SATISFAÇÃO NO TRABALHO DE PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE COVID 19 NO INTERIOR DO PARANÁ
Resumo
SATISFAÇÃO NO TRABALHO DE PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE COVID 19 NO INTERIOR DO PARANÁ
Introdução: Além da proteção e amparo que caracterizam o ato de assistir da equipe de enfermagem, a atividade dos profissionais exige que eles sejam capazes de se adaptar as situações de trabalho muitas vezes adversas ao bem estar psicológico.1 Os trabalhadores da área da saúde ocupam uma das profissões com maior nível de estresse, podendo gerar inúmeros sintomas físicos, psíquicos e cognitivos por requerer respostas adaptativas prolongadas, para tolerar, superar ou se adaptar a agentes estressores que podem afetar o indivíduo e as organizações.2 No ambiente hospitalar, os trabalhadores estão expostos a uma série de riscos ocupacionais decorrentes de fatores físicos, químicos e biológicos. Na rotina dos profissionais de saúde verificam-se jornadas exaustivas e ininterruptas de plantões, sobrecarga de tarefas, além da convivência com dor e sofrimento alheio, tornando-os mais propenso a doenças relacionadas ao trabalho.3 O ambiente laboral do profissional de saúde apresenta diferenciações, de acordo com o processo de trabalho executado, podendo ocasionar processos potencializadores de desgastes, devido as situações de saúde-doença vivenciados pelos profissionais, interferindo diretamente na qualidade de vida no trabalho.4 A satisfação no trabalho tem se apresentado como um conceito chave dentro das pesquisas de qualidade de vida no trabalho e em pesquisas da área de saúde em todo o mundo. Alguns estudos têm indicado a importância da mensuração da satisfação profissional e sugerido a associação da mesma com melhor qualidade de vida.5 Objetivo: Investigar a satisfação no trabalho de profissionais de enfermagem de uma unidade de internação específica para atendimento aos indivíduos acometidos pela COVID 19. Metodologia: Estudo quantitativo, descritivo, transversal, desenvolvido em Unidade de cuidados aos pacientes com sinais de infecção pelo COVID 19 de um hospital universitário público no interior do Paraná, Brasil, que conta com capacidade operacional de 239 leitos ativos exclusivamente ao Sistema Único de Saúde. Por sua vez, a Unidade COVID 19 possui 20 leitos para atendimento de paciente em unidade de internação clínica e 10 leitos em unidade de cuidado intensivo. O estudo abrangeu todos os profissionais da equipe de enfermagem de nível superior, técnico e médio, que atuam na Unidade COVID 19, independente do turno de trabalho. Os funcionários convidados a participar do estudo foram 31 profissionais, destes sendo, 14 enfermeiros, 16 técnicos de enfermagem e 1 auxiliar de enfermagem. A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e maio de 2020, por meio de formulário eletrônico, encaminhado para o email dos participantes, onde puderam realizar o aceite, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE). Aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa (CAAE 84505918.6.0000.0107, Parecer nº 2.588.565) em 09 de abril de 2018. Todas as normativas da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) foram seguidas. Foi utilizado um formulário para caracterização sociodemográfica e laboral dos participantes, com três questões norteadoras para avaliar a percepção da satisfação no trabalho da equipe de enfermagem. Tal instrumento de caracterização sociodemográfica e laboral foi construído para este estudo, constando dados como: idade, sexo, estado civil, escolaridade, profissão, ano em que se formou, tempo de serviço na profissão atual, tempo de serviço no hospital em questão, turno de trabalho, carga horária semanal, forma de contrato de trabalho, outros vínculos empregatícios, tempo de serviço na unidade em que trabalha e uma questão com atribuição de um valor de zero a dez sobre qual a importância do trabalho para cada profissional. As três questões norteadoras para avaliação da percepção da satisfação no trabalho foram: “Quão satisfeito você está com o seu trabalho?”; “Como você avalia a sua qualidade de vida no trabalho?”; “Você julga o seu trabalho cansativo e exaustivo?”. Os dados coletados foram compilados em planilhas do Microsoft® EXCEL 2010 e, posteriormente, processados e analisados no programa Statistical Package for the Social Sciencies (SPSS) versão 23.0. Resultados: Participaram do estudo 31 profissionais, sendo 14 (45,1%) enfermeiros, 16 (51,7%) técnicos em enfermagem e 1 (3,2%) auxiliar de enfermagem. Estes são subdivididos em 5 equipes, distribuídas no período da manhã, tarde, noite 1, noite 2 e noite 3. Dentre os 31 participantes, 23 (74,2%) eram do gênero feminino, 8 (25,8%) do gênero masculino, com idade variando de 25 a 47 anos. Destes 17 (54,8%) eram solteiros, 10 (32,3%) casados, 3 (9,6%) divorciado e 1 (3,3%) em união estável. O tempo de atuação na área de enfermagem variou de 40 dias a 26 anos; 5 (16,2%) possuíam outro vínculo empregatício, 26 (83,8%) trabalhavam somente na unidade em questão. O tempo de serviço dos participantes no hospital em questão variou de 5 dias a 20 anos de profissão. Com relação à satisfação do profissional com o trabalho, o índice de satisfação variou de 5 a 10, onde 3 (9,6%) dos profissionais pontuaram 5 e 12 (38,7) pontuaram 9, sendo que a pontuação 0 indica nada satisfeito e 10 muito satisfeito; 23 (74,2%) avaliaram sua qualidade de vida no trabalho como boa, 4 (12,9%) como ruim, 3 (9,7%) nem ruim nem boa e 1 (3.2%) muito boa; 16 (51,6%) dos profissionais julgaram o seu trabalho muito cansativo e exaustivo, 8 (25,8) completamente exaustivo, 4 (12,9%) médio, 2 (6,5%) muito pouco e 1 (3,2%) nada cansativo e exaustivo. Considerações finais: A análise dos resultados demonstra que esses profissionais encontram-se realizados quando avaliado a satisfação com o trabalho, no entanto, observa-se que boa parte considera o seu trabalho cansativo e exaustivo. Espera-se, que esse estudo, possibilite um maior esclarecimento e reflexão para os profissionais de saúde de como esta a sua qualidade de vida e sua satisfação profissional, contribuindo para promoção e manutenção da saúde dos profissionais de enfermagem e na qualidade da assistência prestada.
Descritores: Equipe de enfermagem; Satisfação no emprego; Satisfação pessoal; Pandemia.
Eixo temático: Pesquisa
Referências:
- Silva RP, Barbosa SC, Silva SS, Patricio DF. Burnout e estratégias de enfrentamento em profissionais de enfermagem.Arq Bras de Psicol. Rio de Janeiro, 2015; 67(1): 130-145.
Schmidt DRC, Paladini M, Biato C, Pais JD, Oliveira AR. Qualidade de vido no trabalho e burnout em trabalhadores de enfermagem de unidade de terapia intensiva. Rev Brasileira de Enfermagem. 2013; 1(66): 13-7.
