ANÁLISE DOS FATORES RELACIONADOS À PREVALÊNCIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL NA REGIÃO NORDESTE
Palavras-chave:
Indicadores Sociais; Leishmaniose Visceral; Urbanização.Resumo
Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é causada por protozoários do gênero leishmania, transmitida por mosquitos da espécie flebotomíneo (conhecidos como mosquito-palha). Após picarem animais vertebrados como o cachorro, as fêmeas contaminadas pelo parasita infectam o ser humano através da picada, completando assim o ciclo de transmissão. A doença apresenta grande prevalência mundial e aumento da incidência no Brasil, a região Nordeste possui um dos maiores índices de casos registrados, contudo ainda carece de políticas de saúde voltadas ao controle e prevenção. Objetivo: Analisar os fatores de risco para o aumento da LV nos estados do Nordeste, identificando condições favoráveis à prevalência da infecção. Metodologia: A pesquisa trata-se de uma revisão de literatura, com fundamentação teórica em artigos referentes ao tema, publicados entre os anos de 2014 e 2019 e disponíveis nas bases de dados da National Library of Medicine (PubMed), Literatura Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Mediante abordagem qualitativa, buscou-se revisar aspectos associados ao desenvolvimento da LV nos estados nordestinos. Foram utilizados como forma complementar, dados obtidos pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) referente aos números de casos registrados de LV nos estados que compõe a região no período de 2016 a 2018. Por tratar-se de dados de domínio público disponíveis no DATASUS, a pesquisa dispensa a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, entretanto resguarda os princípios éticos descritos pelo Conselho Nacional de Saúde, na Resolução 466/12. Resultados: A literatura aborda que o surgimento dos casos de LV no Brasil estão inteiramente relacionados aos fatores ambientais e socioeconômicos. Dentre os fatores ambientais é apontado a intensa exploração ambiental e urbanização, ocasionando a destruição do habitat natural dos flebotomíneos, que consequentemente adentram as zonas urbanas para realizarem o repasto sanguíneo, necessário ao seu desenvolvimento. Os aspectos socioeconômicos representam o principal fator relacionado ao aumento dos casos de LV na região Nordeste, que sofre com a negligência da patologia. A região apresenta o maior índice de pobreza no Brasil, (com 43,5% conforme estatísticas do IBGE em 2017); expondo uma realidade caracterizada pelo baixo acesso da população ao saneamento básico, serviços de saúde e irregularidades quanto ao manejo dos resíduos sólidos, contribuindo para a proliferação do mosquito. Os registros obtidos pelo DATASUS apontam que houve aumento houve aumento de casos em todos estados nordestinos no período analisado, destacando os estados de Alagoas (77%), Pernambuco (41%) e Paraíba (31%). Os agravos a saúde desencadeados pela doença envolvem o acometimento de órgãos como baço, fígado e pulmões. Considerações finais: Torna-se perceptível que a prevalência da LV na região nordestina reflete as desigualdades no acesso aos serviços de saúde e das condições socioeconômicas, nota-se a necessidade da ampliação das políticas públicas voltadas ao controle da doença e implementação de projetos voltados ao gerenciamento de resíduos como estratégia para redução da proliferação dos flebotomíneos, auxiliando na geração de renda. Cabe aos profissionais de saúde o incentivo às práticas informativas sobre a LV, abrangendo toda população.
