APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE TELEMONITORAMENTO DE CASOS DE COVID-19 POR ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM

Autores

  • Drielli Carolina Piva UDESC
  • Ana Luisa Streck Universidade do estado de Santa Catarina UDESC
  • Ana Paula Bee
  • Clarissa Bohrer da Silva Universidade do estado de Santa Catarina UDESC
  • Letícia de Lima Trindade
  • Marta Kolhs

Palavras-chave:

Epidemias; Infecções por coronavírus; Telemonitoramento; Enfermagem; Atenção primária à saúde.

Resumo

Introdução: a COVID-19, por ser uma doença transmitida facilmente via sistema respiratório e com velocidade de propagação elevada, trouxe desafios no que se refere a adaptação dos avanços tecnológicos para manutenção do distanciamento social, principalmente, na reorganização de rotinas, relações sociais e prestação de serviços. Em virtude da ausência de tratamento medicamentoso eficaz ao vírus e a prevenção à infecção ser pautada basicamente no distanciamento social, houve também a necessidade de adaptação na relação entre profissionais de saúde e usuários, o que resultou nos teleatendimentos.1 Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) no Protocolo de Manejo Clínico da COVID-192 organiza o fluxo de atendimento tendo como porta de entrada a Atenção Primária à Saúde (APS), coordenadora da atenção, para estruturação da avaliação dos casos de síndrome gripal, de forma a evitar procura desnecessária pelos serviços de urgência, especialmente hospitalares, e estruturar uma estratificação de casos de acordo com a gravidade, indicando a prevenção da transmissão comunitária via telemonitoramento. Dessa forma, é preconizado que todos os pacientes suspeitos e confirmados à COVID-19 devem ser monitorados pela APS para fins de acompanhamento e evolução do quadro clínico.2 Objetivo: relatar a realização do telemonitoramento de casos de COVID-19 por acadêmicas de enfermagem com base no Protocolo do Ministério da Saúde. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, descritivo, vivenciado durante os meses de junho e julho de 2020, por acadêmicos do 10º período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), durante o Estágio Curricular Supervisionado II (ECS II). Diante do cenário de pandemia, e com o intuito de adequar as atividades acadêmicas junto às demandas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Chapecó, ocorreu um acordo de cooperação entre a UDESC e a SMS, por meio da elaboração de um plano de trabalho para a ampliação do monitoramento de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 de três Centros de Saúde da Família (CSF) do município. A equipe de trabalho foi composta por 14 acadêmicos e três docentes do ECS II. O monitoramento ocorre em uma sala ampla da própria Universidade, atentando às medidas sanitárias exigidas no período (higienização dos sapatos, mãos e objetos, uso de máscara e distanciamento social). Foram disponibilizados seis celulares e seis computadores da UDESC para realizar o contato telefônico e/ou via WhatsApp com os usuários e para acessar a planilha do Microsoft Excel, em armazenamento em nuvem, que é alimentada pelos CSF com os casos que pertencem ao seu território. Os acadêmicos foram divididos em três grupos (de acordo com a unidade de saúde) e escalados em até 6 pessoas diariamente para monitorar os casos de segunda à sexta-feira, no turno vespertino, das 13 às 18 horas, totalizando cinco horas diárias. O registro do monitoramento é realizado na planilha da unidade de saúde e no prontuário eletrônico do paciente acessado via sistema web. Tem-se uma média de 100 casos monitorados pela UDESC. O monitoramento é supervisionado pelas docentes enfermeiras e compartilhado diariamente com as enfermeiras coordenadoras dos CSF, que exercem uma supervisão indireta. Resultados e Discussão: o telemonitoramento compõe o Protocolo de Manejo Clínico de COVID-19 na APS do MS, no qual consta que casos leves de infecção devem seguir medidas de suporte e conforto, isolamento domiciliar e monitoramento até a alta do isolamento, visando a identificação precoce de possível agravamento de sintomas, verificação e reforço do cumprimento das medidas de isolamento domiciliar, investigação da necessidade de reavaliação médica presencial e educação em saúde aos usuários e seus contactantes.2 É preconizado