Educação em Saúde para usuários do monitoramento da COVID – 19
Um relato de Experiência
Palavras-chave:
Educação em saúde; Infecções por Coronavírus; Estudantes de enfermagem; Tele monitoramento; Atenção Primária à Saúde.Resumo
Introdução: A pandemia de COVID-19 acarretou em um grande impacto sanitário, econômico e social em todos os países do mundo1. Os primeiros casos de COVID-19 no Brasil foram registrados em fevereiro e, em Chapecó, Santa Catarina, no dia 20 de março de 2020. O manejo clínico da Síndrome Gripal (SG) na Atenção Primária à Saúde (APS) difere frente a gravidade dos casos. Para casos leves, inclui medidas de suporte e conforto, isolamento domiciliar e monitoramento até alta do isolamento. Para casos graves, inclui a estabilização clínica, o encaminhamento e transporte a centros de referência ou serviço de urgência/emergência ou hospitalares. A APS deve assumir papel resolutivo frente aos casos leves, de identificação precoce, encaminhamento rápido e correto dos casos graves, mantendo a coordenação do cuidado destes últimos. A estratificação de intensidade da SG é a ferramenta primordial para definir a conduta correta para cada caso. Dada a letalidade muito mais elevada da COVID-19 entre os idosos (pessoas com 60 anos ou mais), deve-se priorizá-los para atendimento. Além deles, pessoas com doença crônica, gestantes e puérperas devem ter atendimento priorizado. Como uma estratégia no enfrentamento da COVID-19, o Ministério da Saúde criou o TeleSUS, um serviço de atendimento pré-clínico de saúde, que visa amplo esclarecimento da população sobre a doença e quando procurar atendimento presencial. Tem o papel de favorecer o isolamento domiciliar da população potencialmente contaminada ou do grupo de risco, afim de evitar ao máximo o esgotamento dos serviços presenciais de saúde. Neste contexto, a equipe envolvida no monitoramento necessita atuar constantemente na educação em saúde dos usuários. O Ministério da Saúde (MS) define educação em saúde como o: “Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população [...]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades”2. Esse processo educativo reflete diretamente no empoderamento da população e na melhoria da qualidade de vida, através da oferta de informações baseadas em evidências. Observa-se que alguns fatores influenciam a resposta dos indivíduos às práticas de educação em saúde, podendo em algumas situações causar conflitos e divergências nos saberes e nas práticas de saúde. Assim, a compreensão sobre a visão de mundo dos indivíduos, as crenças, os aspectos sociais, familiares e culturais podem representar um grande desafio para os profissionais que estão diretamente envolvidos no enfrentamento à pandemia pelo SARS-CoV-2, seja nas práticas de cuidado, de vigilância, no planejamento e na gestão em saúde3. Objetivo: Relatar as estratégias de educação em saúde utilizadas por acadêmicas de enfermagem no monitoramento de casos suspeitos e confirmados de COVID-19. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, descritivo, vivenciado por acadêmicas da 10ª fase, na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado II (ECS II), do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). No intuito de auxiliar a Secretaria Municipal de Saúde de Chapecó, no dia 15 de junho acadêmicos e docentes da 10ª fase iniciaram o monitoramento de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 de três Centros de Saúde da Família (CSF), ampliando e fortalecendo a rede de saúde pública do município. A atividade de monitoramento, ainda em vigência, acontece nas dependências do prédio do Departamento de Enfermagem da UDESC, onde foram disponibilizados computadores e telefones celulares pela própria Universidade para a realização do contato com os pacientes. São compartilhados com os CSF e a equipe da UDESC relatórios diários sobre os pacientes monitorados por meio de planilhas e contato telefônico. Tem-se em média 100 pacientes em monitoramento. Como o monitoramento ainda está em vigor, usa-se o Protocolo de Manejo de Casos de COVID-19 na Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. Considera-se que os pacientes suspeitos e/ou confirmados necessitam realizar isolamento domiciliar, por um período de, no mínimo, 14 dias, sendo imprescindível para a evitar a transmissão