assim, destaca-se que na vivência do conceito mostraram que é necessária uma postura ética, ter empatia e estar atento a singularidades dos sujeitos que cuidam. No tema praticando o conceito foi evidenciado a importância das práticas realizadas no laboratório para maior segurança antes da inserção nos serviços de saúde. Enquanto no tema refletindo sobre o conceito, demonstraram a necessidade de pensar sobre as ações antes da sua concretização.

Publicado

21-04-2024