para ocorrer periodicamente, preferencialmente por telefone, com usuários da APS, em um período mínimo de 14 dias de início dos sintomas, no qual o paciente deve manter-se em isolamento domiciliar, até a remissão completa dos sintomas há 72 horas.2 Destaca-se que o teleatendimento foi normatizado pela Resolução Nº 634/2020 do Conselho Federal de Enfermagem, sendo permitida a teleconsulta de enfermagem como forma de combate à pandemia.3 A frequência do contato de monitoramento é preconizada: a cada 24h para pacientes pertencentes aos grupos de risco, que inclui idosos, pacientes com comorbidades (Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, obesidade, entre outras), gestantes de alto risco e pacientes imunodeprimidos; a cada 48h pacientes sem fatores de risco. Em Chapecó, foi estruturada uma planilha com os dados dos casos monitorados sendo registrado cada contato com o paciente para fins de controle, além do registro no prontuário eletrônico. A cada contato de monitoramento, tem-se um roteiro pré-elaborado pela equipe para conduzir o atendimento e obter informações acerca do quadro clínico do paciente e seus contactantes domiciliares, com ênfase ao agravamento dos sintomas, como episódios febris, dispneia, fadiga extrema, sintomas gastrointestinais intensos. Destaca-se que os acadêmicos participaram de um curso sobre a COVID-19 ofertado pela UDESC para fins de reconhecimento da doença e também de um treinamento ofertado pela SMS para uso dos sistemas de informação do município. Além dos sintomas, são investigados os medicamentos em uso, cumprimento do isolamento domiciliar com afastamento das atividades laborais, e ainda é informado o resultado do exame quando disponível. As condutas são determinadas a partir do caso, sendo reforçadas as medidas de isolamento social ou de prevenção à transmissão comunitária (em casos de alta do monitoramento) e orientado o paciente acerca da doença e exames. No protocolo, os acadêmicos de enfermagem atentam-se a identificação precoce de agravamento do quadro clínico e as demandas em saúde dos usuários para determinação da necessidade de reavaliação presencial na unidade básica ou encaminhamento aos serviços de urgência. Também é realizada escuta ativa do paciente considerando o seu contexto social e psicológico, sendo ofertado/acionado o serviço de atendimento psicológico e/ou social, quando necessário. Como critérios de alta do monitoramento tem-se: pacientes com resultado positivo, que cumpriram o período mínimo de isolamento domiciliar e estão assintomáticos há 72 horas; pacientes com resultado negativo, são liberados se assintomáticos ou sintomas leves.  Em casos de persistência dos sintomas e/ou sintomas moderados/graves são encaminhados para reavaliação nos serviços de referência. A normativa do MS2 acerca do acompanhamento dos casos indica a importância do registro dos teleatendimentos em prontuário e a busca ativa dos casos na comunidade visando a prevenção da transmissão, ambos colocados em prática pelos acadêmicos de enfermagem da UDESC junto às respectivas unidades de saúde, desde o início do acompanhamento até a alta do paciente no monitoramento. Os casos seguem o protocolo descrito e são discutidos com as professoras, possibilitando maior aprendizado e a resolução de dúvidas sobre o telemonitoramento e a coordenação do cuidado.4 Considerações finais: O telemonitoramento realizado pela 10ª fase do curso de enfermagem em Chapecó constitui uma ferramenta importante no controle da disseminação da COVID-19 devido ao seu protocolo de acompanhamento da evolução dos casos visando o distanciamento social e a procura segura pelos serviços de saúde, mas também por instituir estratégias educativas de prevenção comunitária junto aos usuários. A utilização do protocolo de atendimento proporcionou aos acadêmicos noções clínicas de manejo à COVID-19, implementação de ferramentas de gestão, planejamento estratégico e condutas terapêuticas, de forma a contribuir para a formação acadêmica considerando o período atípico vivenciado. Destaca-se a importância do avanço das fronteiras do cuidado tecnológico em enfermagem, no qual destaca-se o emprego de novas tecnologias e formas de suprir a demanda da população quanto a suas condições de saúde.

 

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Publicado

22-04-2024