comunitária de forma desordenada. Durante esse período os casos são tele monitorados a cada 24h e/ou 48h, levando em consideração o quadro clínico relatado pelo paciente. Resultados: O tele monitoramento visa a identificação precoce de possíveis complicações, verificação e reforço do cumprimento das medidas de isolamento domiciliar, investigação da necessidade de reavaliação médica presencial, mas, principalmente, visa a educação em saúde aos usuários. São atendidos por dia uma média de 40 à 50 pacientes, entre ligações e conversas via WhatsApp, nos quais focamos em seus sinais e sintomas apresentados para que então possamos fazer o encaminhamento correto. Nosso principal foco é em orientar e educar quanto aos cuidados consigo e com as demais pessoas de seu convívio social (familiares, colegas de trabalho e a população em geral). As orientações baseiam-se nas utilizadas pelo MS, como: a importância de ingesta hídrica, alimentação balanceada e repouso adequado. Se o paciente segue em isolamento domiciliar, as orientações são quanto a importância da manutenção do mesmo, bem como os cuidados que necessitasse ter em casa (higienização das mãos e objetos, uso de máscara, evitar compartilhar objetos com domiciliares, higienização do domicílio, distanciamento dos domiciliares, não receber visitas e não sair de casa, exceto para emergências). Mas se o paciente recebe alta do tele monitoramento as orientações seguem para as medidas de prevenção comunitária à COVID-19 (higienização das mãos e objetos, uso de máscara, distanciamento social e etiqueta respiratória). Há também a orientação para a ligação no CSF ou Serviço de Triagem Médica de Chapecó, se o paciente e/ou contactantes venham a apresentar e/ou piorar os sintomas presentes. E para maior fixação das orientações, está sendo disponibilizado aos pacientes via WhatsApp e/ou e-mail um folder elaborado pela 10ª fase contendo informações para prevenção da COVID-19. Os pacientes mostraram-se satisfeitos e entenderam a importância do monitoramento. Assim, podemos ressaltar que na equipe, é o enfermeiro quem comanda e realiza os cuidados de enfermagem com maior técnica, demandando maiores conhecimentos científicos e a tomada de decisão imediata. Nesse sentido, as competências do enfermeiro e de toda equipe de enfermagem se destaca, na aplicação de protocolos estabelecidos pelo MS relacionados à pandemia. Destaca-se a atuação dos enfermeiros na divulgação de informações seguras e relevantes a fim de avaliar os casos, bem como colaborar com as medidas de vigilância e controle epidemiológico através da notificação. Considerações finais: O monitoramento contribui e auxilia a Secretaria Municipal de Saúde no enfrentamento à COVID-19, possibilitando através desta parceria o aprendizado dos acadêmicos de Enfermagem e o desenvolvimento de habilidades comunicacionais e estratégias educativas, em um contexto de distanciamento social, o que contribuiu com o acesso e reforço orientações comunitárias de prevenção à transmissão. Neste sentido, percebemos que nós quanto acadêmicos de enfermagem estamos desenvolvendo habilidades e competências para o efetivo exercício da profissão, que, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), objetiva o perfil alvo de enfermeiro generalista, crítico e reflexivo, com competências técnico-científicas, ético-políticas e socioeducativas. Assim, pode-se evidenciar também que o paciente se sente mais seguro e confiante com o apoio oferecido, além de mostrar responsabilidade social com este trabalho.
Descritores: Educação em saúde; Infecções por Coronavírus; Estudantes de enfermagem; Telemonitoramento; Atenção Primária à Saúde.
Eixo temático: Ensino (abrange trabalhos que relatam experiências ou práticas no ensino, incluindo atividades teóricas em disciplinas/componentes curriculares, teórico-práticas, estágios e monitorias).
Financiamento: Não se aplica.
REFERÊNCIAS
- Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde. Câmara de Regulação do Trabalho em Saúde. Brasília: MS; 2006.
- Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde, versão 9. Brasília; Maio de 2020.
- Palácio MA, Takenami I. Em tempos de pandemia pela COVID-19: o desafio para a educação em saúde. VD [Internet]. 28abr.2020 [citado 28 julho. 2020];8(2):10-5. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/1530
