ANÁLISE DO ACOLHIMENTO DOS USUÁRIOS DA DEMANDA ESPONTÂNEA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Palavras-chave:
Atenção Básica; Acolhimento; Classificação da demanda.Resumo
Introdução: A Atenção Básica (AB) caracteriza-se por um conjunto de ações que envolvem promoção a saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção à saúde, sendo referência como porta de entrada do Sistema Único de Saúde¹. Para isso, é essencial que ela se norteie pelos princípios da universalidade, a equidade e a integralidade¹. O acesso a AB, ocorre basicamente de duas formas: por demanda programada, através dos agendamentos realizados pelos usuários, ou por meio da demanda espontânea, quando os usuários procuram a unidade de saúde, sem agendamento prévio em busca de atendimento ao serviço². Os déficits no cuidado no âmbito da AB podem ocasionar utilização do serviço de pronto-atendimento de forma indevida, ocasionando saturação do serviço e filas de espera. Objetivo: Analisar a dinâmica de acolhimento a usuários não previamente agendados na unidade de saúde da família. Metodologia: Estudo descritivo, de abordagem qualitativa, cujo cenário é a uma Unidade de Saúde da Família em Vitória/ES, que conta com 6 equipes e possui aproximadamente 14 mil habitantes cadastrados. A coleta de dados se deu por meio da técnica de observação não participante, a qual contabilizou 40h, realizadas em fevereiro de 2020. Utilizou-se a ferramenta de diário de campo para descrição dos fatos ocorridos, observando o acolhimento a demanda espontânea cotidianamente. A fim de complementar os achados da observação, foram feitas entrevistas com auxiliares de enfermagem que atuam na avaliação inicial. Todo material foi submetido a análise de conteúdo proposta por Bardin4. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo e aprovado (CAAE 24834019.8.0000.5060) no dia 11 de fevereiro de 2020, respeitando Resolução nº 466/12 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde. Resultados e Discussão: Quatro categorias emergiram da análise dos dados: a primeira retrata o fluxo de atendimento aos usuários que procuram a unidade com demandas espontâneas. Os mesmos são chamados e ouvidos pelos auxiliares de enfermagem que fazem a primeira escuta. Para isso, utilizam o protocolo de acolhimento5 para realizar o encaminhamento, tendo como alternativas somente o atendimento do médico ou do enfermeiro; a segunda categoria mostra as formas com que ocorre o acolhimento, os profissionais envolvidos neste processo e os desafios enfrentados. Já a terceira categoria aponta as vulnerabilidades de infraestrutura da unidade de saúde e da sala da avaliação inicial, a qual recebe os usuários de demanda espontânea realizando sua primeira escuta, as quais impactam diretamente no bom atendimento e na privacidade deste acolhimento, a quarta e última categoria, aponta as questões multifacetadas de violência presentes no acolhimento aos usuários da demanda espontânea. Considerações finais: A desatualização do protocolo de acolhimento do município, as indefinições em relação ao fluxo, os problemas estruturais e a necessidade de capacitação dos profissionais são alguns dos desafios enfrentados no atendimento a demanda espontânea desta unidade, o que se faz necessário a implementação de medidas que melhorem a qualidade do serviço e seja mais resolutivo face as necessidades da população.
Eixo temático: Eixo 3 – Pesquisa.
Financiamento: Não se aplica.
Referências:
- STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre a necessidade de saúde, serviços e tecnologias. Brasília: UNESCO, 2002.
- Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed.; 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
- FALKEMBACH, E. M. F. Diário de campo: um instrumento de reflexão. In: Contexto e educação. Ijuí, RS Vol. 2, n. 7, p. 19-24. Julho/Setembro de 1987.
- BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Ed. São Paulo: Edições 70, 2011.
- PREFEITURA DE VITÓRIA. Acolhimento e avaliação inicial nas unidades de saúde. Vitória: Secretaria de Saúde, 2004. 89p.